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Livros caros: venda caiu, faturamento aumentou

A venda de livros no Brasil caiu 7,36% em 2012, mas o faturamento cresceu 3,04% no mesmo ano, informou o Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL). O balanço feito pelo sindicato indica que em 2012 foram vendidos 434 milhões de livros e que o faturamento total foi de quase R$ 5 bilhões. O aumento da renda, apesar da queda nas vendas, se deve em parte pela alta do preço dos livros..

A pesquisa abrange os dois segmentos básicos do setor livro: o mercado, formado pelas livrarias e outros pontos de venda, e o governo, que compra das editoras por meio de programas como o Plano Nacional do Livro Didático (PNLD).

  • No primeiro segmento, o setor registrou em 2012 o primeiro crescimento real de vendas desde 2008, com um total de R$ 3,66 bilhões, 6.36% a mais que os R$ 3,44 bilhões vendidos ao mercado em 2011. Ainda considerando as vendas ao mercado, o preço médio do livro cresceu 12,48% em 2012
  • Já com relação às vendas ao governo, houve no ano passado uma queda de 10,31% no número de exemplares adquiridos – 185,48 milhões, contra 166,35 milhões em 2011 – e uma redução de 5,2% no faturamento. As editoras venderam ao governo em 2012 R$ 1,31 bilhão, contra R$ 1,38 bilhão no ano anterior.

Uma das tendências observadas em 2012 foi em relação à produção de novos títulos, que cresceu 1,89% em relação às reimpressões. Foram 20,79 mil novos títulos publicados no ano passado, contra 20,4 mil em 2011. As reimpressões, por sua vez, caíram quase 3%, passando de 37,78 mil em 2011 para 36,68 mil no ano passado.

No balanço deste ano, o SNEL citou pela primeira vez o número de livros exportados, que chegou a 3 milhões de exemplares e faturou R$ 56,9 milhões.

O levantamento anual é feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo, sob encomenda da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Snel.



Adaptado do jornal Correio Braziliense e do site Uol Economia. 
Tabela: SNEL

The Economist traz Bric afundando na lama

A capa da "The Economist" traz uma avaliação negativa sobre a economia Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). A revista tem uma ilustração que mostra os quatro países como atletas afundando na lama, com o título "A grande desaceleração". O Brasil é o mais afundado.
Em 2009, a mesma revista havia feito uma capa em que mostrava o Cristo Redentor como um foguete decolando, simbolizando a boa fase do país então. O título da capa era "Brasil decola".

Segundo a revista, após uma década de forte crescimento, durante a qual os países emergentes ajudaram a impulsionar a economia mundial e segurar os efeitos da crise econômica, os países dão os primeiros sinais de que a recuperação pode estar perdendo fôlego. A revista afirma ainda que a China terá sorte se conseguir atingir a meta oficial de crescimento de 7,5% da economia neste ano. As metas da Índia (5%), do Brasil e da Rússia (2,5%) se reduziram à metade do que os países conseguiram alcançar no período de crescimento coletivo.

O crescimento mais fraco da China ajuda a afundar as outras economias emergentes, bastante dependentes de exportações para o país asiático. O crescimento econômico recente do Brasil foi ajudado pela forte alta no preço das commodities vendidas à China. Agora, a combinação de inflação com baixas taxas de crescimento do PIB faz com que a economia caminhe a passos muito mais lentos do que o esperado.


Fonte: Uol, São Paulo

Entrevista com José Alexandre Scheinkman

Scheinkman, que vive nos EUA e virá ao Brasil nesta semana para participar de seminário do Insper sobre produtividade, falou à Folha na sexta-feira por telefone.
O economista, dono de vasta produção acadêmica, deixará em setembro a Universidade de Princeton, onde se tornará professor emérito, rumo à Universidade Columbia.
O economista José Alexandre Scheinkman, que deixará Princeton rumo à Universidade Columbia
*
Folha - Que fatores têm se mostrado mais importantes para aumentar a produtividade do trabalho?

José Alexandre Scheinkman - Todos os fatores têm importância, mas a evidência mostra um papel muito importante da educação. Para cada ano a mais de educação, a produtividade do trabalhador aumenta muito.
Obviamente, um trabalhador com mais capital à sua disposição também vai produzir mais. Mas há menos variação de capital por trabalhador entre os países do que de quantidade de educação.
Também sabemos que a qualidade da educação importa, mas temos dificuldade de medir essa qualidade.
A saúde também é muito importante. Nos países que têm melhores indicadores de saúde, os trabalhadores são mais produtivos.
Há outro aspecto da produtividade que não conseguimos explicar pela quantidade de fatores.
Se você pega duas firmas da mesma indústria, usando trabalhadores com o mesmo nível de educação e o mesmo tipo de capital, essas empresas produzem quantidades diferentes.

Isso é explicado pela eficiência no uso dos fatores, a chamada produtividade total dos fatores?

Exatamente. Há hoje muita atenção nos EUA para tentar entender quais são os fatores que tornam as empresas mais produtivas.

Como a eficiência da economia brasileira tem evoluído?

A produtividade total dos fatores, que pode ser traduzida como grau de eficiência, está estagnada ao menos desde 1989 para a economia como um todo. Mas há setores da economia brasileira que tiveram grandes ganhos de eficiência. Um é a agricultura.
Obviamente há fatores que influenciam todos os setores e toda a economia. Mas, para entender a eficiência, é importante olhar o que está acontecendo com cada setor e com as firmas de cada setor.
Um fenômeno interessante brasileiro é a existência de empresas pequenas que muitas vezes são informais, muito ineficientes e só sobrevivem por não pagar impostos. Elas trazem a produtividade média do setor em que atuam para baixo.

Mas a informalidade entre as empresas menores diminuiu.

Sim, e essas empresas melhoram ao se tornar formais. Mas, como há um tamanho máximo de faturamento para ficar dentro das faixas de tributação no Brasil, há um desestímulo na busca por crescimento por parte dessas empresas e isso prejudica a eficiência da economia.
O ideal seria diminuir os impostos para as firmas maiores e trazê-las mais perto das outras.

Quais são as outras causas da baixa eficiência da economia brasileira?

Há os casos de proteção setorial. As pessoas esquecem que a política setorial dificulta a vida das indústrias que usam o insumo do setor protegido. Elas acabam não podendo se tornar tão eficientes quanto as de países que têm acesso ao mesmo insumo a preço relativamente menor.
A outra questão importante é o investimento em pesquisa e desenvolvimento. O Brasil tem uma estrutura científica bastante razoável se olharmos os números de doutorandos, as publicações em revistas científicas. Ainda não conseguimos criar uma estrutura de produção de pesquisa e desenvolvimento.
Esse assunto já foi muito bem estudado pelos economistas. A taxa de retorno, ou seja, o aumento de produtividade gerado pelo investimento nessa área, é enorme. E isso ocorre porque quem investe em pesquisa e desenvolvimento e recebe o retorno não é a única pessoa a lucrar.
Boa parte dos ganhos vai para outras empresas, concorrentes, outros setores que começam a se beneficiar da tecnologia desenvolvida.
Até a absorção da tecnologia vinda de fora em um país onde você já tem toda uma estrutura de pesquisa e desenvolvimento é maior. E os governos têm papel fundamental no investimento em pesquisa e desenvolvimento.

Se há tanta evidência desses benefícios, por que não se investe mais em pesquisa e desenvolvimento no Brasil?

Um amigo meu diz --e eu concordo-- que um dos grandes problemas do governo brasileiro é a incompetência. Eu não consigo explicar isso por malevolência, por um pensamento de que o governo quer um país atrasado.
Às vezes as políticas são extremamente prejudiciais ao país por incompetência --por exemplo, quando o governo controla o preço da gasolina. Isso levou ao aumento do congestionamento e da poluição e prejudicou uma das poucas tecnologias importantes criadas no Brasil, a da indústria do etanol.
Não imagino que o governo decidiu gerar essas consequências. Mas alguém teve a brilhante ideia de, entre aspas, controlar a inflação mantendo o preço da gasolina estável e não pensou nas consequências.

Há uma estagnação no processo de reformas importantes para o desenvolvimento econômico no Brasil?

As reformas começam no início do governo Collor com a abertura comercial. Depois houve um período de paralisia. E voltaram a acontecer com Itamar, o Plano Real. Em seguida, outras reformas importantes foram feitas. Esse processo foi freado a partir do segundo governo Lula.
Há seis, sete anos poucas coisas importantes estão sendo feitas. O governo tem se concentrado muito mais em políticas industriais, em intervir nos preços, em diminuir impostos setoriais e menos em resolver as grandes questões que poderiam melhorar a eficiência no Brasil, como as que eu já mencionei, e outras, como o investimento em infraestrutura.

