No momento em que você lê este artigo, estarei chegando a Davos, na Suíça, onde participo de workshop com o Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, dentro do Fórum Econômico Mundial.
Mas, mais do que falar, vou ouvir e ouvir muito. Para quem tem a mente aberta e os ouvidos mais abertos ainda, Davos é o lugar.
Durante uma semana, numa pequenina estação de esqui da Suíça, o poder discute o mundo. E não é só o poder político ou o poder financeiro, mas o poder moral, o poder das ideias, o poder acadêmico, o poder da ciência, o poder da espiritualidade.
Existe algo importante no mundo que nós ainda não conseguimos implementar no Brasil -fazer com que a nossa academia, as nossas universidades, sejam ouvidas com a atenção que elas merecem e sejam parte atuante de nossa vida econômica e de nosso "establishment".
É tão fascinante ver jovens e velhos, artistas e bilionários, índios, lamas e "nerds", gente que fala línguas tão diferentes, se falando e se compreendendo. A presidente Dilma Rousseff e muitos de seus ministros estarão lá, o que é muito bom. Afinal, chefes de Estado de todo o mundo estarão presentes, inclusive praticamente todos os presidentes da América Latina. É muito oportuno que o Brasil também esteja lá para vender o seu peixe.
A quantidade de empresários brasileiros presentes também aumentou neste ano. É importante para nós que o mundo ouça, por exemplo, um Roberto Setubal falar. Isso valoriza o nosso país. A imprensa também prepara uma cobertura profunda do evento. E tudo isso vai inserindo o Brasil, com nossas forças e nossas mazelas, no grande palco internacional.
Nossos grandes concorrentes, como Índia, Rússia e México, por exemplo, estarão também presentes massivamente com todos os seus problemas, como corrupção, drogas, burocracia, problemas muito parecidos com os nossos. Mas estarão lá comunicando o que eles têm de força e o que eles têm de bom, discutindo e opinando sobre as grandes questões globais.
Davos ficou rotulado por alguns como encontro de direita e da elite desalmada do mundo, local do "rolezinho" do dinheiro. Isso é preconceito ou falta de informação. Davos é tudo. Davos é o lugar onde você pode ver Bill Gates, o fundador da Microsoft, subir ao palco e doar US$ 5 bilhões ou se surpreender ouvindo de maneira sublime um grupo de cientistas e financistas discutirem a felicidade.
Ao lado do TED Global (que neste ano será no Rio) e do South by Southwest, Davos é um dos principais "think tanks" do mundo, um lugar que me inspira, que me faz pensar, que me dá raiva, que me enche de esperança e me enche de medo. Mas nunca saio de lá o mesmo ou vazio.
Afinal, é alvissareiro ver como um ator do calibre de Matt Damon entende tanto sobre o problema de água. Ou ver mentes poderosas como Paul Polman, da Unilever, Eric Schmidt, do Google, Carlos Brito, da AB Inbev, Jamie Dimon, do JPMorgan, Indra Nooyi, da Pepsi, e Gary Cohn, do Goldman Sachs, discutindo não apenas a economia e os negócios mas a sustentabilidade e o futuro deste planeta superaquecido de mais de 7 bilhões de pessoas.
Além disso, Davos lhe dá a oportunidade única de se atualizar sobre o que está acontecendo na sua região e na sua indústria. No meu caso, ouvir os presidentes da América Latina, os principais executivos da nossa região e as grandes cabeças do meu setor, o setor de mídia e comunicação, como Sheryl Sandberg, do Facebook, Maurice Levy e John Wren, da Publicis Omnicon, e Sir Martin Sorrell, da WPP.
Enfim, é uma aula.
Muita gente, quando cresce, acha que já sabe tudo e que não precisa aprender mais nada. Num mundo mutante como este em que vivemos, não é assim. O nome do jogo deste século é aprender. Agora, a tradição é passada de filho para pai.
É por isso que, quando me perguntam se eu vou falar em Davos, eu respondo: não, eu vou ouvir.
