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20 junho 2014

Brasil para "mãos de vaca"

Se você vai a Nova Iorque e nunca leu "Nova Iorque para mãos de vaca", recomendo. É um ótimo guia local, que virou moda e agora podemos encontrar similares de diversos países. Enquanto não sai um do Brasil, os turistas "dão um jeitinho".


Por Walter Brandimarte

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Centenas de torcedores com pouco dinheiro encontraram uma maneira mais barata de acompanhar a Copa do Mundo no Rio de Janeiro, uma das cidades mais caras do Brasil – acampar na praia de Copacabana.

A maioria viajou milhares de quilômetros vinda de outros países sul-americanos para apoiar suas seleções, evitando voos caros e os preços notoriamente altos dos hotéis do Rio.

O maior contingente de torcedores acampados na praia é de argentinos, mas colombianos, chilenos e equatorianos também são vistos estacionando carros antigos, trailers e até pequenos ônibus transformados em dormitórios ao longo da Avenida Atlântica.

“Vamos ficar aqui até a Argentina vencer a Copa. E certamente mais alguns dias depois disso”, afirmou Emmanuel Estrada, de 29 anos, que trabalha como encanador em Buenos Aires. Ele e o amigo Damián Pérez, de 32 anos, passaram quatro dias dirigindo da capital argentina a São Paulo para a estreia do Mundial na quinta-feira passada, e de lá seguiram ao Rio para a primeira partida de sua seleção.

Ambos são parte de um grupo de 50 a 60 argentinos que conduziram ônibus capengas e peruas a Copacabana durante o último final de semana. O Rio sedia a final do torneio no dia 13 de julho.

O planejamento da viagem começou anos atrás, mas viajar barato era a única opção para lidar com os preços estratosféricos do Brasil e a moeda fraca da Argentina, que perdeu cerca de 20 por cento de seu valor só este ano.

“Nosso dinheiro não vale nada aqui”, reclamou Pérez sobre o Rio, onde um quarto para duas pessoas em um hotel mediano chega a custar 700 dólares durante a Copa.

SEM PROBLEMAS

Embora sua presença tenha incomodado alguns moradores, muitos brasileiros os receberam bem. Ele também não foram molestados pela polícia, disseram vários campistas.

Normalmente não é permitido acampar nas praias centrais do Rio, e os carros devem pagar para estacionar na maior parte da cidade, mas até agora as autoridades fizeram vista grossa à presença dos campistas da Copa.

Um policial militar posicionado perto do grupo argentino disse ser responsabilidade da guarda municipal do Rio agir, e um membro da guarda nas proximidades declarou que só interviria se os campistas causassem problemas.

Entretanto, turistas estrangeiros ficaram contentes de ver um policiamento ostensivo em Copacabana.

"Sentimo-nos seguros aqui," disse Fabián Álvarez, mecânico chileno que dirigiu mais de cinco mil quilômetros de Santiago a Cuiabá, onde viu a seleção do Chile derrotar a Austrália na sexta-feira, e depois ao Rio no dia seguinte.

Álvarez disse ter decidido dormir na van depois de procurar sem sucesso hotéis com preços acessíveis no Rio. Ele planeja gastar cerca de 1 milhão de pesos chilenos (1.790 dólares) durante a viagem, incluindo gasolina, alimentação e talvez mais um ingresso de jogo.

Como a maioria dos campistas, Álvarez afirmou que a excursão é exaustiva, mas que a faria de novo.

“Tudo vale a pena. É tão emocionante quando cantamos o hino no estádio. Fico todo arrepiado”.

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