Na metade da semana o governo resolveu dar à Petrobras áreas do pré-sal sem licitação, recebendo em troca de 15 bilhões de reais, sendo dois bilhões este ano.
Do lado do governo, a medida foi vista como uma forma de tentar cumprir o superávit fiscal em 2014, que foi obviamente negado.
O lado da empresa despertou mais atenção. Em primeiro lugar, tudo leva a crer que nem toda empresa, inclusive o Conselho de Administração, tiveram acesso a informação antes de ser uma realidade. A empresa informa que terá condições de pagar estes novos ativos com dinheiro próprio. Segundo, a bolsa reagiu negativamente no dia seguinte ao anúncio, fazendo a empresa perder 13 bilhões. Isto é um sinal de que o negócio não seria bom para a empresa e que novamente a Petrobras seria usada como instrumento da política econômica. Para “desmentir” isto, políticos ligados ao governo, incluindo um ex-presidente, desprezaram o mercado, ao mesmo tempo que divulgou um estudo mostrando que foi vantajoso para Petrobrás. Em terceiro lugar, como a empresa trocou ativos de longo prazo por dinheiro, que tem dificuldades de obter, começam a falar da capitalização. Mas quem teria coragem de comprar ações da empresa? Fundos de pensão, talvez.
Em quarto lugar, pouco se falou de alguns aspectos legais importantes: (a) a falta de licitação na concessão das áreas vai contra o bom-senso; (b) a atuação da União como controladora e contra os interesses do investidor minoritário.
Afinal, se foi um bom negócio para o governo, isto prejudicou os minoritários da Petrobrás; e se foi um bom negócio para a empresa, prejudicou os donos antigos das áreas.
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