Essa letargia tem a ver com a questão da competência que o sr. mencionou?

Há uma questão também de ideologia. Há reformas que precisavam ser feitas, mas que não atendiam à ideologia do governo. Acho que agora o governo entendeu que precisa trazer mais investimento privado para áreas como ferrovias, portos etc.
Outro problema importante é a baixa taxa de poupança. Então, o governo cobra muito imposto, mas tem gastos enormes e pouca capacidade financeira para investir, além da falta de capacidade que eu já mencionei de competência do setor público.

Esses fatores explicam a desaceleração econômica dos últimos anos?

Acho que há várias causas. Em 2008 e em 2009 a resposta à crise com política fiscal mais solta fazia sentido. O que não fez sentido foi achar que isso poderia ser permanente mesmo depois de a economia ter começado a se recuperar.
A outra é o excesso de intervenção, como o controle do preço da gasolina. Cada uma dessas intervenções, de forma isolada, pode passar a impressão de que seus efeitos não são tão graves, mas, se você junta todas, começa a ter efeito na economia. E isso é parte do que estamos vendo agora.
Além disso, também estamos sentindo o efeito da desaceleração da China, que, no entanto, não deve ser exagerado.

Fonte: aqui

Movimentação das Ações do Facebook


No meio da tarde faltavam US$ 0,89 para as ações do Facebook atingirem o valor da Oferta Pública Inicial (IPO) de RS$38. No fim do dia de ontem [terça, 30 de julho] a ação fechou em US$ 37,64, mas chegou a 37,96, o maior valor desde maio de 2012 (quando ocorreu a IPO).

Segundo um blog do Wall Street Journal,o mercado está otimista frente aos resultados trimestrais publicados na semana passada. O aumento repentino de anúncios na rede social fez com que os investidores se sentissem melhor quanto ao seu futuro. As ações cresceram 41% este ano e a maior parte dos ganhos foi apresentada no relatório publicado na quarta-feira passada.

Em curto prazo a recuperação nos faz questionar se há alguma resistência técnica envolvendo os U$ 38 que os investidores deveriam saber. Considerando que US$ 38 não é apenas um nível psicologicamente significante, mas também o ponto de equilíbrio para quem investiu na IPO, há bastante atenção vinda de todos os lados.

O analista técnico chefe da Greywolf Execution Partners explicou como essa atenção ao valor da IPO pode impactar a negociação em curto prazo:
Resistance often times is created based more on psychological factors than any type of real fundamental factors. Those who are long stocks which have declined will often wait until they approach former levels where they bought, before selling the shares. So in this case, many who bought the stock between 38-45 on [May 18] often will sell into gains as they become “whole” with the mindset that “well, at least I got back what I paid for it, and am lucky, despite having ridden a big roller coaster down, and now back higher.

Technically oriented folks understand this logic also in terms of how important these levels are, and will sell as a stock approaches former highs, or in some cases some aggressive types might attempt to “SHORT” the stock, or use options to “write calls” against shares, knowing that these levels often can have some importance in causing at least some minor consolidation to the former rise. […]

Former highs and also former lows often have importance, but of course if BREACHED, and in this case, if FB were to close meaningfully above $45, it could create a “breakout” type situation where those who had attempted to short the stock would then be forced to cover and/or others with screens pre-programmed to search for stocks hitting all-time highs, might be inclined to buy into the shares on a move to new high territory.

CVM aplica multa de R$ 1,957 milhão por operações irregulares

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou um grupo de seis ex-diretores e clientes da TOV Corretora a pagar multas que somadas chegam a R$ 1,957 milhão por operações irregulares no mercado financeiro no período de fevereiro de 2004 a julho de 2005.


O grupo foi condenado por se beneficiar da chamada prática não equitativa*, em que há favorecimento de clientes de uma corretora, em detrimento de outros. Nesse caso, a acusação apontou um golpe contra a Prece, fundo de pensão dos funcionários da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), a empresa de saneamento e água do governo fluminense.

Em operações fechadas num mesmo dia, as que registravam lucro eram direcionadas para um grupo de clientes da TOV, enquanto as com perdas eram atribuídas à Prece. De 54 pregões analisados, a fundação obteve preços médios mais favoráveis em apenas um. Os acusados, na outra ponta da operação, tiveram taxas de sucesso improváveis, de até 100%.

Isso só era possível porque na época as ordens podiam ser abertas com "código de cliente 0", isto é, sem a indicação do cliente. Além disso, as ordens dos investigados eram do tipo "administrada", em que a execução fica a critério da corretora. Assim, podiam ser alteradas após o pregão da forma mais conveniente. As operações day-trade com lucro eram direcionadas para clientes e funcionários da corretora, enquanto as perdas iam para a Prece. [...]

Os dois diretores da corretora foram multados por não coibir o reiterado registro de ordens sem a correta identificação dos clientes, faltando com o dever de diligência. A CVM entendeu que a própria TOV terá que pagar R$ 500 mil por permitir os registros. Já os clientes tiveram multas correspondentes a duas vezes os ganhos irregulares obtidos.


Por Mariana Durão - Agência Estadão

Segundo a Instrução Normativa n. 008 (1979) da CVM, "é vedada aos administradores e acionistas de companhias abertas, aos intermediários e aos demais participantes do mercado de valores mobiliários, a criação de condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários, a manipulação de preço, a realização de operações fraudulentas e o uso de práticas não eqüitativas."

Ainda segundo a IN, conceitua-se como "prática não eqüitativa no mercado de valores mobiliários, aquela de que resulte, direta ou indiretamente, efetiva ou potencialidade, um tratamento para qualquer das partes, em negociações com valores mobiliários, que a coloque em uma indevida posição de desequilíbrio ou desigualdade em face dos demais participantes da operação.

Prêmio ANEFAC PwC de Estudos Tributários e Contábeis


Prêmio ANEFAC PwC de Estudos Tributários e Contábeis tem inscrições até hoje [31 de agosto].

Os trabalhos de maior destaque receberão premiação em dinheiro:

Alunos de Graduação
Prêmio correspondente a R$ 15.000,00 para o primeiro colocado + publicação em formato de livro
Prêmio correspondente a R$ 8.000,00 para o segundo colocado

Alunos de Pós-Graduação
Prêmio correspondente a R$ 18.000,00 para o primeiro colocado + publicação em formato de livro
Prêmio correspondente a R$ 10.000,00 para o segundo colocado

Para mais, clique aqui.

Lavagem de Dinheiro

Após 10 meses de discussão, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) conseguiu aprovar na sexta-feira uma resolução que define operações que devem ser informadas por profissionais e empresas do setor ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para prevenção de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo. A norma, que deve ser publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União (DOU) e produzir efeitos apenas em 2014, deve atingir, pelo menos, 480 mil profissionais.

Em julho do ano passado, a Lei nº 12.283 estabeleceu que os contadores e empresas do setor que prestarem serviços de assessoria, consultoria, auditoria e aconselhamento deveriam informar operações suspeitas ao Coaf. A regulamentação, porém, só foi definida agora.

Segundo a resolução do CFC, devem ser comunicadas ao Coaf operações "suspeitas" de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações societárias de qualquer natureza; gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos; abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores mobiliários; de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações e fundos fiduciários; e alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados.

Os profissionais e empresas devem fazer uma comunicação imediata no caso de a prestação de serviço envolver o recebimento, em espécie, de valor igual ou superior a R$ 30 mil ou equivalente em outra moeda. O mesmo deve ocorrer para recebimento por meio de cheque emitido ao portador, inclusive a compra ou venda de bens móveis ou imóveis. Também deve ser repassada a constituição de empresa e aumento de capital social com integralização em moeda corrente, em espécie, acima de R$ 100 mil, assim como aquisição de ativos e pagamentos de terceiros.

A comunicação dependerá da análise do profissional. Para facilitar a identificação de operações suspeitas, a resolução determina que pessoas físicas e jurídicas devem implementar uma política de prevenção à lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo compatível com seu volume de operações e porte que tenha procedimentos e controles destinados à obtenção de informações sobre o propósito e a natureza dos serviços profissionais em relação aos negócios do cliente; identificação do beneficiário final; e identificação de operações ou propostas de operações praticadas pelo cliente, suspeitas ou de comunicação obrigatória.

