O governo brasileiro anunciou nesta semana a decisão de
comprar 36 aeronaves modelo Gripen NG. Com a decisão, o país irá pagar 4,5
bilhões de dólares por um equipamento que ainda não existe. Cada aeronave
deverá sair por 125 milhões e deverão ser entregues em 2023.
Estavam na disputa dois outros produtos: um concorrente
francês e outro da Boeing. Aparentemente a área técnica do governo tinha
recomendado o avião sueco, mas no governo passado um ministro fez lobby para o
avião francês, chegando a anunciar esta opção como sendo do próprio governo.
No que diz respeito à área pública, a escolha é coerente com
os critérios técnicos. É bem verdade que num determinado momento o governo atual
estava inclinado a escolher a Boeing, mas o escândalo de espionagem contou na
decisão. Isto é um ponto positivo, onde a análise técnica prevaleceu sobre a
avaliação política ou interesses pessoais.
A razão da escolha está vinculada a um conceito básico da
contabilidade de custos: a curva de aprendizagem. Em certos setores a curva de
aprendizagem é fundamental na mensuração dos custos de um produto. Quando uma
empresa produz as primeiras unidades, o valor do custo unitário é elevado. Com
o passar do tempo, a empresa “aprende” a melhor forma de produção, com impacto
na redução do unitário. Assim, uma empresa que produz cem unidades por mês irá “aprender”
mais rápido que uma empresa que fabrica dez unidades.
A empresa vencedora é proveniente de um país onde a força
aérea é reduzida. Isto faz com que o processo de aprendizagem seja mais lento.
Ao compartilhar a produção com um país como o Brasil, a Suécia poderá alcançar
um custo unitário mais rápido. Assim, para a Saab, a empresa vencedora, será
vantagem compartilhar os riscos da fabricação do modelo, sendo importante
aceitar as condições impostas no processo de escolha. E estas condições incluem
a transferência de tecnologia, algo que os outros dois concorrentes não estavam
dispostos a ceder.
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