Para ter uma ideia do tamanho do rombo da empresa, considere o último balanço publicado:
Marquei cinco contas que serão afetadas pelas demonstrações contábeis da empresa.
1 – Imobilizado – Como parte do imobilizado foi construída pagando-se uma comissão para as empreiteiras. Estes valores deveriam ser registrados no resultado. Assim, parte do imobilizado de 559 bilhões deverá ser levado a resultado. A estimativa deste montante varia de 3 bilhões até 10 bilhões. Este último montante é próximo a 3% de 559 bilhões, sendo 3% a comissão que seria paga, segundo denúncia apurada pela justiça brasileira.
2 – Estoques – O valor dos estoques chega a 37 bilhões. Em empresas onde os controles são falhos, existe uma grande chance disto também ter afetado os estoques da empresa. Ao mesmo tempo, o preço do petróleo no mercado mundial está em queda; aplicando a regra “custo ou mercado” isto deverá provocar uma redução neste valor. Este é um valor difícil de estimar.
3 – Caixa e Equivalentes – Com 58 bilhões em caixa no final do semestre, a empresa parece nadar em dinheiro. Mas um processo como este tem seu preço: os clientes e fornecedores ficam arredios, as transações ficam mais caras, a falta de acesso ao mercado financeiro irá corroer parte deste ativo. Notícias divulgadas ontem indicam que este caixa deverá ser suficiente para seis meses de operação da empresa, sem o acesso ao mercado financeiro. Ou 10 bilhões por mês. Redução deste recurso significa menos receita financeira. Com uma Selic acima de 10% ao ano, 6 bilhões seria uma conta conservadora.
4 – Financiamentos – Empresas com problemas significa aumento de risco e aumento na taxa de financiamentos. Isto tem duas consequências. Em primeiro lugar, aumento na despesa financeira. Como a empresa possui dívidas de 300 bilhões de reais, um aumento de 1% na taxa de juros representa 3 bilhões. Em segundo lugar, e não menos importante, o aumento na taxa terá que aumentar seu passivo a valor justo. Isto poderá gerar um reflexo sobre o resultado (vide página 81 do ITR do segundo trimestre de 2014). Mas observe que também existe o ajuste a valor presente de parte do ativo, que compensa este item.
5 – Despesas – O lava-jato é caro, gera despesas. Somente a contratação de duas empresas para ajudar na apuração dos problemas isto significou 20 milhões de reais. Some a isto os anúncios publicados nos jornais, a necessidade de divulgar boas notícias na imprensa, a criação de uma área de compliance (anunciada ontem) e a necessidade de contratar assessorias, os atrasos nas obras, etc. Este é um ponto difícil de ser estimado.
A soma ficaria em 20 bilhões de reais. Existem alguns itens difíceis de serem estimados, como o efeito do ajuste a valor presente (que depende da taxa de risco futuro da empresa).
Ótimo texto!
ResponderExcluirOs aspectos econômicos dos eventos não produzem, necessariamente, um problema contábil, mas de fato é um desastre.
Texto terrorista...boa parte do que esta aqui sao mera hipoteses
ResponderExcluirCaro Anônimo,
Excluira previsão do professor césar tibúrcio é a mesma do banco Morgan Stanley:
Perda da Petrobras pode chegar a R$ 21 bi, diz Morgan Stanley
O banco americano fez suas estimativas com base na declaração de Paulo Roberto da Costa de que as propinas representaram 3% do que foi investido pela empresa nos últimos anos.
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/perda-da-petrobras-pode-chegar-a-r-21-bi-diz-morgan