Os contadores e empresas, segundo a resolução, devem adotar procedimentos adicionais de verificação sempre que houver dúvida quanto à fidedignidade das informações do cadastro. Além disso, devem compreender a composição acionária e estrutura de controle dos clientes pessoas jurídicas com o objetivo de identificar o beneficiário final dos negócios.

O vice-presidente de desenvolvimento operacional da CFC, Enory Luiz Spinelli, afirmou que, passada a fase da regulamentação, o conselho vai "elaborar uma cartilha para que os profissionais saibam como aplicar a resolução, para que eles entendam como trabalhar". "Estamos em um mundo que se busca transparência e combate à corrupção", disse.

O presidente do Coaf, Antonio Gustavo Rodrigues, ressaltou que os profissionais do setor de contabilidade foram os primeiros a regulamentar como e que tipo de informações devem ser transmitidas ao conselho. Ele espera que outras entidades, como as ligadas a advogados, economistas, engenheiros e administradores, adotem a mesma atitude. "Toda essa legislação servirá para proteger as pessoas de bem e não facilitar a vida dos bandidos", afirmou Rodrigues ao Valor.


Contadores editam norma sobre lavagem de dinheiro - Valor Econômico - 29/07/2013

Glossário: preço e valor

Book value: valor contábil.

Exercise price: preço de exercício. Preço pelo qual uma ação ou commodity objeto de uma opção de compra ou venda pode ser comprada (call) ou vendida (put) ao longo de um determinado período. Por exemplo, um contrato de compra pode permitir ao comprador a aquisição de 100 ações de XYZ a qualquer momento nos próximos 3 meses a um preço de exercício de $63.

Face value: valor nominal ou valor de face.

Fair market value: valor justo de mercado.

Fully valued: plenamente valorizada. Diz-se de uma ação que alcançou um preço que os analistas consideram como correspondente à rentabilidade máxima da empresa, reconhecida pelo mercado. Se a ação subir além desse valor, é chamada super avaliada (overvalued). Se cair abaixo dele, é dita subavaliada (undervalued).

Going-concern value: valor de uma sociedade como negócio operante para outra sociedade ou pessoa física. O sobrevalor do aviamento em relação ao valor de liquidação (liquidation value) é o valor da empresa operante distinto do valor de seu patrimônio. Na contabilidade de aquisições, o valor do aviamento que ultrapassar o valor patrimonial é tratado como um ativo intangível, denominado goodwill.

Liquidating value: valor de liquidação.

Market value: valor de mercado.

Present value: valor presente.

Residual value: valor residual.

Spot price: preço corrente de entrega de uma commodity negociada no mercado spot (também chamado mercado à vista).

Subscription price: preço da subscrição. Preço ao qual os acionistas de uma sociedade estão autorizados a adquirir ações extraordinárias em virtude de seus direitos preferenciais de subscrição (rights offering) ou preço ao qual os bônus de subscrição podem ser exercidos.

Target price: preço alvo.

Undigested securities: valores não absorvidos pelo mercado. Ações e obrigações de nova emissão que não foram distribuídas devido a uma demanda pública insuficiente ao número de ofertas.

História da Contabilidade – Contador e Guarda-livros no início do século XX

Em 1928 o deputado federal Pacheco de Oliveira apresentou um projeto de lei criando o registro de guarda-livros e contadores (1). Logo no artigo primeiro afirma-se “fica criado, nas juntas commerciaes, o registro facultativo de guarda-livros e contadores” (2). O primeiro parágrafo esclarece o que seria guarda-livros e contadores (3). O importante é que o texto utiliza a partícula “e”, indicando existir uma diferença entre estes profissionais. No dia 6 de dezembro de 1928, uma comissão da Câmara dos Deputados aprovou o parecer de Graccho Cardoso, que regulava a profissão de contadores (4). O texto “vem pôr um paradeiro na anômala situação, dessa numerosíssima classe”. O artigo primeiro afirmava “fica criado, nas juntas commerciaes, o registro facultativo de guarda-livros, contadores ou contabilistas”. Observe que o texto acrescentou o termo contabilista e substituiu a partícula “e” por “ou”.

Não sabemos ao certo quando o termo “contador” começou a significar o profissional da contabilidade. Arrisco a afirmar que talvez isto tenha ocorrido no final do século XIX e inicio do século XX. Tenho duas evidências para contribuir com esta hipótese. Em 1903, num texto onde se comenta o livro Tratado Pratico de Contabilidade, de Carlos de Carvalho, um articulista faria o seguinte comentário (5):

Seja-nos permittida, no entanto, uma pequena observação. O sr. Carlos de Carvalho adopta com Courcelle Sneuil uma distincção entre guarda-livros e contador, que não nos parece razoavel. O guarda-livros escriptura correctamente os livros estabelecidos pelo contador; este acha a melhor combinação possivel das contas para uma dada empreza.

Segundo este modo de vêr, o guarda-livros é um simples escrevente, uma machina funccionando sob a direcção intelligente do contador, um automato, em resumo. Ora, esta distincção é que nos parece especiosa, por muitos motivos. Não sabemos bem onde começam as attribuições do guarda-livros e começam as do contador. No sentidoem que se deve tomar esta palavra, o contador não organisa escriptas, faz contas, é o calculador da casa commercial. Tudo que diz respeito às questões puramente de arithmetica aplicada ás transacções commerciaes está a cargo do contador: calculo de juros simples e compostos, de descontos, amortisações, cambios, transformações de contas e os variados e complicados problemas da mathematica comercial. Ao guarda-livros incumbe o registro das operações nos livros commerciaes, segundo certas e determinadas normas, umas fixas, marcadas pelo codigo comercial; outras variáveis segundo a maior ou menor capacidade profissional.

Fica claro pelo texto que naquele momento “contador” é quem fazia as contas e guarda-livros é quem escriturava. Em certas situações, uma mesma pessoa poderia fazer as duas funções. Mas em outros casos haveria separação nas funções.

A segunda evidência encontra-se nos balanços publicados. As demonstrações do Banco Commerciale Italo-Brasiliano, de 31 de dezembro de 1908, foi assinada por C Carpi, “o contador” (6).

(1) Estado de S Paulo, 31 de agosto de 1928, p. 8
(2) Idem. Grafia da época.
(3) Idem. Seriam os portadores de diplomas dos institutos de ensino comercial reconhecidos; os que lecionaram ou fizeram escrituração; os portadores de diplomas estrangeiros, revalidados por institutos comerciais; e aqueles que exercem ou exerceram a profissão com atestado de três comerciantes.
(4) Estado de S Paulo, 12 de dezembro de 1928, p. 10.
(5) Estado de S Paulo, 25 de outubro de 1903, p. 2. Grafia da época. O texto não permite identificar a autoria.
(6) Estado de S Paulo, 30 de março de 1909, p. 4.

História da Contabilidade – Contabilidade pública no início do século XX

Já discutimos em postagem anterior que a contabilidade pública brasileira no início do século XX era atrasada. Nesta postagem vamos destacar um aspecto positivo e um aspecto negativo.

A figura abaixo apresenta a prestação de contas do município de São Paulo para o ano de 1905 (1). Este balancete foi publicado ainda em janeiro (naquela época não existiam calculadoras e computadores).

Logo após aparece um fluxo de caixa sintético:

Apesar de ser somente valores de entradas e saídas, o “balancete da Caixa” mostra os valores em dinheiro e em títulos. A figura abaixo detalha a obtenção das receitas:


Os impostos são evidenciados pelo valor orçado, arrecadada e a diferença. A principal receita da prefeitura era imposto de industrias e profissões. Além das informações acima era evidenciado a discriminação da despesa ordinária da prefeitura, as despesas extraordinárias, um quadro comparativo da receita de 1903 a 1905 e os empréstimos.

Com uma grande vantagem: é muito mais compreensível do que é divulgado hoje.

O aspecto negativo: apesar das aparências e das tentativas de reformas (2), existia uma grande desorganização na contabilidade pública. E isto era inclusive notícia internacional (3):

Em sua edição de hoje, o Times reproduz uma publicação do jornal Frankfurter Zeitung, no qual se fazem irônicos commentarios à organização do serviço de contabilidade e arrecadações de valores do Thesouro no Brasil, onde se têm dado desfalques o desvios de dinheiro. O artigo em questão alude ainda a irregularidades havidas no Thesouro e ao desaparecimento de pedras preciosas pertencentes á corôa imperial

(1) Correio Paulistano, 20 de janeiro de 1906, p. 3-4.
(2) Estado de S Paulo, 29 de setembro de 1907, p. 2, por exemplo, mostra uma série de mudanças no Thesouro Federal
(3) Correio Paulistano, 8 de março de 1906, p. 2, ed. 15.285. Grafia da época.

