O lucro acumulado [1] das 325 empresas de capital aberto do País teve queda de 33,29% no ano passado, segundo levantamento da Economática. No total, o lucro dessas companhias caiu de R$ 192,5 bilhões em 2011 para R$ 128,4 bilhões em 2012. As empresas ligadas à área de commodities (petróleo, siderurgia, mineração e energia), as do segmento de construção e os bancos tiveram os piores resultados.
"Se tirarmos as principais estatais - Petrobrás, Eletrobrás e Banco do Brasil a queda é de 27,95% [2]", diz Einar Rivero, autor do levantamento e gerente de relacionamento institucional e comercial da Economática.
O lucro líquido caiu mais dramaticamente, em porcentagem, para o setor de construção civil: despencou do resultado positivo de R$ 3,4 bilhões em 2011 para um prejuízo de R$ 1,03 bilhão no ano passado, totalizando queda de 130,44% [3]. Os R$ 2,17 bilhões em perdas da PDG Realty puxaram para baixo os números do segmento [4].
"Os custos da construção subiram muito", explica Catarina Pedrosa, analista do Banco Espírito Santo (BES). "Antes de iniciar uma obra, as empresas fazem um orçamento. O que aconteceu é que, no momento da construção, os custos extrapolaram esse orçamento. Essa diferença pesa nos resultados das construtoras", diz Catarina.
As empresas de siderurgia e metalurgia, mineração, petróleo e energia também tiveram um ano ruim. As siderúrgicas tiveram queda média de 103% no lucro acumulado [1]. As de mineração amargaram diminuição de 76% e as de energia, de 61%.
O câmbio, segundo Catarina, foi um dos fatores que prejudicaram essas companhias. "O dólar começou o ano valendo R$ 1,87 e terminou a R$ 2,04. Só isso gera uma perda média de 10% [5] sobre qualquer dívida em dólar que essas empresas têm", afirma.
Dentre esses quatro setores - todos de commodities -, dois tiveram um ano de queda no lucro por conta de fatores ligados à piora nas condições do mercado externo. Foi o que impactou as empresas de mineração e siderurgia. Os outros dois segmentos - petróleo e energia - foram afetados por medidas do governo, que acabaram influenciando também o resultado ruim dos bancos. Embora tenham sido as empresas mais lucrativas do ano, com R$ 45,7 bilhões, o resultado dos bancos encolheu R$ 4,39 bilhões, ou 8,76% em relação a 2011.
"A redução das taxas de juros : pelo governo gerou um impacto negativo no resultado dos bancos", explica Rivero. "O governo também segurou o preço dos combustíveis e isso prejudicou principalmente a Petrobrás." Já as novas regras para o setor de energia afetou as elétricas, como a Eletrobrás, que teve no fim do ano passado o pior resultado trimestral de uma companhia aberta na história do mercado financeiro brasileiro: um prejuízo de R$ 10,49 bilhões.
Do outro lado. Os números negativos do levantamento da Economática, segundo o analista André Cleto Carvalhaes, da AC2 Investimentos, refletem o cenário ruim para as commodities. Mas, desconsiderando o resultado dessas companhias e as do setor financeiro, o panorama é um pouco mais animador. Nesse grupo estão 94 companhias, principalmente as do setor de bens de consumo e comércio.
"O lucro dessas empresas aumentou de R$ 43,8 bilhões para R$ 45,1 bilhões", disse Carvalhaes. A maior delas é a Ambev, que teve lucro 20% maior. Em seguida vêm Telefônica e Cielo (veja ao lado). Tiveram grandes altas no lucro empresas como a Kroton, de educação, que lucrou 540% mais, e IMC (de restaurantes), com crescimento de 950%. "Essas empresas estão mais ligadas à economia doméstica", disse o analista.
Lucro das empresa de capital aberto teve queda de 33% no ano passado - Lílian Cunha - O Estado de S. Paulo - 03/04/2013
[1] O termo melhor seria "o lucro somado". "Lucro acumulado" seria outra coisa.
[2] Isto mostra que o desempenho ruim não se deveu somente as estatais.
[3] Os cálculos percentuais estão corretos !
[4] Se não fosse o resultado desta empresa o setor teria lucro.
[5] Na verdade seria 9,1%
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