Provavelmente a primeira obra em língua portuguesa que trata
efetivamente da contabilidade foi o Diccionario do commercio, de Alberto
Jacqueri de Sales. A obra é uma adaptação do Dictionnaire universel de
commerce, de Jacques Savary des Bruslons (1657-1716), que foi editado em Paris.
O livro, escrito à mão e em quatro volumes, pode ser encontrado na BibliotecaNacional de Portugal. A
data de publicação informada pela Biblioteca Nacional é de 1723.
Mas estamos sendo otimistas ao afirmar que se trata da
primeira obra de contabilidade. Em primeiro lugar, como é um dicionário do
comércio, as páginas dedicadas a assuntos como “pano” são extensas, mas sobre
as partidas dobradas a obra é sucinta (em linguagem da época):
Termo mercantil, que
seria decerto methodo, que os Italianos inventarao para escriturar os livros
dos commerciantes por Debito e Credito. Vide Arte de Escriturar.
No verbete “Arte de Escriturar” quatro páginas descrevendo
as partidas dobradas. Mas aqui percebemos o segundo motivo para sermos
cuidadosos em afirmar que se trata da primeira obra sobre partidas dobradas em
língua portuguesa. Num determinado trecho do verbete, o autor faz uma
adaptação, citando uma legislação portuguesa de 1756, a “Lei das Quebras” e
outra de 1757, o “Estatuto dos Mercadores de Retalho”.
Assim, temos bons motivos para crer que esta obra não pode
ser considerada a primeira a tratar das partidas dobradas, seja pelo seu caráter
restrito, seja por ter sido publicada após 1757.
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