Papa Francisco, Campus Fidei e um jogo da contabilidade

Foi publicada uma reportagem no Estadão sobre as chuvas terem inundado uma das locações em que haveria um evento com o Papa Francisco, o que ocasionou uma mudança brusca na programação. A ideia era incluir locais carentes e não apenas focar o evento em Copacabana, mas o Campus Fidei (zona oeste do Rio, onde seria realizada uma vigília e a missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude) se transformou em um lamaçal. Achei um tanto curiosa a parte final da reportagem que replico aqui:

Dom Paulo afirmou que ainda não sabe quanto foi gasto para preparar o Campus Fidei. Guaratiba foi escolhida em 2012. Além do grande espaço livre, pesou na escolha o fato de a Igreja querer promover parte da JMJ em uma área pobre do Rio. O terreno do Campus Fidei tem 2 milhões de m² e foi cedido gratuitamente por seus donos [...]. Em troca, os donos se beneficiaram com obras de terraplanagem e de infraestrutura feitas no entorno. Paes [Eduardo, prefeito do Rio] afirmou que o único gasto da prefeitura foi com a dragagem dos rios de Guaratiba. Os outros gastos foram do Comitê Organizador Local, disse. "Mas não vou transformar a visita do papa em um jogo de contabilidade, de ganhos econômicos."
Hum... 'não transformar ... em um JOGO DE CONTABILIDADE, de ganhos econômicos'? Não é exatamente uma questão de jogo, meu caro prefeito, mas sim de não-perdas.

Em momentos assim eu realmente gostaria que houvesse algum tipo de auditoria na Igreja Católica. Não, isso não é uma blasfêmia. Sou sim católica apostólica romana praticante, prazer. O problema é que com essa reportagem surgiram várias “red flags” quanto à organização da Jornada Mundial da Juventude no Brasil. Uma pena.

Esquema Ponzi

No livro "The Complete Guide to Spotting Accounting Fraud & Cover-ups: Everything You Need to Know Explained Simply" há uma explicação simples e interessante sobre o Esquema Ponzi, que é "uma falcatrua na qual o dinheiro de novos investidores é utilizado para pagar investidores antigos escondendo o fato de que nenhum investimento real está sendo realizado". Apesar de esquemas dessa natureza estarem presentes há séculos, foram nomeados em "homenagem" a Charles Ponzi, um imigrante italiano que aplicou um notório esquema que iludiu 40.000 investidores entre 1919 e 1920. Um Esquema Ponzi requer uma corrente constante de novos investidores e inevitavelmente entrará em colapso quando a necessidade de pagamentos for superior aos fundos disponíveis. Um esquema pirâmide é uma forma mais complexa de Esquema Ponzi no qual o perpetrador emprega um "alimentador" que recruta um número crescente de novos investidores.

MAEDA, M. The Complete Guide to Spotting Accounting Fraud & Cover-ups: Everything You Need to Know Explained Simply. Kindle Edition: 2012.

George Papandreou: Imagine uma democracia europeia sem fronteiras

A Grécia foi a representante da crise econômica europeia, mas o ex-primeiro-ministro George Papandreou questiona se isso é apenas uma prévia do que está por vir. "Nossas democracias", diz ele, "estão presas por sistemas que são grandes demais para falir, ou mais precisamente, grandes demais para controlar" -- enquanto que "políticos como eu perderam a confiança de seus povos." Como resolver isso? Fazendo com que cidadãos se comprometam mais diretamente em um novo contrato democrático.

Exame de Suficiência em Contabilidade

As inscrições para a próxima edição do Exame de Suficiência em Contabilidade se encerrarão nesta quinta-feira, 1º de agosto. A prova será aplicada no dia 29 de setembro e a taxa de inscrição é de R$ 100,00.

Os aprovados na prova para bacharel têm dois anos para solicitar o registro.

Sugestão: caso você não precise imediatamente do registro, aproveite bem esses dois anos e solicite a carteira apenas quando for necessário. Tanto para bacharel quanto para técnico, a taxa de registro é R$ 51,70 e a anuidade custa “singelos” R$ 264,00 (regulamentadas pela Resolução CFC 983/2003). Tendo em vista que não há benefício em ser conveniado, para que pagar a anuidade se você ainda não estiver exercendo a profissão? Caso você, por exemplo, passe em um concurso ou seja empregado em locais que exijam o registro, por você já ter sido aprovado no exame, a tramitação é rápida. Ao entrar com o pedido do registro você recebe um protocolo (que serve temporariamente aos interessados). Logo chegará a carteira provisória para, em seguida, ser recompensado com a bela (e cara) carteira profissional definitiva.

Ah! A próxima edição do Exame de Suficiência em Contabilidade está prevista para o ano que vem, 30 de março de 2014.

Por Isabel Sales

Café pode diminuir pela metade risco de suicídio

"Segundo um novo estudo da Universidade Harvard (EUA), beber várias xícaras de café por dia parece reduzir o risco de suicídio em homens e mulheres em cerca de 50%.

“Ao contrário de investigações anteriores, pudemos verificar a associação do consumo de bebidas com cafeína e sem cafeína, e identificar a cafeína como o mais provável candidato de qualquer suposto efeito protetor do café”, disse o pesquisador Michel Lucas.

Os cientistas revisaram dados de três grandes estudos americanos e descobriram que o risco de suicídio para os adultos que bebiam 2 a 4 xícaras de café por dia foi de cerca de metade dos que bebiam café descafeinado ou muito pouco ou nenhum café.

A cafeína não apenas estimula o sistema nervoso central, mas pode agir como um antidepressivo leve, aumentando a produção de determinados neurotransmissores no cérebro, incluindo serotonina, dopamina e noradrenalina. Isso poderia explicar o menor risco de depressão entre os bebedores de café.

O estudo e as consequências
Na revisão, os pesquisadores examinaram dados de 43.599 homens coletados entre 1988 e 2008, bem como dados de 73.820 mulheres coletados entre 1992 e 2008, e de 91.005 mulheres coletados entre 1993 e 2007 em três grandes estudos de saúde.

Consumo de cafeína, café e café descafeinado foi avaliado a cada quatro anos por meio de questionários. O consumo de cafeína foi calculado a partir do café e de outras fontes, incluindo chá, refrigerantes com cafeína e chocolate. No entanto, o café era a principal fonte de cafeína, em 80% dos dados coletados no primeiro relatório, 71% no segundo, e 79% no terceiro. Entre os participantes dos três estudos, houve 277 mortes por suicídio.

Apesar dos resultados mostrarem que a cafeína pode diminuir as chances de suicídio, os cientistas não recomendam que adultos deprimidos aumentem seu consumo, porque a maioria dos indivíduos ajusta sua ingestão de cafeína para um nível óptimo para eles e um aumento pode resultar em efeitos colaterais desagradáveis.

“No geral, nossos resultados sugerem que há pouco benefício adicional para o consumo acima de duas a três xícaras por dia, ou 400 mg de cafeína por dia”, escreveram os autores.

Os pesquisadores não observaram nenhuma grande diferença no risco entre aqueles que bebiam duas a três xícaras de café por dia e aqueles que tomaram quatro ou mais xícaras por dia, provavelmente devido ao pequeno número de casos de suicídio nessas categorias.

No entanto, em um estudo anterior que ligou café a depressão, os pesquisadores observaram um efeito máximo entre aqueles que bebiam quatro ou mais xícaras por dia. Na contramão, um grande estudo finlandês mostrou um maior risco de suicídio entre pessoas que bebiam oito ou nove xícaras por dia.

Como poucos participantes dos estudos revisados recentemente beberam grandes quantidades de café, os pesquisadores não abordaram o impacto de seis ou mais xícaras de café por dia nos riscos de suicídio."

Fonte: Aqui


Candy Chang: Antes de morrer, quero ...

Inspiração, beleza e poesia. Restauração da fé na humanidade!

Em seu bairro, em Nova Orleans, a artista e TED Fellow Candy Chang transformou uma casa abandonada em um quadro-negro gigante através da seguinte frase a ser completada: “Antes de morrer, quero ___.” 'As respostas de vizinhos' -- surpreendentes, comoventes, divertidas -- tornaram-se um inesperado espelho para a comunidade.



Qual é sua resposta?

Fato da Semana

Fato: Como consertar a auditoria: rodízio, incentivos e relatórios

Qual a relevância disto? Durante a crise financeira percebeu-se que as empresas de auditoria falharam em apontar situações críticas de entidades em dificuldades financeiras. O setor de auditoria é inglório já que geralmente ficamos sabendo de um tipo de erro somente (quando existe um problema que a auditoria não detectou), mas não consideramos os acertos.

