Em postagens anteriores (vide abaixo) comentamos a utilização de métodos quantitativos. Esta postagem é útil para situação onde o trabalho já está pronto. Fizemos um check-list para verificar se o método quantitativo utilizado agregará valor ao trabalho ou será um ponto negativo.
1 – Simplicidade – muitas vezes o segredo do bom uso de um método quantitativo é a sua simplicidade. Os trabalhos que tenho lido em periódicos de primeiro nível não se caracterizam pela complexidade. Pelo contrário, é possível encontrar muitos artigos onde se utiliza regressões lineares. Certa vez, participando de uma comissão avaliadora com um conhecido autor da área quantitativa, ele chamou a atenção para simplicidade, e eficiência, do teste de média utilizado pelos autores de finanças comportamentais na década de 70.
2 – Aplicabilidade – O segundo aspecto importante é saber se o método usado pode ser verdadeiramente aplicável a situação. Um pouco antes de escrever esta postagem estava analisando um trabalho de congresso onde o autor usava análise discriminante num estudo de caso. A análise discriminante é muito usada para separar grupos de empresas; em particular, foi usada no passado para desenvolver indicadores de solvência. Para isto, os pesquisadores usavam um grande conjunto de dados (empresas). Entretanto, o uso da análise discriminante para uma só empresa não faz muito sentido.
3 – Pressupostos – O trabalho está considerando todos os pressupostos do método utilizado? Quando usamos uma média, devemos estar alertas para o fato de esta medida ser muito influenciada pelos valores extremos. Quando chamamos a atenção para os pressupostos, verificamos se as condições necessárias para sua utilização foram satisfeitas. Este aspecto é desagradável, pois significa que quando os pressupostos não são atendidos devemos buscar alternativas.
4 – Meio e fim – É importante que o método quantitativo seja um meio, nunca o fim. Isto significa que o instrumento não deve ser o aspecto mais relevante do trabalho. Sabemos que isto ocorre quando no título do trabalho aparece o nome da técnica; algo como “O uso de Análise Fatorial na Análise de Balanços”. Outra forma de perceber isto é na descrição do objetivo, quando o autor afirma, por exemplo, que o texto “pretende apresentar uma aplicação da análise fatorial”.
5 – Default do software – A utilização do software no cálculo de um método quantitativo está baseada numa série de default. Assim, quando usamos uma média aritmética simples é preciso saber, por exemplo, como o software tratou os dados inexistentes: foram desconsiderados, considerados como igual a zero ou outra opção. Em métodos mais sofisticados, os softwares apresentam inclusive alternativas de mudar o default do cálculo; é importante que se saiba da razão de usar este default.
6 – Todos os passos – Quando usamos um método quantitativo, temos uma série de passos: alguns dados foram excluídos, fizemos algumas transformações, verificamos os pressupostos, entre outros. Em cada passo, fizemos escolhas. Estas escolhas precisam ser apresentadas no trabalho, para permitir que as pessoas tenham ideia das limitações e alcance da pesquisa.
7 – Analise os resultados relevantes – Após apresentar os resultados, o pesquisador precisa analisar os resultados relevantes. Isto inclui as estatísticas descritivas, os sinais da regressão, a diferença entre o resultado obtido e o resultado esperado, as explicações possíveis para o inesperado, entre outros aspectos.
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