O que tem em comum Tom Jobim, o presidente Putin, o filho de Kadhafi, Chris “Cauda Longa” Anderson e a revista Fortune? Todos já foram acusados de plágio.
Na universidade, o plágio é considerado um dos maiores problemas. Alguns sugerem uma punição severa, mesmo que a cópia seja de algumas linhas, com a reprovação ou a retirada de circulação do artigo publicado. Em certas instituições de ensino, somente após receber um certificado de originalidade é que o aluno recebe o título de graduado.
Apesar da existência de softwares que permitem a descoberta do plágio, o problema continua a acontecer.
Mas o que fazem as universidades? Elas possuem uma política clara sobre o assunto? Uma pesquisa de Marcelo Krokoscz, publicada na Revista Brasileira de Educação (e sugerida por Alexandre Alcantara, grato) faz um estudo comparativo entre as diversas instituições. Krokoscz escolhe três instituições de ensino classificadas como as melhores de cada continente e pesquisa para saber se existe uma política institucional contra o plágio. Usa, para fins comparativos, informações da USP, Unicamp e UFSC. O resultado é assustador. Enquanto as universidades dos EUA, Europa, Ásia e Oceania possuem medidas institucionais sobre o assunto, medidas preventivas e corretivas, as instituições brasileiras restringem sua política em algumas soluções preventivas e, no caso da USP, algumas medidas corretivas. E tão somente. Isto significa dizer que o problema do plágio não é atacado pelas nossas universidades, sendo objeto de algumas ações individuais.
Sendo avaliador de artigos científicos e professor universitário convivo com o plágio rotineiramente. No último semestre solicitei artigos para meus alunos. Mesmo avisando para não fazerem cópias, dos 30 trabalhos que recebi, cinco receberam nota zero por plágio. Isto apesar dos avisos em sala de aula e da minha fama de ser intolerante quanto ao assunto. Como avaliador, já tive a experiência de ler um texto para um periódico e ao final descobrir que o mesmo era uma tradução de um artigo publicado em língua inglesa.
Talvez seja necessário que os professores que acreditam que o plágio seja algo errado tenham um apoio das suas instituições de ensino. Que, pela pesquisa, parece não acontecer nos dias de hoje no Brasil.
Leia mais em: KROKOSCZ, Marcelo. Abordagem do plágio nas três melhores universidades de cada um dos continentes e do Brasil. Revista Brasileira de Educação. Volume 16, n. 48, 2011.
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