O dilema do prisioneiro é um problema clássico da teoria dos jogos. Em resumo o problema é o seguinte: dois larápios são presos e separados para o interrogatório. A eles são dadas duas alternativas: confessar ou não. Se nenhum dos dois confessarem, eles pegaram uma pena leve, digamos um ano de reclusão. Se um dos prisioneiros confessar e o outro não, aquele que contribuiu com a justiça verá “o sol nascer quadrado” por dois anos, enquanto seu parceiro ficará dez anos preso. Finalmente, se os dois confessarem serão cinco anos para cada.
O dilema é: qual a melhor estratégia? Se você é um dos prisioneiros e acredita seu parceiro de crime será um dedo duro, a opção é denunciar; mas se você acredita que ele não irá denunciar, a melhor opção é ficar calado. Mas a questão é que você não “combinou” com seu parceiro o que fazer. Vale a pena arriscar?
A situação atual dos executivos envolvidos na operação lava-jato parece com a situação do dilema do prisioneiro. Com uma pequena diferença: já se sabe que alguns executivos estão confessando. O que provocou isto, já que no passado os corruptores geralmente não abriam a boca. Três aspectos podem ajudar a entender a situação. Em primeiro lugar, a nova lei contra a corrupção pune pesadamente o corruptor. O valor pode chegar a 20% do faturamento e isto é muito dinheiro. O segundo ponto é que a empresa prejudicada com a corrupção tem ações negociadas na bolsa no exterior. Neste caso, isto significa que acionistas minoritários destes mercados foram prejudicados. E eles podem não ficar quietos. Além disto, o julgamento não ficará restrito a justiça brasileira. O terceiro aspecto é a política, que incentivou o interesse por este escândalo e sua divulgação por parte da imprensa. Além disto, diante dos holofotes, os investigadores sentiram prestigiados em fazer seu trabalho. Finalmente, é inegável o beneficio do julgamento do mensalão, onde empresários foram e continuam presos, enquanto os políticos já se safaram, parcialmente.
Como o “outro” prisioneiro denunciou, a estratégia pode ser confessar também, para reduzir a pena. Isto explica o grande número de executivos interessados em ajudar nas investigações.
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