Uma das propostas é implantar o rodízio. Há duas semanas esta proposta sofreu um revés nos Estados Unidos. Nesta semana, uma comissão no Reino Unido deixou o assunto de fora este assunto. Além disto, nunca é demais citar a grande oposição das grandes empresas de auditoria com o rodízio: esta semana descobriu-se que uma comissão “independente” é patrocinada por uma Big 4.

Outra proposta é mudar os incentivos. Até agora acreditava-se que a reputação da empresa de auditoria seria suficiente para incentivar a busca pela qualidade, mas pesquisas parecem mostrar que existem outros mecanismos que talvez sejam mais eficientes. Um deles é criar um fundo comum de remuneração.

No dia 25 o IIASB lançou uma proposta de um novo relatório. Será este um caminho válido?

Positivo ou Negativo? A discussão sobre o assunto é válida. Mas revela que o setor tem fracassado em manter sua reputação de qualidade.

Desdobramentos – Ainda haverá muita discussão sobre o assunto. A possibilidade de implantar o rodízio em muitos países pode levar a uma reação das grandes empresas. A mudança na forma de incentivo deverá consumir muito mais tempo e argumento, já que somente uma crise estrutural provocaria uma grande alteração no setor.

Outros fatos relevantes: os efeitos da crise do grupo EBX; a situação financeira da Petrobras; a pressão do G20 para convergência; e a nomeação de Kroeker para vice-chairman no Fasb.

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão ao final.

1 – O Cruf é um fórum que discute assuntos de interesse da auditoria. Este fórum funciona em que país europeu:
França
Itália
Reino Unido

2 – O The Independent descobriu que o Cruf era apoiado financeiramente
Por opositores a convergência
Por um dos bancos que foram socorridos na crise financeira
Por uma das Big Four

3 – A General Eletric divulgou uma baixa de 108 milhões de dólares por conta
Da política econômica da Argentina
Do acidente com o avião da Boeing
Do investimento realizado na EBX

4- O grupo de países denominado G20 pressionou o Fasb e o Iasb para convergir
A contabilidade da provisão de liquidação duvidosa
As normas de leasing
As normas de receitas

5 – O prazo fixado pelo G20 para a convergência foi
Final de 2013
Janeiro de 2015
Primeiro semestre de 2014

6 – O BNDES terá que receber 1,17 bilhão de reais até o final do ano
Das empresas estrangeiras ligadas aos países do Mercosul
Das empresas ligadas ao empresário Eike Batista
Do tesouro nacional, referente ao repasse de aumento de capital

7 – James Kroeker, ex-responsável pela contabilidade da SEC, foi anunciado esta semana para um cargo importante:
Conselheiro do Iasb
Presidente do PCC
Vice-Chairman no Fasb

8 – Kroeker era também ex-funcionário
Da Deloitte
Da Lehman Brothers
Do Citibank

9 – Uma comparação entre as dívidas das empresas brasileiras e o PIB revelou que entre 2007 a 2013 ocorreu
Praticamente manteve-se constante
Um aumento na dívida
Uma redução na relação

10 – Esta entidade deixou de relatar com precisão 44,8 milhões de transações e em 804 mil transações não fez nenhum relato
Aracruz Celulose
Juventus, time de futebol da Itália
RBS, banco britânico

Acertando 10 ou 9 questões = medalha de ouro; 7 ou 8 = prata; 5 ou 6 = bronze

Respostas: (1) Reino Unido; (2) Big Four; (3) EBX; (4) provisão de liquidação duvidosa; (5) final de 2013; (6) Eike Batista; (7) vice-Chairman no Fasb; (8) Deloitte; (9) aumento (10) RBS

Novo relatório do auditor

O International Auditing and Assurance Standards Board  (IAASB) entidade que institui padrões na área de auditoria, divulgou no dia 23 de julho uma proposta para o relatório do auditor. Sob a denominação de Reporting on Audited Financial Statements: Proposed New and Revised International Standards on Auditing (ISAs)  a minuta pretende ser uma resposta aos usuários diante dos problemas resultantes da crise financeira.

O presidente do IAASB, Arnold Schilder, acredita que a proposta poderá mudar a forma como os auditores comunicam com seus usuários, informou a Reuters. E que isto possa aumentar o valor percebido da auditoria e da profissão.

A minuta admitirá sugestões e comentários até 22 de novembro de 2013.

Contabilidade de Hedge

Um comunicado divulgado há duas semanas mudou drasticamente as perspectivas para o balanço da Petrobras. Da noite para o dia, as projeções de lucro no segundo trimestre subiram para R$ 5 bilhões, contra a expectativa anterior de que a empresa fechasse o período no zero a zero, sem lucro nem prejuízo.

O anúncio não dizia respeito a descoberta de uma super-reserva de petróleo, nem um aumento nos preços dos combustíveis. Tratava-se apenas de uma mudança nas regras contábeis adotadas pela companhia que, sozinha, tem o poder de tirar cerca de R$ 7 bilhões em perdas financeiras esperadas para o segundo trimestre.

Na quarta-feira, foi a vez da Braskem adotar o mesmo dispositivo da Petrobras. Numa tacada só, o J.P. Morgan revisou a perspectiva para as perdas da companhia no segundo trimestre, de R$ 1,2 bilhão para R$ 200 milhões e afirmou que a empresa vai começar a distribuir dividendos neste ano. A petroquímica é uma das coligadas da estatal, que tem uma participação de 36% no capital.

O "sumiço" repentino de uma cifra bilionária das demonstrações de resultados trouxe diversas críticas sobre o viés político da decisão. Com lucro maior no curto prazo, os dividendos também aumentam, beneficiando o governo, na posição de controlador da Petrobras, o que fez com que as palavras "manobra contábil" e "contabilidade criativa" se multiplicassem nos relatórios de análise de diversos bancos.

Mas apesar do efeito bastante conveniente para os acionistas no curto prazo, especialistas ouvidos pelo Valor garantem que não há nenhum passe de mágica ou truque na medida. O que a Petrobras fez foi adotar um dispositivo previsto pelo pronunciamento contábil 38 (CPC 38) e ainda pouco conhecido, que rege a chamada "contabilidade de hedge". O intuito é reduzir o sobe-e-desce na última linha do balanço e trazer um retrato mais claro da situação operacional da companhia nas demonstrações de resultados.

Petrobras e Braskem vão utilizar parte da variação cambial sobre sua dívida em moeda estrangeira como "proteção" para uma eventual queda do câmbio em uma fatia de suas receitas previstas com exportação. Sem a contabilidade de hedge, toda a dívida em moeda americana é corrigida pela cotação do dólar: a diferença é contabilizada como ganho ou perda financeira, ainda que a maior parte desse passivo vencerá apenas no longo prazo.

Com o mecanismo, a variação cambial sobre parte dessa dívida é "reservada" numa conta no patrimônio líquido e só passa para a demonstração de resultados quando a receita que serve como contrapartida é faturada. A Petrobras se inspirou na fabricante de alimentos BRF, única empresa de grande porte adotar o mecanismo que contrapõe dívidas a exportações no país. Segundo apurou o Valor , técnicos da estatal consultaram a equipe financeira da companhia para entender melhor o modelo.

O CPC 38 prevê diversas situações em que instrumentos de hedge podem contar com uma contabilização especial. Mas, na maioria dos casos, esses instrumentos envolvem derivativos. A única exceção, que permite a utilização de um não derivativo, é para a proteção de um risco cambial. "As empresas estão mais acostumadas a utilizar o CPC 38 para contabilizar derivativos. Poucas ainda sabem ou tem segurança para utilizar o dispositivo que autoriza o uso de dívida", afirma César Ramos, autor do livro "Derivativos, riscos e estratégias de hedge" e consultor de companhia que adotaram a prática, como a própria BRF.

Com o modelo, tanto Petrobras quanto Braskem se protegem de uma eventual queda do dólar sobre a receita com exportações. Na prática, o que as empresas fizeram foi "garantir" parte de sua receita operacional no câmbio de maio - quando o dólar Ptax estava próximo dos R$ 2 -, quando a operação foi designada.