Mas, mais do que falar, vou ouvir e ouvir muito. Para quem tem a mente aberta e os ouvidos mais abertos ainda, Davos é o lugar.
Durante uma semana, numa pequenina estação de esqui da Suíça, o poder discute o mundo. E não é só o poder político ou o poder financeiro, mas o poder moral, o poder das ideias, o poder acadêmico, o poder da ciência, o poder da espiritualidade.
Existe algo importante no mundo que nós ainda não conseguimos implementar no Brasil -fazer com que a nossa academia, as nossas universidades, sejam ouvidas com a atenção que elas merecem e sejam parte atuante de nossa vida econômica e de nosso "establishment".
É tão fascinante ver jovens e velhos, artistas e bilionários, índios, lamas e "nerds", gente que fala línguas tão diferentes, se falando e se compreendendo. A presidente Dilma Rousseff e muitos de seus ministros estarão lá, o que é muito bom. Afinal, chefes de Estado de todo o mundo estarão presentes, inclusive praticamente todos os presidentes da América Latina. É muito oportuno que o Brasil também esteja lá para vender o seu peixe.
A quantidade de empresários brasileiros presentes também aumentou neste ano. É importante para nós que o mundo ouça, por exemplo, um Roberto Setubal falar. Isso valoriza o nosso país. A imprensa também prepara uma cobertura profunda do evento. E tudo isso vai inserindo o Brasil, com nossas forças e nossas mazelas, no grande palco internacional.
Nossos grandes concorrentes, como Índia, Rússia e México, por exemplo, estarão também presentes massivamente com todos os seus problemas, como corrupção, drogas, burocracia, problemas muito parecidos com os nossos. Mas estarão lá comunicando o que eles têm de força e o que eles têm de bom, discutindo e opinando sobre as grandes questões globais.
Davos ficou rotulado por alguns como encontro de direita e da elite desalmada do mundo, local do "rolezinho" do dinheiro. Isso é preconceito ou falta de informação. Davos é tudo. Davos é o lugar onde você pode ver Bill Gates, o fundador da Microsoft, subir ao palco e doar US$ 5 bilhões ou se surpreender ouvindo de maneira sublime um grupo de cientistas e financistas discutirem a felicidade.
Ao lado do TED Global (que neste ano será no Rio) e do South by Southwest, Davos é um dos principais "think tanks" do mundo, um lugar que me inspira, que me faz pensar, que me dá raiva, que me enche de esperança e me enche de medo. Mas nunca saio de lá o mesmo ou vazio.
Afinal, é alvissareiro ver como um ator do calibre de Matt Damon entende tanto sobre o problema de água. Ou ver mentes poderosas como Paul Polman, da Unilever, Eric Schmidt, do Google, Carlos Brito, da AB Inbev, Jamie Dimon, do JPMorgan, Indra Nooyi, da Pepsi, e Gary Cohn, do Goldman Sachs, discutindo não apenas a economia e os negócios mas a sustentabilidade e o futuro deste planeta superaquecido de mais de 7 bilhões de pessoas.
Além disso, Davos lhe dá a oportunidade única de se atualizar sobre o que está acontecendo na sua região e na sua indústria. No meu caso, ouvir os presidentes da América Latina, os principais executivos da nossa região e as grandes cabeças do meu setor, o setor de mídia e comunicação, como Sheryl Sandberg, do Facebook, Maurice Levy e John Wren, da Publicis Omnicon, e Sir Martin Sorrell, da WPP.
Enfim, é uma aula.
Muita gente, quando cresce, acha que já sabe tudo e que não precisa aprender mais nada. Num mundo mutante como este em que vivemos, não é assim. O nome do jogo deste século é aprender. Agora, a tradição é passada de filho para pai.
É por isso que, quando me perguntam se eu vou falar em Davos, eu respondo: não, eu vou ouvir.
Nizan Guanaes publicitário baiano, é dono do maior grupo publicitário do país, o ABC. Escreve às terças-feiras, a cada duas semanas.
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