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24 outubro 2013

Distorções do Sisu e Enen

Utilizando notas obtidas no ENEM em uma mesma avaliação para todo o país, o SISU – como é mais conhecido – selecionou os melhores e os distribuiu entre as até então 101 instituições cadastradas. Contudo, nem tudo há de ser comemorado. O Implicante revisou os dados fornecidos pelo MEC e constatou que, para cada aluno de um estado com IDH menor que migra para um estado com o IDH maior, dois fazem o caminho oposto. Em outras palavras, graças a uma lógica equivocada, o algoritmo vem colaborando com uma elitização ainda maior do ensino superior nas regiões mais necessitadas.

(...) Há casos gritantes como, por exemplo, o do Distrito Federal, detentor do maior IDH do país. Enquanto perdeu 31 de suas cadeiras para estudantes de fora, ocupou 487 vagas de 23 outros estados. São Paulo, o segundo neste mesmo ranking, perdeu 486 vagas locais, mas conquistou 4.839 em outras regiões. (...)

O Piauí, na antepenúltima colocação, conquistou 187 vagas de outras regiões do país, mas perdeu 1.175 delas em suas próprias instituições, mais da metade para o vizinho Maranhão – que finda, por este feito, sendo uma exceção dessas desproporções.

Estes “estados vizinhos” quase sempre nutrem uma relação complicada, na qual o maior tende a eclipsar o menor. Por exemplo, enquanto 597 pernambucanos se mudaram para estudar na Paraíba, apenas 52 paraibanos conseguiram fazer o caminho inverso. O mesmo ocorre no topo da tabela, quando 1.501 paulistas se mudam para Minas Gerais, mas apenas 196 mineiros conquistam o mesmo feito na direção de São Paulo. (...)

É notório o caso do curso de medicina da UFAC, no mesmo Acre do exemplo acima, que utilizou apenas as notas do ENEM e teve suas 40 vagas completamente tomadas por alunos de outras regiões em 2012. Para piorar, nenhum deles se matriculou após a primeira chamada.


Fonte: Aqui

Dois aspectos deixaram de ser contemplados na análise. Em primeiro lugar, se aqueles que ocuparam a vaga permanecerem no local, isto poderá aumentar a qualidade dos recursos humanos na região, o que seria saudável. Em segundo lugar, a concorrência de outros estados poderá forçar uma melhoria no ensino fundamental e médio.

Um comentário:

  1. Embora o raciocínio seja interessante, não entendi bem o que quis dizer pois não sei se com vagas quer dizer aprovação ou se quer dizer ocupação das vagas. Se for aprovação não leva em consideração que o aluno pode não querer migrar de um estado para outro.
    De outro lado, há que se observar a quantidade de vagas ofertadas nos diversos cursos, as cidades e seu custo de vida (por exemplo, se a universidade for em um estado e a cidade em que reside a família for em outro mas a cidade for perto ou fronteiriça?). Estas considerações não estão na análise, que por isso, torna-se enviesada.

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