Num exemplo hipotético (ver esquema ao lado), a empresa tem US$ 1 milhão em dívidas em dólar e US$ 1 milhão em receitas com exportação a ser faturadas. Se o câmbio for a R$ 1,50, o "ganho" de R$ 500 mil com a variação cambial sobre a dívida fica reservado no patrimônio líquido. Quando a exportação for faturada, caso o câmbio se mantenha nesse patamar, trará uma receita de R$ 1,5 milhão - menor que a esperada em maio, portanto. A variação cambial sobre a dívida, que estava reservada no patrimônio, no entanto, entra como um ganho na receita operacional, que, no fim das contas, fica em R$ 2 milhões - travada, portanto, no câmbio inicial de R$ 2.

Apesar da segurança de que parte da receita virá no câmbio esperado e da redução da instabilidade, a estratégia é mais bem-sucedida em termos de efeito no lucro no caso de queda no câmbio. Isso porque ambas as companhias também tem custos em dólar, que não estão envolvidos na operação.

Se o dólar cair, a receita ficará travada em R$ 2 milhões, enquanto os custos serão contabilizados com a moeda americana mais barata. O resultado é um número maior na última linha do balanço. Na contramão, no caso de alta do dólar, o lucro contábil tende a diminuir, já que os custos serão contabilizados por um câmbio maior do que parte da receita.

Em sua estratégia, a Petrobras utilizará 70% de sua dívida para proteger 20% de suas receitas com exportação dos próximos sete anos. Fontes consultadas pela reportagem afirmaram que, apesar de dentro da regra, o prazo é "ambicioso". "O normal é que as empresa tracem essa operação para um horizonte de seis meses até dois anos", disse um interlocutor. Ele reconhece, no entanto, que, com um horizonte maior para as exportações, é possível envolver uma parte maior da dívida na operação - o que tira uma fatia maior das perdas financeiras da demonstração de resultados e melhora o lucro. Procurada, a Petrobras não quis se pronunciar. A Braskem ainda não divulgou os percentuais envolvidos em sua estratégia.


Regra contábil vira o jogo para endividadas - Natalia Viri - Valor Econômico - 26/07/2013

Os acordos da CVM

Os diversos processos que estão sendo abertos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para investigar práticas das empresas X e do seu próprio controlador, Eike Batista, trouxeram à tona a discussão sobre o uso de acordos em que os investigados pagam para encerrar os procedimentos.

Uma das maiores controvérsias está nos processos em que administradores, gestores, donos de empresas e investidores podem ter feito uso de informação privilegiada, ou tenham manipulado o mercado, e pagam para, por meio de "Termos de Compromisso", encerrarem os processos.

Desde que começou a ser adotado em 1998 pela CVM, o órgão regulador já celebrou mais de 400 Termos de Compromisso, envolvendo um número maior de empresas ou pessoas físicas dentro de cada acordo, com arrecadação total de aproximadamente R$ 100 milhões. A média de acordos saltou de 5, no período de 1998 a 2005, para 60 de 2006 até agora.

Na administração de Maria Helena Santana, é que se foi registrado o maior volume de acordos, e o mercado agora espera para ver como será a gestão do novo presidente, Leonardo Pereira. Em entrevista ao Brasil Econômico, ele se mostrou pouco propenso a levar adiante termos para casos de insider.

A autarquia não tem dados sobre quantos casos de uso de informação privilegiada, ao longo dos anos, acabaram em acordos. É possível lembrar, entretanto, os casos mais emblemáticos como o acordo para interrupção do processo investigatório contra executivos envolvidos no processo de fusão da Sadia com a Perdigão, a compra da Ipiranga pela Petrobras, a abertura de capital da Submarino e da a reestruturação da Cosan.

O Termo de Compromisso é previsto na Lei 6.385/76, que criou a autarquia, e só é vedado no caso de processo que investigue acusações de lavagem de dinheiro (Lei 9613/98). O acordo não significa confissão de culpa nem é um atestado de absolvição mas, para quem pode pagar, representa uma salvação de um processo que poderia resultar em punição maior.

Nos últimos anos, a CVM tem elevado os valores individuais em alguns casos como foi o da Aracruz Celulose, em que o grupo de executivos da companhia pagou R$ 12,2 milhões para cessar o processo. Na média, a jurisprudência mostra que para encerrar um processo paga-se entre R$ 100 mil e R$ 200 mil.

O instrumento do acordo foi criado com a intenção de desestimular as práticas ilícitas, mas muitos controladores que fizeram o Termo com a CVM voltaram a ser processados pela autarquia. É o caso do empresário Eike Batista, que em 2009 fechou com a CVM um Termo de Compromisso em que pagou R$ 100 mil para encerrar processo que apurava sua responsabilidade por ter divulgado informações na imprensa no período da oferta de ações da OGX.

Quatro anos depois, o empresário volta a ser processado em 17 casos difrentes, sendo um deles por insider na venda de quantidade relevante de ações da OGX dias antes de anunciar problemas na atividade da companhia, que fizeram o valor da sua ação despencar na BM&FBovespa.

Para a pesquisadora da FGV/Direito, Angela Donnadio, a celebração desse grande número de termos pode estar comprometendo o caráter educativo-punitivo à ilicitude, uma vez que é suspenso o procedimento administrativo instaurado para apuração das infrações, encerrando a questão sem configurar confissão ou reconhecimento de ilicitude da conduta.

Ela ressalta que no caso de processos da CVM de abuso do poder do controlador de companhias abertas, o Termo é duplamente desfavorável aos acionistas minoritários pois o pagamento dos valores acordados geralmente são pagos pelo seguro Diretors and Officers (D&O), que é uma despesa da própria empresa.

Para o professor de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Thiago Bottino, o Termo não deveria se aplicar a ilícitos penais como a manipulação de mercado e o uso de informação privilegiada pois o fim da investigação pela CVM enfraquece a continuidade do inquérito criminal.

A CVM reforça, entretanto, que os casos são analisados individualmente e a decisão final é de toda a diretoria colegiada da autarquia.


Fonte: Brasil Econômico

RBS e sua contabilidade

A FCA, um dos dois novos reguladores financeiros do Reino Unido, disse na quarta-feira que o banco RBS não conseguiu relatar com precisão cerca de 44,8 milhões transações realizadas entre novembro de 2007 e fevereiro de 2013, e não fez nenhum relato em 804.000 transações entre novembro de 2007 e fevereiro 2012. A FCA exige que as empresas apresentem registros das transações de mercado, incluindo detalhes sobre o produto comercializado, a contraparte e o preço. Na maior parte das violações, o RBS usou identificadores internos para mostrar quem estava do outro lado das transações bolsistas, ao invés de códigos oficiais da FCA. Outros erros incluem preços incorretos ou gravação na hora errada do dia em ações e negociações de títulos.

Fonte: WSJ

Dívidas das empresas

Juros em queda, liquidez abundante e um empurrãozinho do governo para que os bancos abrissem a carteira de crédito foram os ingredientes de uma receita que permitiu que as empresas brasileiras aumentassem a fatia do endividamento proveniente de recursos de terceiros, nos últimos cinco anos.

Segundo levantamento do Centro de Estudos IBMEC, a pedido do Brasil Econômico, de dezembro de 2007 a maio de 2013, houve um aumento de 15,6 pontos percentuais (p.p.) no passivo financeiro das companhias [1] em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) - ao passar de 27% para 42,6% do fluxo total produzido no Brasil [2].

Nos países desenvolvidos, é comum que o crédito bancário chegue a 75%. "O número brasileiro é baixo se compararmos com o tamanho da economia brasileira. O problema é a distribuição . Existe uma concentração do crédito nas grandes empresas" [3], comenta Ricardo Torres, sócio da Norfolk Advisors.

Apesar de o mercado externo ter aberto as portas para as empresas brasileiras, os grandes responsáveis por esse salto não foram as linhas vindas do exterior e, sim, as fontes de recursos domésticas.

De acordo com o levantamento, as operações de crédito bancário direcionado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com recursos livres tiveram um avanço de 14,1 p.p., no período analisado. "Isso é reflexo do custo mais baixo desse tipo de dívida", comenta Carlos Rocca, diretor do centro e responsável pelo estudo.

A taxa de juros média das operações de crédito com recursos livres passou de 26%, em março de 2011, para 18,5% ao ano, em maio de 2013. Enquanto no caso dos créditos direcionados, a retração foi de 9,5% para os atuais 6,5%. "A tendência de queda nos juros é mais clara para as pessoas físicas, mas também houve retração nas pessoas jurídicas. É por isso que houve aumento expressivo na relação desse tipo de crédito e PIB ao passar de 19,2% para 29,6%", comenta Mariana Oliveira, economista da Tendências Consultoria.

Além dessas linhas, as empresas de capital aberto também contaram com maior exposição a debêntures, aproveitando a queda dos custos da operação. Segundo cálculos do Centro de Estudos IBMEC, o custo passou de 14%, em março de 2011, para 9,9%, em maio deste ano. (...)

