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08 abril 2014

O que podemos aprender com o Ipea?

A recente discussão relacionada com a pesquisa divulgada do Ipea permite chamar atenção para alguns erros usuais que um pesquisador comete.

Em primeiro lugar, é necessário sempre rever os dados. Tudo leva a crer que o erro decorreu de uma troca numa planilha Excel, que levou ao exagero das respostas. É sempre bom verificar novamente os passos que fizemos antes de chegar à tabela final. Se for o caso, fazer um levantamento em outra planilha (ou até mesmo manual) nunca é demais.

Segundo, a pesquisa tinha um sério viés amostral. Do universo pesquisado, de mais de 3 mil pessoas, dois terços eram do sexo feminino. Para o tipo de pergunta, a amostra era claramente enviesada. Muitas vezes fazemos pesquisa com a amostra que temos disponível, como uma turma de sala de aula, mas para um instituto com recurso, a distorção na amostra é muito condenável.

Terceiro, a pergunta muito defeituosa, que induzia a resposta. “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” é uma frase muito mal construída. O termo “atacada” possui mais de um significado e induz a uma resposta.

Quarto, se você não tem intimidade com números, evite-os. Ou contrate alguém para ajuda-lo ou peça ajuda a alguém. O mesmo é válido para construção de um questionário ou de uma planilha de dados. Ou faça outro tipo de pesquisa. Ou estude, até adquirir intimidade com os números.


Quinto, assim que desconfiar do erro, imediatamente procure a retratação. O período entre a divulgação da pesquisa e o reconhecimento do erro foi muito grande, o que lança dúvida sobre a capacidade da instituição de fazer uma verificação nos dados de uma pesquisa. 

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