A Petrobrás é agora a empresa mais endividada do mundo, segundo relatório divulgado pelo Bank of America Merril Lynch. "A dívida da Petrobrás cresceu rapidamente com a empresa implementando um ambicioso programa de investimento de US$ 237 bilhões para o crescimento de sua produção offshore", informa o documento.
Há uma distinção entre "empresa com mais dívidas" e "empresa mais endividada". A empresa mais endividada é uma medida relativa; por exemplo, passivo sobre ativo. Já empresa com mais dívidas é um número absoluto. O correto seria o título do texto.
Segundo o BofA, um importante fator para a Petrobrás reverter a tendência de alta da sua alavancagem seria impulsionar o seu Ebitda (geração de caixa), o que ocorreria com um aumento de produção.
Mais um que acredita neste indicador (?). Ao colocar entre parênteses "geração de caixa" tem-se um outro erro. Ebitda não é caixa, não é contabilidade, não é nada. É uma invenção. Mas aqui o relatório parece desconhecer a realidade da empresa: como está vendendo produtos por um valor abaixo do custo, o aumento da produção tende a aumentar o problema.
"Sem uma produção maior, a alavancagem continuará a crescer a menos que ocorra um forte aumento nos preços da gasolina e uma forte redução no programa de capex (investimento)", segundo o documento. Para a equipe de análise, a produção da estatal deveria crescer para 3,8 milhões de barris por dia para que a alavancagem da empresa comece a cair.
É questionável, já que o gargalo da empresa é o preço.
"Os próximos 6 a 18 meses serão, esperançosamente, o início de uma importante virada para a Petrobrás em termos de produção", ainda de acordo com o documento.
Outro ponto relevante é o aumento dos preços. "De acordo com a diretoria, um aumento adicional de preços é possível no curto prazo", afirma a analista que assina o documento, Anne Milne, que julga difícil "dada a fraqueza no crescimento da economia, pressão inflacionária, um real fraco e risco de protestos sociais".
Afinal, é possível um aumento no curto prazo ou é difícil?
Outro ponto que poderia ajudar na redução do endividamento da petrolífera seria a redução do programa de investimentos. "A empresa identificou US$ 29,5 bilhões em projetos que estão com baixa valorização", destaca a analista. Ela frisa que movimento de venda de ativos e de joint ventures pode ajudar a Petrobrás, além de um amplo programa de redução de custos.
A redução do investimento muitas vezes não é possível, em razão da falácia do custo perdido. E como se trata de uma empresa com participação do estado, seu uso político impede uma maior redução do custo.
FERNANDA GUIMARÃES - O Estado de S.Paulo - 19 de outubro de 2013 - Petrobrás é a empresa com mais dívidas no mundo
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