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12 agosto 2014

Curso de Contabilidade Básica: Curto x Longo Prazo

Quando uma empresa divulga os resultados é muito comum à comparação com o período anterior. Assim, busca verificar se o endividamento aumentou, se o lucro reduziu, se a geração de caixa das operações ainda é positiva, entre outros aspectos. Este tipo de análise possui uma grande limitação: observa somente um período, sem verificar se ocorreu uma mudança no longo prazo. Enquanto a comparação com o período anterior é um olhar no curto prazo, analisar mais de um período pode ser muito mais útil já que mostra as tendências estruturais de longo prazo.

Vamos usar as informações da Petrobrás, que recentemente divulgou os resultados do primeiro semestre. A imprensa focou muito a evolução deste período em relação ao semestre do ano anterior. Nossa análise aqui é verificar se ocorreram algumas mudanças no longo prazo.

Considere em primeiro lugar a Margem Líquida da empresa. Este índice é resultado da divisão do lucro líquido pela receita líquida. De 2008 a 2014 a margem líquida da Petrobras apresentou uma grande variação, de valores acima de 20% até valores negativos. Mas quando se analisa os valores no longo prazo é perceptível que o padrão da margem líquida mudou para pior: nos dias atuais a margem líquida está em torno de 7%. Mas se a análise for realizada no curto prazo somente, a margem líquida variou pouco: foi em torno de 6% no segundo trimestre de 2014 e 8% no período passado. (No gráfico, a linha azul mostra a evolução real; a linha preta foi traçada para mostrar a tendência do índice)

Vamos observar agora o volume de caixa e equivalentes da empresa. Em 2008 a Petrobras tinha um pouco mais de 10 bilhões neste item; agora o valor ultrapassa a cinquenta bilhões. O gráfico a seguir mostra que ocorreu uma tendência de crescimento neste item num primeiro momento, depois o valor do caixa e equivalentes estabilizou entre 30 e 40 bilhões de reais e nos últimos trimestres mudou de patamar. Bom? Depende se a empresa souber usar estes recursos. Mas será que podemos dizer que a Petrobras está mais líquida?



O gráfico a seguir mostra a relação de caixa e equivalentes em relação ao ativo total. Ou seja, é a participação dos elementos mais líquidos sobre o ativo da empresa. Apesar de a empresa ter cada vez mais “dinheiro”, em termos percentuais esta tendência não está clara no longo prazo.

Finalmente, o último gráfico analisa o endividamento. Para isto utilizei somente as dívidas de empréstimos e financiamentos e comparei com o total do ativo. No último balanço a empresa manteve o valor praticamente constante em relação ao primeiro trimestre de 2014. Ou seja, não ocorreu um aumento no endividamento. Mas a figura mostra outra imagem no longo prazo: o endividamento está aumentando no longo prazo.

Os exemplos apresentados aqui mostram que o usuário da informação contábil deve ter muito cuidado ao fazer a análise. Uma análise de tendência pode ser muito útil por mostrar a evolução no longo prazo.

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