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09 junho 2014

Curso de Contabilidade Básica: Quando não entendemos a lógica

Quando aprendemos contabilidade básica são comuns exemplos simples. A vida real é muito complicada, já que uma empresa possui muitas transações. Ao observarmos uma demonstração contábil lidamos com situações que nem sempre conseguimos “explicar”. Isto é bastante comum para o usuário externo.
Vamos mostrar isto com a empresa de logística Vix e seu balanço de 31 de dezembro de 2013. Reproduzimos e destacamos o lado direito do balanço consolidado:

 Veja a conta de “empréstimos e financiamentos”. No curto prazo a empresa dobrou este valor; no longo prazo ocorreu um crescimento perto de 40 milhões de reais (os valores estão em milhares de reais). Se o leitor tiver a curiosidade de somar os itens destacados temos que no final de 2012 o valor de empréstimos e financiamentos, de curto e longo prazo, era de R$475 milhões de reais; um ano depois, o montante chegou a R$593 milhões, um aumento de R$117 milhões, aproximadamente.

Usando novamente dados consolidados, apresentamos para o leitor a demonstração do resultado da mesma empresa:

Como estamos tratando de empréstimos e financiamentos, destacamos uma despesa relacionada com este item do passivo: as despesas financeiras. Observe que ocorreu um aumento, de 57 milhões de reais para 65 milhões.

Continuamos. Agora iremos reproduzir um trecho da demonstração dos fluxos de caixa. Mais especificamente a parte relacionada com os empréstimos. (Para fins didáticos, só reproduzimos um trecho desta demonstração):

Em 2013 a empresa captou 56 milhões de empréstimos e pagou 81 milhões. Ou seja, em termos líquidos, a empresa reduziu seus empréstimos em 25 milhões de reais. Mas pelas contas que fizemos anteriormente ocorreu um aumento de 117 milhões nos empréstimos. O que poderia explicar esta diferença? Uma possível explicação recebe o nome de despesas financeiras. Mas este item foi de 65 milhões. Outra resposta são outros tipos de variações que não influenciam no caixa. Uma destas mudanças são as variações cambiais. Destacamos estas variações na figura acima: 40 milhões (o valor é um pouco diferente já que estão contemplado também os juros. Outro destaque é o fato de que estas variações já estão somadas nas despesas financeiras, conforme a nota explicativa).


Fica o desafio para o leitor tentar uma explicação adicional. Quem se arrisca?

Um comentário:

  1. Arrisco dizer que pode ser o tal do "caixa virtual". No balanço a linha é "empréstimos e financiamentos". Quando há financiamento para aquisição de bens e serviços, geralmente, o dinheiro não entra fisicamente no caixa da entidade. Pelas regras atuais do IFRS e do USGAAP, essa entrada "virtual" de dinheiro não aparece na DFC. No entanto, aparecerá no passivo e posteriormente como pagamentos dentro das atividades de financiamento.

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