É interessante notar que algumas empresas faziam uma ampla publicação do seu desempenho já no final do século XIX. A figura a seguir mostra parte do balanço patrimonial da Cia Industrial de São Paulo, encerrado em 31 de dezembro de 1890, a parte do Ativo (1). Logo de início uma surpresa: o que denominamos de capital a integralizar é classificado como ativo. E isto parecia ser uma prática normal naquela época, apesar de um pouco polêmica (2).
Logo após outros ativos, incluindo o caixa existente. Alguns ativos são reunidos por área de negócios: tipografia, tecidos e fósforos, sendo feita a separação entre prédios e terrenos, máquinas, estoques e até caixa das lojas. Não existe aqui nenhuma menção a depreciação.
A figura abaixo mostra a segunda parte do balanço, o “passivo”. Não podemos dizer que se trata do lado direito do balanço, pois o mesmo foi publicado logo abaixo do ativo. A disposição das contas do passivo também é diferente das de hoje: começa pelo capital, passando por empréstimos e letras a pagar, contas correntes e vales. A penúltima conta seria classificada hoje como patrimônio líquido: fundo de reserva. Finalmente, o balanço encerra com a quantia de dividendo a distribuir para os acionistas.
Pelos valores, trata-se de uma empresa com elevado índice de endividamento, mas com grande investimento em ativos de longo prazo. Finalmente, o balanço é assinado pelo presidente da empresa e pelo chefe da contabilidade.
Em lugar da Demonstração do Resultado existia a Demonstração dos Lucros e Perdas. Isto nada mais era do que um fechamento das contas transitórias de débito e crédito, conforme é possível perceber a seguir.
A presença de dividendos a distribuir indica a presença de lucro. Isto deve ser considerado com cautela, já que o procedimento de depreciação não era muito comum à época. Ou seja, o lucro pode estar superestimado. Novamente, a demonstração é assinada pelo presidente da empresa, juntamente com o chefe da contabilidade.
(1) Publicado no O Estado de São Paulo, 12 de março de 1891, p. 2.
(2) “´No seu entender (de guarda-livros autor do parecer) um dos erros do nosso balanço consiste em mencionar no activo as acções que existem por emitir no valor de 456:400$´ E depois de perguntar ‘onde haviam de ser escripturados os valores de taes acções´ acrescenta: ‘este plano de escripturação não é invenção do guarda-livros da Companhia Cantareira´; e invoca a seu favor os balanços das Companhias Paulista, Mogyana, Previdente e Banco Predial”. O Estado de São Paulo, 13 de abril de 1884, p. 1. (grafia da época)
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