A recente discussão relacionada com a pesquisa divulgada do
Ipea permite chamar atenção para alguns erros usuais que um pesquisador comete.
Em primeiro lugar, é necessário sempre rever os dados. Tudo
leva a crer que o erro decorreu de uma troca numa planilha Excel, que levou ao
exagero das respostas. É sempre bom verificar novamente os passos que fizemos
antes de chegar à tabela final. Se for o caso, fazer um levantamento em outra
planilha (ou até mesmo manual) nunca é demais.
Segundo, a pesquisa tinha um sério viés amostral. Do
universo pesquisado, de mais de 3 mil pessoas, dois terços eram do sexo
feminino. Para o tipo de pergunta, a amostra era claramente enviesada. Muitas vezes
fazemos pesquisa com a amostra que temos disponível, como uma turma de sala de
aula, mas para um instituto com recurso, a distorção na amostra é muito
condenável.
Terceiro, a pergunta muito defeituosa, que induzia a
resposta. “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” é
uma frase muito mal construída. O termo “atacada” possui mais de um significado
e induz a uma resposta.
Quarto, se você não tem intimidade com números, evite-os. Ou
contrate alguém para ajuda-lo ou peça ajuda a alguém. O mesmo é válido para
construção de um questionário ou de uma planilha de dados. Ou faça outro tipo
de pesquisa. Ou estude, até adquirir intimidade com os números.
Quinto, assim que desconfiar do erro, imediatamente procure
a retratação. O período entre a divulgação da pesquisa e o reconhecimento do
erro foi muito grande, o que lança dúvida sobre a capacidade da instituição de
fazer uma verificação nos dados de uma pesquisa.
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