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07 junho 2013

Talento e erro

Um funcionário talentoso é aquele que comete poucos erros. Provavelmente este funcionário será bem remunerado e estaria menos sujeito a ser despedido de uma empresa. Acredito que nenhum leitor irá discordar destas afirmações. E certamente isto também será válido para a área contábil, onde os contadores mais talentosos serão aqueles que cometem menos erros.

Mas como comprovar que isto é verdadeiro na prática? Somente o senso comum não é suficiente para que as afirmativas anteriores sejam consideradas verdadeiras pela ciência. É necessário que dados práticos possam responder a esta questão.

Três pesquisadores australianos conseguiram mostrar que a qualidade do profissional contábil está relacionada com a sua remuneração e chance de ser mandado embora. Para comprovar a qualidade, os pesquisadores pensaram numa situação onde os executivos contábeis das grandes empresas fossem submetidos a um teste para determinar seu talento. Para sorte dos pesquisadores, esta situação ocorreu na própria Austrália.

Este país adotou em 2005/2006 as normas internacionais de contabilidade do Iasb. Estas normas foram adotadas no mesmo período para todas as empresas, já que a adoção preliminar não foi permitida naquele país. Isto criou uma competição entre os responsáveis pela contabilidade das grandes empresas daquele país, os CFOs, e a adoção no mesmo período simplificou os testes que eles realizaram.

Mas como medir o talento dos executivos? Para isto, os pesquisadores adotaram um subterfúgio bastante criativo: os executivos mais talentosos seriam aqueles que as empresas cometeriam menos erros na adoção inicial das IFRS, as normas internacionais de contabilidade.

Assim, era possível verificar o desempenho da contabilidade das empresas numa situação de uma grande alteração para todas as empresas. Controlando diversos fatores econômicos e o tamanho do erro, os achados dos pesquisadores australianos foram interessantes. Com 280 empresas australianas, a pesquisa encontrou uma relação entre o talento dos contadores e sua remuneração. Isto comprova o senso comum comentado no início do texto.

Os efeitos também ocorreram no ano seguinte, quando os executivos mais talentosos obtiveram uma remuneração, sob a forma de bônus, mais elevada que os menos talentosos. Finalmente, os contadores que cometeram menos erros na fase de transição tinha mais probabilidade de permanecer na empresa do que aqueles que erraram mais.

Assim foi possível comprovar que contadores mais talentosos são recompensados. Pelo menos na Austrália.

Leia mais

LOYEUNG, Anna; MATOLCSY, Zoltan; WELLS, Peter. IFRS errors, CFOs´accounting talento, compensation and turnover. Working Paper, 2011

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