Entretanto, isto não significa dizer que estamos falando dos
princípios da forma como entendemos nos dias de hoje. Pelo contrário,
provavelmente está relacionado a prática das partidas dobradas. Eis o que diz
um trecho do A República, de 1906:
“imprimiu na sua
Secretaria a simplificadora mechanica dos principios de contabilidade mercantil
por partidas dobradas (3)
Isto é confirmado por um classificado publicado no Jornal do
Brasil de 1908 onde um moço se oferecia seus serviços, informando ter boa
caligrafia, falar línguas, escrever em máquinas e “princípios de contabilidade”
(4).
Na mesma época, o estado do Paraná começou a adotar as
partidas dobradas na contabilidade pública. Para isto, a Secretaria de
Finanças, Commercio e Industrias soltou um regulamento explicando como
contabilizar onde afirmava que “Os balancetes serão tirados do Razão, de accordo com os princípios de
contabilidade” (5). Ou seja, o termo estava associado aos procedimentos de
escrituração. Antes disto, o regulamento do tesouro do município de São Paulo
também usa o termo com o mesmo sentido (6).
Em resumo, o termo era usado principalmente na área pública.
Mas é importante notar que em 1910 é publicado o livro Principios geraes da sciencia de contabilidade, em Recife, por J.
L. dos Santos (7).
Os anos passaram e o uso do termo continuou restrito. Num
pronunciamento dos dez anos do Instituto Paulista de Contabilidade, Frederico
Hermann Jr, redator chefe da Revista Paulista de Contabilidade, afirmava, em
1929, que “os contadores, servindo-se dos admiráveis princípios estabelecidos
pela sciencia da contabilidade” (8).
Dez anos depois, a Viação Aerea São Paulo, Vasp, publica uma
resposta sobre suas demonstrações onde afirma (9):
“Pelo exposto,
chega-se a conclusão de que, se a Directoria anterior, se adstringisse aos princípios
de Contabilidade com a rigidez que preconiza, não lhe seria talvez possível, em
face do que transcrevemos, proceder á transferência de 1.000 contos de “Fundo
de Renovação do Material Aereo” para o “Fundo de Depreciação”
Esta mesma empresa será pioneira, até onde se sabe, no uso
do termo de forma mais próxima ao que conhecemos hoje. Em 1943, no parecer dos
auditores, constava:
Durante o ano,
examinamos a escrituração da Companhia, tendo encontrado os livros escriturados
com clareza e de acordo com os dispositivos da lei e os princípios de
contabilidade geralmente aceitos (10)
O parecer foi emitido pela Mc. Auliffe T. Youngs & Co. (11)
Finalmente, em 1950, durante o V Congresso de Contabilidade, realizado em Belo
Horizonte, foi aprovado o Código de Ética Profissional do Contabilista, que,
no artigo 9º. (12) tinha a seguinte redação:
“quando auditor, deve
o contabilista:
...
c) assinalar
devidamente quaisquer enganos e divergências na aplicação dos princípios de
contabilidade geralmente aceitos”
(1) Vide Minas Gerais, 31 de dezembro de 1896, n. 352,
artigo 144 e 158.
(2) Goyaz, 28 de
junho de 1894, p. 2, ed. 456. Em 1906 a escola de comércio do Paraná também
incluiu este tópico no conjunto de disciplinas. Vide A Escola, março de 1906, n.
2, p. 5
(3) A República, 7 de dezembro de 1906, p. 1, ed. 290.
Grafia da época.
(4) Jornal do Brasil, 6 de junho de 1908, p. 12, ed. 158.
(5) A República, 24 de janeiro de 1908, ed. 20, p. 2. Grafia
da época. Grifo no original. Vide também o artigo 62 do regulamento, publicado
no mesmo A Republica, 17 de fevereiro de 1908, p. 2, ed. 40.
(6) Acto 143, de 23 de janeiro de 1903, artigo 48. Publicado
no Correio Paulistano, 25 de janeiro de 1903, p. 3-6, ed. 14165. É importante
notar que a origem filosófica pode estar em Carlos de Carvalho, conforme Estado
de S Paulo, 10 de dezembro de 1900, p. 1, ed. 8052.
(7) A Provincia, 11 de outubro de 1910, p. 1, ed. 260.
(8) Estado de S Paulo, 30 de julho de 1929, p. 7, n. 18301.
(9) Estado de S Paulo, 13 de abril de 1939, p. 12, n. 21.328
(10) publicado O Estado de S. Paulo, 5 de março de 1944, p.
12, ed. 22.847.
(11) procurei sobre esta empresa e não tive nenhum sucesso.
(12) Vide A noite, 20 de julho de 1950, p. 7, ed. 13543.
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