Eis uma reportagem estranha (Contabilidade vai para o software, Valor Econômico, 21 de agosto de 2014, Tatiane Bortolozi)
Para contornar a burocracia, a contabilidade das empresas está migrando para o software.
Tive que ler duas vezes. Há uma mistura de assuntos aqui. Na frase se afirma que a contabilidade das empresas é burocrática (no decorrer do texto parece indicar que não é bem isto), que a solução é “software” e que isto está ocorrendo agora. Historicamente a contabilidade sempre esteve associado a automação (ou seja, software, que é um pedaço deste processo; mas iremos perceber a razão do uso deste termo aqui mais adiante). Processo não é de agora.
A facilidade de comunicação contribui para melhorar a eficiência do trabalho de um mercado com mais de 500 mil profissionais no país, de nível superior e técnico, segundo o Conselho Federal de Contabilidade.
Novamente confuso. Qual a relação com o parágrafo anterior? Nenhuma, apesar de serem frases do mesmo parágrafo. Aqui se afirma que a melhor comunicação melhora a eficiência do trabalho do profissional de contabilidade.
A burocracia dos processos contábeis é um grande problema, mas cria um amplo mercado potencial, diz Antoine Colaco, sócio da Valor Capital Group, fundo de venture capital com sede em Nova York que investe em empresas iniciantes brasileiras.
Continuo achando confuso. O processo contábil não é burocrático, mas o ambiente legal. O processo contábil está baseado no evento, registro pelo método das partidas dobradas e encerramento de resultado.
“O grande negócio é olhar quanto tempo os contadores ganham e a economia que isso gera. Com a comunicação mais fácil, as companhias poderão poupar muito tempo.”
Insistem na comunicação mais fácil. E que isto irá reduzir o tempo na atividade contábil.
As empresas brasileiras perdem 108 dias por ano com burocracia e impostos, segundo pesquisa divulgada pelo Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Estado de São Paulo (Sescon-SP) em julho.
Aqui o tema muda novamente. Fala-se do tempo com a papelada, ou a burocracia da empresa (não dos processos contábeis)
“Um dos motivos para a alta mortalidade das novas empresas no Brasil é a falta de controle de fluxo de caixa”, diz Anderson Thees, sócio-fundador da Redpoint e.ventures, empresa com US$ 130 milhões em investimentos em empresas de tecnologia.
Outra mudança de rumo. Agora é sobre a mortalidade das empresas e o fluxo de caixa.
“Sem a ajuda de um software ou de ferramentas de tecnologia, o acesso a informações de clientes pode demorar semanas, senão meses”, diz Frederico Fernandes, sócio da L.A. Contab, um escritório de contabilidade no Rio de Janeiro com 48 funcionários. “Algumas vezes, o cliente não consegue entender quais informações deve disponibilizar; em outras, o contador tem dificuldade ao explicar quais documentos são necessários.”
Acredito que este problema sempre existirá. É um problema de comunicação. A presença de software e tecnologia não resolve isto.
A Redpoint e a Valor Capital Group são fundos de investimento em participação focados em empresas iniciantes (startups) com um relevante potencial de crescimento futuro. Juntos, apoiaram a startup Nibo, que lançou há uma semana uma plataforma de informações integradas de fluxo de caixa para ser acessada por contadores e pequenas e médias empresas. O software, que dá nome à companhia, permite a unificação dos formatos de arquivos contábeis e seu compartilhamento entre as duas partes.
Agora eu entendi o texto. O objetivo é informa que o Nibo resolve seus problemas. Mas é jornalismo? Volte para as primeiras frases do texto e compreenderá a razão. Para finalizar:
O Nibo estima aumentar com a nova plataforma a eficiência dos processos de contabilidade para empresas em, ao menos, dez vezes, diz o fundador e presidente Gabriel Gaspar. “Quando o produto alcança o contador, ele tem o interesse de expandir para outros clientes”, afirma Gaspar, que espera passar dos atuais 50 mil para 300 mil clientes até o fim do ano.
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