Em cada tipo de empresa existirá aquela conta que será
relevante ser analisada. Numa instituição financeira esta conta é a “provisão”
relacionada com os empréstimos de foram concedidos, a famosa “provisão para
devedores duvidosos” (um leitor chamou a atenção, no passado, que o termo “provisão”
não seria correto; apesar disto, o termo adquiriu tal força que é usado) ou
PDD.
A PDD é relevante numa instituição financeira por dois
motivos. Em primeiro lugar, como o seu principal negócio é usar o dinheiro
depositado pelos correntistas para fazer empréstimos, ganhando com os juros, a
PDD diz respeito ao risco desta operação. Se o PDD aumenta é um sinal de que a
instituição financeira fez empréstimos ruins, sujeitos ao não recebimento. Em
segundo lugar, a PDD tem um papel importante no “gerenciamento do resultado”.
Quando o resultado cai, a instituição pode reduzir a PDD e com isto compensar o
resultado ruim; quando o lucro melhora, a PDD pode ser elevada.
Quando uma instituição financeira apresenta seu resultado,
os números do PDD são observados de perto, seja para verificar se está fazendo
um bom trabalho ou se está ocorrendo algum tipo de gerenciamento de resultado.
Vamos olhar o caso do Bic Banco e seu resultado do segundo trimestre de 2014.
Eis o texto do Bic sobre a Provisão:
O que o texto está afirmando é que o banco foi mais “conservador”
na provisão. Ou seja, aumentou o valor da provisão e consequentemente reduziu o
resultado. A tabela a seguir mostra que isto é realmente verdadeiro:
A PDD no trimestre foi de 615 milhões de reais, versus 433
do trimestre anterior. Foi o maior valor dos últimos trimestres. Realmente o
Bic foi conservador com a sua PDD. Mas a carteira D-H atingiu o maior valor nos
últimos trimestres; esta carteira é composta por clientes com maior nível de
risco. Mas os devedores com parcelas vencidas são menores que no trimestre
anterior, o que é mais um sinal de que o banco foi conservador na PDD. Em termos
percentuais, a PDD estava em torno de 4%; no último trimestre subiu para 5,8%.
Parte desta provisão mais alta decorre do aumento da carteira D-H, de maior
risco, de 8 a 9% para 12,2%.
Curso de Contabilidade Básica - Editora Atlas - César Augusto Tibúrcio
Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues (prelo)
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