Depois de fazer uma descrição dos
três grupos de medidas, a proposta de alteração da estrutura conceitual do Iasb
dedica quinze páginas para discutir quando se deve utilizar cada uma das
medidas. Em alguns casos o Iasb é muito claro na sua recomendação. Em outros,
apesar de inicialmente recomendar um tipo de medida, o Iasb termina por deixar aberta
a possibilidade de outra escolha. E também existem situações onde não é
possível entender de maneira objetiva a opção da entidade reguladora.
Outro aspecto relevante é que na
determinação da escolha do grupo de medida, o Iasb utiliza de classificação que
não foram consideradas na discussão do ativo e passivo. Finalmente, a discussão
do Iasb restringe ao ativo e passivo, sendo que o patrimônio líquido e suas
variações, incluindo as receitas e as despesas, serão consideradas por consequência
da equação contábil básica.
Para associar cada situação a um
grupo de medida (custo, preços correntes e fluxo de caixa), o Iasb considera
três situações típicas: a medida inicial, medida subsequente dos ativos e
medida subsequente dos passivos.
Para a adoção pela primeira vez das
normas internacionais é possível usar o custo atribuído (deemed cost). Além
disto, o ativo e o passivo podem ser reconhecidos inicialmente quando é
resultante de (a) troca de itens de valores iguais, (b) troca com valores
diferentes, (c) transações sem trocas e (d) construção interna. A troca de
itens de valores iguais ocorre quando as partes não são relacionadas ou nenhuma
das partes está em dificuldades financeiras ou pressionada para fazer a troca.
Nesta situação, o valor justo e o custo são iguais. A troca com valores
diferentes pode acontecer quando existe uma relação entre as partes ou
problemas financeiros de uma das partes. Nestas situações, o valor da transação
(ou o custo) pode não refletir o valor justo. A proposta considera a
possibilidade de usar, nestes casos, o valor justo em lugar do custo. A
terceira situação ocorre quando um ativo (ou passivo) aparece sem contrapartida
(como um presente) ou de um evento que não é uma transação, como é o caso de um
processo judicial. Em tais situações, o Iasb admite a mensuração igual a zero,
que não se confunde com o não reconhecimento. Mas o próprio Iasb considera que
isto não é uma boa solução, por não trazer uma informação relevante. Ou seja,
não está muito claro a opção do regulador. A quarta situação é a construção
interna. O Iasb não fecha questão sobre este assunto, sendo possível usar o
custo, o preço de mercado ou medidas relacionadas com o fluxo de caixa.
Para as medidas
subsequentes dos ativos, a proposta de estrutura conceitual indica, logo de
início, que a relevância de uma medida irá depender de como ele contribui para
os fluxos de caixa futuro. E existem, segundo o Iasb, quatro maneiras que um
ativo possa contribuir para o fluxo de caixa futuro: (a) usando para gerar
receita e lucro; (b) vendendo-o; (c) mantendo; e (d) permitindo que outros
usem. Esta classificação é difícil, já que pode se alterar ao longo do tempo. Para
os ativos usados para gerar receita, o Iasb considera que medidas baseadas no
custo sejam mais relevantes, com melhor relação custo-benefício. Isto inclui os
estoques. Para os ativos destinados a venda, o Iasb recomenda um preço corrente
de saída menos custos de vendas, apesar da subjetividade e do custo da
informação. Para o terceiro caso, que se aplica a certos tipos de instrumentos
financeiros, existe a recomendação do preço de mercado. E os ativos que geram
caixa permitindo que outros o usem (como é o caso do leasing, franquia, entre
outros) a proposta não é conclusiva.
Para medidas subsequentes
dos passivos, o Iasb divide em dois grupos: com ou sem termos estabelecidos.
Para os passivos sem termos estabelecidos, como é o caso de passivos
originários de violações de leis, o Iasb recomenda o uso do fluxo de caixa. Para
os passivos com termos e valores de liquidação incertos, também se deve usar o
fluxo de caixa. Para os passivos com termos estabelecidos num contrato
recomenda o uso do custo, apesar de existir a possibilidade de usar o preço
atual. Os passivos originários de serviços às medidas baseadas no custo seriam
apropriadas.
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