Analisando as variáveis do mercado doméstico, crédito bancário e mercado de capitais, a conclusão do estudo é que o custo das operações de dívida das empresas abertas é bem menor do que as fechadas, em todos os períodos [4]. Em março de 2008, o custo das abertas era de quase 15%, enquanto das fechadas ultrapassava 17%. Em maio deste ano, as abertas atingiram 11,5% e as fechadas, 13,2%. "A maior transparência com relação aos números reduz o risco de crédito", afirma Rocca.


Dívidas das empresas chegam a 42,6% do PIB - Natália Flach - 25/07/13 10:55

[1] Não está claro que se trata de todas as empresas
[2] Comparar passivo com PIB não é muito conveniente. São valores distintos, com mensurações diferentes.
[3] Na realidade as pequenas e médias empresas lançam mão de outras formas de financiamento. Foram consideradas na pesquisa?
[4] Como era esperado.

Valor justo

Num artigo para Financial Times (The market is not the best place to set a fair price for assets, 11 de julho de 2013), John Kay discute alguns pontos cruciais sobre o valor justo.

Historicamente a contabilidade adotava o conceito do custo histórico e da prudência. Entretanto, recentemente tem-se movido para uma tendência a usar o valor justo e a neutralidade nas informações contábeis. A base desta mudança encontra-se na ideia da eficiência de mercado.

Um mercado é eficiente quando no preço dos ativos estão incorporadas todas as informações disponíveis. A adoção desta filosofia possui consequências para a contabilidade. A existência de mercados eficientes não é muito comum. Para suprir esta deficiência adota-se o conceito de valor justo. Kay considera que isto é um grande problema: mesmo quando existe mercado para um ativo o mesmo pode estar enviesado.

Outro aspecto é a existência de uma incoerência: o propósito das demonstrações contábeis é fornecer informações para o julgamento do usuário. Mas a contabilidade estaria usando o julgamento do mercado como base para a mensuração. Isto não significa que Kay defenda a volta do custo histórico, mas pede para que o preço de mercado seja adotado sem a crença que seja irrefutável ou infalível.

Automóveis nos países pobres

Os três gráficos são ilustrativos do que ocorre com os automóveis nos países pobres (laranja e preto). Com 84% da população mundial, estes países possuem 53% da frota de veículos. Mas 92% dos acidentes fatais!

Sobre ajuste: o mais importante problema científico

Quando um pesquisador possui um número de informações e decide construir um modelo para explicar os resultados, o resultado pode trazer um sobre ajuste (overfitting em inglês). Um software estatístico poderá calcular várias curvas e determinar aquela que melhor descreve seus dados. Assim, para um conjunto de dados, o pesquisador pode calcular uma regressão linear simples, múltipla, exponencial, logaritma, etc.

O problema em buscar o melhor modelo é que no conjunto de dados que o pesquisador estiver usando deverão existir alguns que são “ruídos”, em razão de erros de medição, por exemplo. Esses ruídos tendem a desvirtuar o resultado, mesmo que a qualidade do modelo seja elevada.

O sobre ajuste é um problema: apesar do modelo parecer muito bom depois dos cálculos inicias, quando é testado na realidade revela-se ruim.

O sobre ajuste é muitas vezes ignorado pelos pesquisadores por duas razões: (a) desconhecimento do problema; (b) necessidade de ter dois momentos, um para determinação das variáveis e outro para sua comprovação.

Para Ler mais:
SILVER, Natan. O sinal e o ruído. Capitulo 5. São Paulo: Intrínseca, 2012.

Auditoria e Incentivos

O texto a seguir apresenta uma relação interessante entre os incentivos concedidos aos auditores e a qualidade do seu trabalho. 
O negócio de auditoria baseia-se no que Joshua Ronen, professor de contabilidade da Universidade de Nova York uma vez chamou de "enfermidade estrutural".

Os auditores são pagos pelas empresas que auditam, da mesma forma que as agências de classificação de risco são pagas pelas empresas por elas classificadas. Isto faz com que os auditores tenham um incentivo para mentir por seus clientes.

Estes conflitos de interesse estiveram presentes nos escândalos de contabilidade corporativa no início dos anos 2000 e mais tarde na derrocada das hipotecas de alto risco década.

Agora, uma nova classe de economistas, que prefere fazer experimentos em vez de usar velhos modelos, acredita ter encontrado evidências de uma fórmula melhor: Pagar auditores de um fundo centralizado, verificar aleatoriamente o trabalho deles e vincular o pagamento à precisão. Ou seja, mudar os incentivos.

O cenário para o experimento foi o Estado de Gujarat, na Índia, onde as autoridades lutam contra a poluição produzida por indústrias têxteis. Isso está longe de Wall Street e das reuniões de conselho das grandes empresas, mas o pesquisador Michael Greenstone, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, diz que "todos os mercados de auditoria terceirizada compartilham essa característica: o auditor é contratado e pago pela empresa que está sendo auditada."

Diante do fracasso das inspeções para reduzir a poluição, os tribunais da Índia lançaram auditorias externas em Gujarat, em 1996. Era um sistema sofisticado. Nenhum auditor poderia auditar uma empresa por três anos consecutivos para evitar um relacionamento próximo demais. O Conselho de Controle de Poluição não deu moleza. Cortou a eletricidade das plantas quando os auditores descobriram que elas estavam desrespeitando as regras.

Mas, os problemas continuaram. Alguns auditores estavam cobrando a metade do que custava para fazer os testes anuais necessários, o que sugeria que eles estavam enviando resultados falsos. Suspeitava-se que alguns recebiam propinas. Algumas fábricas haviam instalado equipamentos antipoluição, mas não os usavam.

Ao analisar os resultados dos testes de um poluente, os pesquisadores encontraram indícios de corrupção: 73% das leituras iniciais dos auditores ficaram um pouco abaixo do regulamentado e somente 7% dos testes detectaram violações. Novas inspeções das mesmas fábricas por inspetores de nível mais alto revelaram que só 18% delas tiveram resultados um pouco abaixo do regulamentado, enquanto 59% violaram as regras.

Greenstone e seus colegas - a pioneira experimentalista Esther Duflo, do MIT, e Rohini Pande e Nicholas Ryan, da Universidade Harvard - analisaram 473 fábricas têxteis.

Na metade delas prevalecia o método convencional. As fábricas contrataram auditores pelos preços de mercado. Na outra metade, os auditores foram designados aleatoriamente e receberam só o suficiente para cobrir custos, de um fundo centralizado. Eles também foram avisados que havia uma chance em cinco de que um inspetor independente iria conferir o trabalho deles. Nesse segundo grupo, uma proporção menor das leituras iniciais (39%) ficou um pouco abaixo da norma regulamentar e mais leituras ficaram acima (42%). As reavaliações também ficaram mais próximas das leituras iniciais.

No segundo ano, os pesquisadores adicionaram um elemento ao experimento. Os auditores receberiam um bônus se os resultados obtidos por eles fossem próximos aos encontrados pelos segundos auditores, dando a eles mais uma razão para serem precisos. O resultado? Um aumento acentuado nos níveis de poluição relatados pela auditoria inicial.

No geral, os auditores do grupo experimental foram 80% menos propensos a relatar falsamente que a planta estava em conformidade com os regulamentos sobre poluição do que os auditores do grupo convencional. Alguns auditores trabalharam em ambos os grupos de fábricas - e a pesquisa mostra que eles se comportaram de maneira muito diferente, dependendo das circunstâncias.

O Conselho de Controle de Poluição de Gujarat não se importa que o resultado da pesquisa seja publicado na prestigiada publicação "Quarterly Journal of Economics", dos EUA. A preocupação é de reduzir a poluição.

Assim, os economistas foram verificar o que as fábricas estavam fazendo. Aquelas no grupo experimental reduziram as emissões de água contaminada durante o período de dois anos. Os pesquisadores supõem que seus gerentes mudaram seus métodos porque perceberam que os reguladores estavam recebendo informações mais realistas das auditorias e que isso levaria a punições indesejáveis. Os maiores avanços vieram das piores poluidoras, em maior risco de serem fechadas pelas autoridades.

O conselho de poluição agora quer adotar alguns elementos usados no experimento, desenvolvendo software para designar aleatoriamente auditores em vez de deixar que as fábricas os escolham, planejando proibir a negociação de honorários de auditoria e se preparando para iniciar segundas inspeções aleatórias.

