Em 2006 a entidade responsável pelas normas contábeis
internacionais, Iasb, lançou um projeto em conjunto com a entidade que elabora
as normas dos Estados Unidos, o Fasb, para o leasing. Atualmente as normas, segundo ambas as entidades, classificam
estas operações em dois tipos: o leasing que efetivamente é um aluguel e o
leasing que corresponde a uma compra disfarçada.
A abordagem atual apresenta uma série de defeitos. Talvez a
mais importante seja o fato de deixar fora do balanço patrimonial da entidade
que faz o contrato de leasing o ativo. Como os contratos são muitas vezes
feitos com a finalidade de esconder o ativo da arrendadora, as normas
existentes terminam por deixar fora do balanço estas operações. Outro problema
é que para estabelecer a separação entre os dois tipos de leasing existem
alguns testes que devem ser feitos pela entidade.
A proposta de estudar o assunto decorre justamente das
falhas das normas atuais. Em 2010 as duas entidades chegaram a um consenso e
fizeram uma minuta. Entretanto, o resultado não agradou e uma nova rodada de
estudos foi realizada, culminando com a divulgação de uma proposta no ano
passado.
O que difere a nova
proposta da situação atual? Basicamente a proposta atual olha as
características do contrato; já a proposta de 2013 deixa de lado o documento
assinado entre a arrendadora e arrendatária e passa a considerar o ativo.
Conforme comentamos no primeiro parágrafo, temos atualmente dois tipos de
leasing. Pela discussão entre o Iasb e o Fasb os ativos seriam classificados
conforme a existência (ou não) de desgaste durante o contrato. O arrendamento
de um terreno, por exemplo, não “desgasta” este ativo; portanto, seria
contabilizado de uma forma. Já o arrendamento de uma maquia sofre este desgaste
e teria outra contabilização. O contrato não seria o assunto mais relevante
nesta história.
A proposta foi levada ao público através de um processo
chamado de audiência pública. O resultado não foi muito animador, já que o
volume de críticas foi muito elevado, indicando ser esta uma das propostas mais
impopulares já submetidas por estas duas entidades. As críticas foram as mais
diversas: elevada complexidade, redução da atratividade das operações de
arrendamento com efeitos sobre o setor, relação custo-benefício pouco atrativa,
entre outras.
Novidades. Nesta semana
as duas entidades estiveram reunidas para tentar fechar uma proposta única para
o assunto, após as críticas recebidas na audiência pública. Durante dois dias a
discussão mostrou que em algumas áreas ainda existem divergência. Basicamente o
Iasb é adepto de uma abordagem mais simples, com o reconhecimento de todas as
operações. Já o Fasb optou por uma abordagem dual, com o registro dependendo do
tipo de leasing. Para o Iasb, todas as operações de leasing seriam tratadas
como se ocorresse compra de direito de uso do ativo de maneira financiada.
Existem outras diferenças, como o tratamento aos pequenos
itens. Mas a posição do leasing é preocupante para quem desejaria a
convergência das normas internacionais, inclusive o mercado de capital mais
desenvolvido do mundo.
Para ler mais:
TYSIAC, Ken. Boards remain Split on lease expense
recognition. Journal of Accountancy , 19 de março de 2014.
KATZ, David. Lease accounting standard inches forward. CFOMagazine 20 de março de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário