Quando um pesquisador vai fazer uma pesquisa, como ele
escolhe o seu colaborador? Esta decisão não está baseada somente na competência
do cientista, mas em variáveis que aproximam das escolhas que fazemos na nossa
vida diária. Geralmente fazemos amizades com pessoas que possuem algum tipo de
afinidade conosco. Esta afinidade inclui idade, gênero, time de futebol, origem
e muitas outras variáveis. Uma dessas variáveis é a etnia.
Para demonstrar que isto ocorre na ciência, Wei Huang, da
Universidade de Harvard, estudou mais de 2,5 milhões de artigos científicos
escritos entre 1985 a 2008. Destes artigos, Huang utilizou somente aqueles que
tinham mais de um autor. Usando um software que conseguia separar os nomes
conforme sua procedência, Huang verificou se a etnia exercia alguma influencia
nas “escolhas” acadêmicas. O leitor irá perceber que Huang é um nome de origem
oriental, mais especificamente chinesa. O software indicava que Silva era de
etnia portuguesa, Escobar espanhola e assim por diante.
Huang encontrou que os pesquisadores chineses tendem a fazer
pesquisa com outros pesquisadores chineses. Ou seja, a etnia tem um papel muito
forte na escolha do colaborador numa pesquisa acadêmica. Assim, um autor tende
a escolher um pesquisador que possua características que lhe são próximas, o
que denominamos de hemofilia.
O resultado da pesquisa de Huang é mais interessante quando
ele analisa o impacto do periódico onde a pesquisa é publicada. Artigos
escritos entre pesquisadores da mesma origem tendem a ser publicados em periódicos de menor
fator de impacto. Outra descoberta importante de Huang é que os pesquisadores
que previamente eram pouco produtivos tendiam a escrever artigos com pessoas da
mesma etnia.
Leia Mais: HUANG, Wei. Collaborating with People Like Me.
Iza Discussion Paper 8432, agu 2014.
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