A informação pró-forma não é muito comum no Brasil como em alguns países. Basicamente a gestão apresenta um número diferente, particularmente na demonstração do resultado, baseado na sua crença de que esta seria uma informação mais adequada para medir o desempenho da entidade.
Como os reguladores obrigam que as entidades sigam as normas contábeis, a pró-forma representa uma informação adicional. Durante a bolha da internet, a pró-forma foi muito usada, geralmente para mostrar a perspectiva futura de crescimento da entidade, sob a ótica da administração. As empresas tecnológicas geralmente possuem um longo período até a obtenção do lucro; além disto, são empresas onde o risco é elevado e as métricas tradicionais de lucro não “seriam” representativas do seu potencial. Os problemas de fraudes contábeis e abuso no uso da pró-forma fez com que os reguladores entendessem que esta seria uma informação manipulável, já que usualmente os números são mais favoráveis à empresa.
Recentemente o Twitter fez uso deste tipo de informação. Com um prejuízo de 134 milhões de dólares nos três primeiros trimestres de 2013, sob as normas contábeis, a empresa optou por também apresentar uma informação “não GAAP”, ou seja, pró-forma. Para isto, a empresa retirou as despesas com remuneração por ação, no valor de 79 milhões, e de amortização de intangível, de 11 milhões. Com isto, o prejuízo pró-forma foi de somente 44 milhões no período.
No Brasil já tivemos, por exemplo, a Gol fazendo uso da pró-forma, no cálculo do Ebitda. Esta horrorosa medida de desempenho tem sido usada por gestores que querem valorizar um “caixa”, em lugar do lucro operacional. O Ebitda retira do lucro algumas despesas, o que faz com que seu resultado seja geralmente otimista. Mas a Gol, mesmo com o Ebitda, não conseguiu um valor positivo. E resolveu criar seu próprio Ebitda, naturalmente mais favorável para a empresa.
Entretanto, o uso da pró-forma pode ter um efeito contrário. Segundo Ciesielski, o uso de métricas criativas em contabilidade pode ser um caminho para tornar-se ridículo.
Excelente explicação, a mais clara e objetiva que eu já li até hoje. Parabéns!
ResponderExcluirÓtimo. Nos tempos de hoje a administração das empresas sempre tenta enganar para aumentar o valor das ações em bolsa. Ninguém mais trabalha por empresas saudáveis a longo prazo.
ResponderExcluirExcelente texto César Tibúrcio voce teria mais algum material sobre este tema que possa me indicar?
ResponderExcluirPrezado Arthur, existem pesquisas acadêmicas sobre o assunto. são textos mais "áridos". A proposta do Iasb recente tenta "resolver" o assunto. Mas agora não consigo pensar em um texto específico.
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