O Iasb divulgou recentemente uma proposta de mudança da
estrutura conceitual. Esta proposta ficará em análise para sugestão até janeiro
de 2014. Entretanto, dado a sua relevância, iremos fazer uma análise dos seus
principais aspectos.
As definições de receitas e despesas devem considerar, e tentar resolver,
as seguintes questões: (a) a questão de obtenção de serviço, oferecendo como
pagamento ações da entidade; (b) a distinção com ganhos e perdas; (c) alguns
tipos de lucros.
Com respeito ao primeiro tópico – obtenção de serviço em troca de ações –
um caso típico seria os executivos das empresas que recebem ações ao longo do
tempo. Nestas situações, a posição do Iasb é que devem ser considerados como
despesas. Os dois outros aspectos apresentam maiores nuances.
Receitas
e Ganhos, Despesas e Perdas
Segundo o CPC 00, a definição de receita (income) abrange as receitas
propriamente ditas (revenue) e os ganhos (gains). A receita tem sua origem nas
atividades usuais da entidade, enquanto os ganhos, apesar de enquadrar na
definição de receita, podem ou não surgir das atividades usuais da entidade. Assim,
na atual estrutura, não existe, a rigor, uma separação entre ganho e receita. Ambos
são aumentos de benefícios econômicos.
Da mesma forma, a definição de despesa (expense) abrange tanto as perdas
(losses) quanto as despesas propriamente dita. Mas as despesas possuem sua
origem nas atividades usuais da entidade. Mas da mesma forma, não são
consideradas separadamente na estrutura conceitual. Tanto a despesa quanto a
perda são redução nos benefícios econômicos.
A distinção entre receita/ganhos e despesa/perdas é bastante tênue. Se o
Iasb decidisse trata-los como elementos distintos seria necessário definir atividades
ordinárias.
Na proposta de nova estrutura conceitual, o Iasb prefere lavar as mãos:
mantem as definições de receitas e despesas, assim como a posição de que ganho
e perdas não representam um elemento à parte do resultado da entidade. Para o
Iasb, esta discussão seria melhor numa eventual revisão de norma sobre a
apresentação das demonstrações financeiras. Ou seja, este assunto deveria ser
discutido em outra oportunidade.
Particularmente acredito que este seria o documento necessário para um
posicionamento do Iasb. Mais ainda, deveria ter uma atitude firme da entidade
quanto à falta de necessidade de fazer a distinção entre receita/ganho e
despesa/perda. O não posicionamento do Iasb tem gerado alguns pronunciamentos
onde o termo “perda” tem sido usado de forma distinta do termo “despesa”.
Assim, o Iasb fala em “perda” em decorrência do teste de recuperabilidade, mas
não “despesa”.
Alguns
tipos de lucros e as receitas e despesas
A existência dos other
comprehensive income (OCI) cria um problema para a entidade. O Iasb afirma
que algumas pessoas consideram necessário separar as receitas e despesas que
fazem parte da demonstração do resultado daquelas que compreendem o OCI. Na
proposta de nova estrutura conceitual, o Iasb se posiona contrário a esta
abordagem.
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