Quando iniciei esta série de postagens sobre a história da
contabilidade, meu objetivo era fazer uma postagem para cada década. Os anos
mais recentes impediram de que isto fosse feito já que a quantidade de
acontecimentos aumentou substancialmente. Isto ocorreu também na década de 50.
Anteriormente tinha escrito sobre a reavaliação, o valor justo, a III
Conferência Interamericana de Contabilidade, o início da padronização (duas
postagens), a lei 1076 e a mecanização da contabilidade.
Existem diversos outros acontecimentos durantes os anos
cinquenta que merecem citação
Congressos
Científicos
Durante este período ocorreram diversos congressos. Em julho de 1950 realizou-se em Belo Horizonte
o V Congresso Brasileiro de Contabilidade, que pela primeira vez é realizado
fora do eixo Rio-São Paulo (1). Em 1952 realizou em São Paulo a primeira
Assembleia Nacional dos Contabilistas (2)
Quantidade de
profissionais
Segundo estimativas do Conselho Federal de Contabilidade,
existiam no Brasil no início dos anos cinquenta, 50 mil profissionais
registrados, sendo 19 mil no estado de São Paulo (3). Considerando que a
população brasileira era de 52 milhões de habitantes, a relação era de 1
profissional para cada mil habitantes.
Participação nos
lucros
Discute-se a possibilidade de premiar os trabalhadores
através da participação nos lucros. A discussão sobre este assunto inclui,
naturalmente, a criação de mecanismos para que o lucro reportado pelo
empregador reflita a realidade. Um dos projetos discutido neste período
determinava que o Conselho Nacional de Economia assumisse a responsabilidade
pela apuração dos lucros, incluindo a padronização de plano de contas e modelos
de apresentação dos balanços e conta de lucros e perdas (4). Estes projetos não
foram adiante.
Taxação dos lucros
excessivos
A apuração do lucro também foi objeto de discussão num
projeto de taxação dos lucros extraordinários. A Federação das Indústrias do
Rio de Janeiro chegou a afirmar que os lucros eram resultantes da inflação (5).
Criação das Academias
de Contabilidade
Instalaram-se as primeiras academias de contabilidade, com “elementos
representativos do meio profissional” da área. A academia paulista foi criada
no dia do contabilista, 24 de abril de 1952 (6).
Padronização de
documentos comerciais
Até esta década não existia uma grande preocupação com a padronização
de notas, faturas, duplicatas e outros documentos comerciais. Isto incluía
modelos diferentes em termos de forma e tamanho. Este assunto foi discutido e
estudado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas em conjunto com o
sindicato dos contabilistas (7).
Falecimento de
Francisco D´Auria
Se o início do século nós tivemos o predomínio da figura de
Carlos de Carvalho, metade do século XX a contabilidade brasileira teve a
presença de Francisco D´Auria. D´Auria participou dos congressos de
contabilidade, da discussão da padronização do setor público, da criação do
Conselho Federal, da cátedra do curso de graduação na Universidade de São Paulo,
dos congressos internacionais e dos cargos administrativos na área pública. Em
1958, com 74 anos, D´Auria faleceu na cidade de São Paulo (8).
(1) Vide, por exemplo, O Estado de S Paulo, 7 de julho de
1950, ed. 23052, p. 9
(2) O Estado de S Paulo, 24 de julho de 1952, ed 23680, p.
8.
(3) O Estado de S Paulo, 27 de novembro de 1951, ed. 23479,
p. 5.
(4) O Estado de S Paulo, 27 de novembro de 1951, ed. 23479,
p. 4. Vide também O Estado de S Paulo, 29 de agosto de 1952, ed 23711, p. 6, suplemento
comercial e industrial; O Estado de S Paulo, 30 de julho de 1955, ed 24611,p 8.
(5) O Estado de S Paulo, 30 de julho de 1955, ed. 24611, p.
32.
(6) O Estado de S Paulo, 24 de abril de 1952, ed 23603, p.
7.
(7) O Estado de S Paulo, 5 de setembro de 1953, ed 24025, p.
9; O Estado de S Paulo, 28 de agosto de 1953, ed 24018, p. 27.
(8) O Estado de S Paulo, 7 de fevereiro de 1958, ed 25389, p
24.
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