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15 abril 2014

Otimismo e Fluxo de Caixa

Há muito os pesquisadores decidiram analisar as informações textuais que são apresentadas pelas empresas. E eles descobriram que por trás da linguagem e do conjunto de informações, existe uma mensagem escondida que pode escapar ao usuário da contabilidade.

Uma das informações que chamam a atenção dos pesquisadores é o Relatório de Administração (RA). Isto ocorre pelo fato desta informação ser apresentada pelas empresas sem nenhum padrão pré-definido. Ou seja, cada empresa faz o seu relatório, da forma que acha mais conveniente. Por ter esta liberdade, o RA tem mostrado muitas vezes algo que o gestor não diz claramente no seu texto.

Tivemos diversas pesquisas sobre este assunto já realizadas no Brasil. O número não é expressivo já que este tipo de investigação exige muito mais trabalho do cientista, seja na coleta dos dados ou no seu tratamento. Em algumas delas foram produzidas na Universidade de Brasília, no programa Multi de contabilidade. Os resultados destas pesquisas mostram que o RA fornece algumas informações realmente relevantes sobre a empresa. E que seu texto é bastante otimista da situação real das empresas. (Por este motivo, costumo dizer que se você estiver deprimido, o melhor remédio é ler um RA. Resolve logo seu problema.)

Uma pesquisa recentemente publicada concentrou-se nas empresas que foram premiadas pela Anefac e Fipecafi. Ou seja, são empresas com elevadas práticas de evidenciação das informações contábeis. Seria de esperar que seus RAs fossem isentos. Entretanto, das dez empresas analisadas, todas apresentaram um texto otimista. Os autores foram além: classificaram o otimismo em diferentes níveis. E fizeram uma comparação com os índices obtidos da DFC. O resultado mostrou a princípio pouca correlação.

Numa segunda etapa, os autores classificaram as empresas segundo seu desempenho dos índices e calcularam a correlação de Spearman. Esta pequena mudança na metodologia mostrou que as empresas com pior desempenho são as mais otimistas do grupo. Ou seja, exageram na dose.

Leia mais em:
BACHMANN, Ramon; TONIN, Joyce; COLAUTO, Romualdo; SCHERER, Luciano. Reflexos do desempenho financeiro nas boas notícias. Revista Contemporânea de Contabilidade. UFSC, v. 11, n. 22, p. 49-72, jan/abr 2014

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