Auditar empresas multinacionais é diferente do que monitorar a poluição de indústrias. A rotação frequente de auditores pode ser ineficiente, pois pode levar algum tempo para um contador entender uma empresa, apesar dos EUA estarem considerando passar a exigi-la.

Mas a lição de Gujarat é clara. Existe uma maneira de pagar auditores externos para que eles tenham o incentivo de dizer a verdade.


Uma fórmula para estimular auditores a dizer a verdade - Valor Econômico - 24/07/2013

Receita Federal e Fisco

A Receita Federal não poderá mais divergir de entendimentos do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e autuar contribuintes [1]. A presidente Dilma Rousseff sancionou lei que vincula a fiscalização às decisões proferidas pelos ministros por meio de repercussão geral e recurso repetitivo. Até então, os fiscais e as 15 delegacias regionais de julgamento da Receita - primeira instância administrativa - eram obrigados apenas a seguir entendimentos proferidos em ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) ou súmulas vinculantes do Supremo.

A medida busca dar eficiência à administração pública, dizem fontes da Fazenda Nacional, ao evitar o ajuizamento de recursos de contribuintes contra cobranças fiscais já declaradas ilegais pela Justiça. A aprovação de uma lei sobre o assunto era uma exigência da própria Receita Federal.

Recentemente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, aprovou parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) que recomendava a vinculação do Fisco às decisões dos tribunais superiores. A Receita, porém, exigiu uma previsão legal para dar segurança aos fiscais, que podem ser responsabilizados por deixar de cumprir a função de fiscalizar e autuar.

Segundo advogados, a lógica anterior era perversa. As empresas continuavam sofrendo autuações, com multa e juros, sobre questões já resolvidas definitivamente pelo Judiciário. "O efeito era muito ruim, mesmo sabendo que o contribuinte iria vencer a causa. Havia gastos com a ação, além da necessidade de provisão em balanços [2]", diz o advogado tributarista Luiz Rogério Sawaya, sócio do Nunes e Sawaya Advogados.

A vinculação da Receita Federal aos tribunais superiores está prevista na Lei nº 12.844, publicada na sexta-feira em edição extra do Diário Oficial da União. A norma trata de vários temas, entre eles a ampliação da lista de setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamentos. Na lei, o Fisco também foi proibido de cobrar PIS e Cofins sobre os créditos do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra).

Pela lei, porém, os recursos repetitivos só serão aplicados se não houver chance de contestação no Supremo. E o Fisco só desistirá da cobrança de determinado tributo com o aval da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Por meio de nota, a Receita informou que cumprirá a lei imediatamente e que já possui uma lista de casos passíveis de desistência, que precisará ser aprovada pela PGFN.

A procuradoria-geral cita, inicialmente, duas decisões do STJ que serão seguidas pelos fiscais. Numa delas, os ministros consideraram ilegal, em 2010, a cobrança de Imposto de Renda sobre verbas recebidas a título de indenização por desapropriação. O outro caso envolve a contribuição previdenciária paga por fornecedor de mão de obra. Em novembro de 2010, o ministros determinaram que a retenção do tributo é de responsabilidade do tomador do serviço, logo não há responsabilidade solidária da empresa que cede os empregados.

A lei aprovada pela presidente Dilma Rousseff ainda determina que a Receita, nos casos em que já tiver exigido determinado tributo considerado ilegal por tribunal superior, reveja seus lançamentos "para efeito de alterar total ou parcialmente o crédito tributário".

A nova regra foi comemorada por advogados e reforça, segundo fontes do Ministério da Fazenda, a lógica do sistema. No Judiciário, a PGFN já deixa de recorrer em casos pacificados pelos tribunais superiores. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), da mesma forma, aplica os entendimentos do Supremo e do STJ.

Para tributaristas, porém, a eficiência da medida dependerá da Receita. "A fiscalização pode ter interpretação diferente e tentar desenquadrar os casos do precedente julgado", diz o advogado Maurício Faro, presidente da Comissão Especial de Assuntos Tributários da seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ). "De toda forma, a lei dá segurança aos fiscais." Segundo Faro, a OAB-RJ vai propor que o governo fluminense adote medida semelhante.

O advogado Luiz Rogério Sawaya aponta ainda que a apresentação de embargos de declaração poderá atrasar a aplicação de entendimentos. Em 2010, por exemplo, o STF decidiu que o Fisco não pode quebrar sigilo bancário sem ordem judicial. Porém, recentemente, conta Sawaya, o Carf optou por não julgar um processo sobre a questão porque ainda há embargos de declaração no processo do Supremo. "Só porque o caso não transitou em julgado, o Carf não aplica a decisão. É um formalismo excessivo", afirma.

Receita deve seguir decisões do STF e STJ - Valor Econômico - 24/07/2013

[1] Somente agora? Parece um absurdo esta notícia.
[2] A provisão não está relacionada com este assunto. E isto não seria um problema, pois não afeta diretamente o fluxo de caixa

Mudança no Fasb

O vice-chairman do Financial Accounting Standards Board será James Kroeker, informou a Reuters. Anteriormente, Kroeker foi da Deloitte e da SEC, onde trabalhou durante a crise financeira. Quando estava na SEC Kroeker foi defensor da convergência com as normas do Iasb. E somente quando saiu daquela entidade é que a SEC divulgou o famoso relatório criticando a convergência.

Kroeker é o segundo ex-funcionário da Deloitte nomeado para o Fasb este ano. Anteriormente, Russell Golden foi nomeado substitudo de Leslie Seidman.

É também interessante notar que o grupo das maiores economias do mundo gostariam que algumas normas convergissem, conforme noticiado anteriormente no blog. O cargo de vice-chairman existia nos primórdios do Fasb e foi eliminado mais tarde. A nomeação de um vice-chairman agora pode implicar que as atividades diárias do Fasb sejam realizadas por Kroeker.

Petrobrás

A situação da empresa não é muito boa. Veja o seguinte artigo publicado no Brasil Econômico

A opção da equipe econômica, no final de dezembro de 2012, foi apelar para a "contabilidade criativa" para jogar para debaixo do tapete aquilo que já era sabido: a situação econômica do país estava ruim.

Se não bastasse os atrasos no reconhecimento das importações de petróleo, prorrogados para o primeiro trimestre de 2013, a Petrobrás se viu envolvida em escândalos que delapidaram o seu caixa em pelo menos US$ 1 bilhão, como o caso Pasadena. Agora novos problemas surgem.

Recentemente, o Fisco vem cobrando R$ 7,3 bilhões em dívidas apuradas entre 1999 e 2002, referente às remessas efetuadas para o exterior para pagamento de afretamento de plataformas petrolíferas móveis. A empresa contesta a dívida, mas se não houver acordo certamente novos reflexos serão sentidos nos resultados.

Para que possa gerar caixa para novos investimentos, a Petrobrás vem se desfazendo de ativos pelo mundo. Os recursos devem ser destinados em capital de giro e redução do endividamento.

Os valores, porém, estão aquém das necessidades da companhia, tanto que sua nota de risco esteve em perspectiva negativa de acordo com a S&P, prejudicando a busca por empréstimos com taxas mais baixas.

A recente desvalorização do real frente ao dólar foi outro fator que trouxe sensíveis prejuízos aos resultados da Petrobras, uma vez que o endividamento está indexado ao dólar. Sua dívida líquida exposta de cerca de R$ 100 bilhões geraria algo em torno de R$ 10 bilhões em resultado negativo.

A manobra de Contabilidade de Hedge levará a uma inversão de valores no resultado na ordem de R$ 7 bilhões possibilitando, inclusive, o pagamento de dividendos aos acionistas no segundo trimestre.

Como será a mágica: a Petrobrás utilizará de um recurso contábil previsto pela Comissão de Valores Monetário (CVM) através do qual, havendo grande valorização do câmbio em determinado período, o montante do ajuste poderá ser lançado no patrimônio líquido da companhia e reconhecido em até sete anos, prevendo que futuramento dos resultados positivos possam diminuir os seus efeitos negativos do reconhecimento da mini ou maxidesvalorização da moeda nacional.

A manobra elevará o lucro e possibilitará o pagamento maior de Imposto de Renda, Contribuição Social, assim como de dividendos para os acionistas (leia-se governo como maior acionista). Caso houvesse o reconhecimento da totalidade da perda cambial nada seria desembolsado, evitando nova descapitalização da empresa.

Portanto, se a situação de mercado permanecer, é possível que o crescimento déficir seja maior. O fato é que os analistas já estão de olho nesse cenário e o reconhecimento da perda cambial ainda não refletida no resultado vai reduzir o patrimônio líquido contábil da empresa.