Quando aprendemos contabilidade básica são comuns exemplos
simples. A vida real é muito complicada, já que uma empresa possui muitas
transações. Ao observarmos uma demonstração contábil lidamos com situações que
nem sempre conseguimos “explicar”. Isto é bastante comum para o usuário
externo.
Vamos mostrar isto com a empresa de logística Vix e seu balanço de 31 de dezembro de 2013. Reproduzimos e destacamos o lado
direito do balanço consolidado:
Veja a conta de “empréstimos e financiamentos”. No curto prazo a empresa dobrou este valor; no longo prazo ocorreu um crescimento perto de 40 milhões de reais (os valores estão em milhares de reais). Se o leitor tiver a curiosidade de somar os itens destacados temos que no final de 2012 o valor de empréstimos e financiamentos, de curto e longo prazo, era de R$475 milhões de reais; um ano depois, o montante chegou a R$593 milhões, um aumento de R$117 milhões, aproximadamente.
Usando novamente dados consolidados, apresentamos para o
leitor a demonstração do resultado da mesma empresa:
Como estamos tratando de empréstimos e financiamentos,
destacamos uma despesa relacionada com este item do passivo: as despesas
financeiras. Observe que ocorreu um aumento, de 57 milhões de reais para 65
milhões.
Continuamos. Agora iremos reproduzir um trecho da
demonstração dos fluxos de caixa. Mais especificamente a parte relacionada com
os empréstimos. (Para fins didáticos, só reproduzimos um trecho desta
demonstração):
Em 2013 a empresa captou 56 milhões de empréstimos e pagou
81 milhões. Ou seja, em termos líquidos, a empresa reduziu seus empréstimos em
25 milhões de reais. Mas pelas contas que fizemos anteriormente ocorreu um
aumento de 117 milhões nos empréstimos. O que poderia explicar esta diferença?
Uma possível explicação recebe o nome de despesas financeiras. Mas este item
foi de 65 milhões. Outra resposta são outros tipos de variações que não
influenciam no caixa. Uma destas mudanças são as variações cambiais. Destacamos
estas variações na figura acima: 40 milhões (o valor é um pouco diferente já
que estão contemplado também os juros. Outro destaque é o fato de que estas variações
já estão somadas nas despesas financeiras, conforme a nota explicativa).
Fica o desafio para o leitor tentar uma explicação
adicional. Quem se arrisca?
Curso de Contabilidade Básica - Editora Atlas - César Augusto Tibúrcio
Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues (prelo)
Arrisco dizer que pode ser o tal do "caixa virtual". No balanço a linha é "empréstimos e financiamentos". Quando há financiamento para aquisição de bens e serviços, geralmente, o dinheiro não entra fisicamente no caixa da entidade. Pelas regras atuais do IFRS e do USGAAP, essa entrada "virtual" de dinheiro não aparece na DFC. No entanto, aparecerá no passivo e posteriormente como pagamentos dentro das atividades de financiamento.
ResponderExcluir