A Demonstração do Lucro Abrangente foi criada para resolver um impasse na contabilidade: o que deve passar pela demonstração do resultado do exercício? De um lado, alguns defendem que certos eventos não deveriam transitar pela DRE, indo direto para o patrimônio líquido. É o caso das variações nas reservas de reavaliações. O principal argumento é que estes eventos não representam a essência do resultado da empresa. Por outro lado, uma corrente de pensadores contábeis afirma que tudo deveria passar pela Demonstração do Resultado. A possibilidade de isto não acontecer enfraquece esta demonstração. Quem está com a razão? Em lugar de fazer uma escolha, os reguladores optaram por uma decisão salomônica: publiquem-se as duas. A DLA é a segunda opção.
Na prática isto faz diferença? Para a maioria das empresas não. Ao analisar a DRE e a DLA você irá notar pouca diferença, quando existir. Mas existem exceções. Veja, a seguir, o caso da Petrobrás:
O lucro trimestral foi de 4,9 bilhões de reais. O resultado abrangente foi maior em mais de 1 bilhão em razão dos resultados com a proteção (hedge) do fluxo de caixa.
O que deve ser usado? É uma questão de gosto. Em geral utiliza-se a DRE até por inércia. Mas ao analisar uma demonstração contábil temos uma regra básica: o usuário é o rei. Ele que determina o que deve ser considerado. Se usar a DRE provavelmente estará com a maioria dos usuários. Mas optando pela DLA talvez tenha argumentos teóricos mais sólidos.
Curso de Contabilidade Básica - Editora Atlas - César Augusto Tibúrcio
Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues (prelo)
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