Um complemento importante na utilização de métodos
quantitativos em trabalhos acadêmicos é o software. Quais os critérios que devo
usar para selecionar o programa computacional adequado para a minha pesquisa? Obviamente
este texto não possui validade para aquelas situações onde a escolha do
software é feita de maneira compulsória por terceiros. Uma situação deste tipo
é quando o professor adota um programa na sua disciplina.
A seguir apresentamos cinco características fundamentais que
devem ser levadas em consideração na escolha:
1 – O que você pretende fazer?
A escolha do software depende, e muito, das suas
necessidades. Provavelmente em muitos casos uma planilha eletrônica resolve a
maioria dos casos. Livros como Christoffersen (Elements of Financial Risk
Management) mostram que é possível, com o Excel, estudar profundamente modelos
de risco. Benninga fez o mesmo na sua obra (Financial Modelling) sobre
avaliação. Isto prova nosso argumento.
Entretanto, algumas aplicações demandam um programa mais
sofisticado, que você não consegue fazer somente com a planilha eletrônica. Se
você está interessado em simulações, o Crystall Ball é recomendado; análise
multivariada é melhor no SPSS; aplicações com series temporais é mais adequado
no Eviews e assim por diante.
2 – Você quer simplicidade ou impressionar?
Como a maioria das pessoas já conhece uma planilha
eletrônica, um software estatístico talvez não seja recomendável para quem
deseja simplicidade. Mas no ambiente acadêmico pode ser importante impressionar
o público alvo. Neste caso, revelar que você fez seus testes numa planilha não
é aconselhável. É muito mais sofisticado dizer que usou o SPSS, versão 17.0. E
quanto mais atual a versão do software, mais impressionada ficará a plateia.
3 – Você tem limitações orçamentárias ou não usa produtos
piratas?
Um software estatístico é muito dispendioso. Comprá-lo pode
comprometer seu orçamento, exceto se seu trabalho consegue obter a licença. Se
você não usa produtos piratas, a escolha pode recair por programa mais baratos
ou gratuitos. Uma boa alternativa para o Eviews é o Gretl, que é um software
livre de boa qualidade. Mesmo para o Excel, o BR Office ou o Docs do Google são
alternativas gratuitas.
4 – Você irá necessitar de ajuda?
Este é um ponto relevante, geralmente desprezado, na
escolha. Provavelmente você irá encontrar algumas dificuldades na utilização do
software. Se você conhece um amigo que já usa um desses programas, isto pode
ser relevante nos momentos de desesperos. Outra possibilidade é escolher um
software que possua uma referência adequada. Nos dias de hoje é muito comum que
os livros de métodos quantitativos sejam acompanhados de tópicos relacionados a
utilização de softwares. Algumas obras enfatizam isto de forma bem marcante. O
livro excelente de Fields (Descobrindo a Estatística Usando o SPSS, Artmed) é um
exemplo disto: ele mostra como usar a técnica de maneira muito didática e
acompanhada de como você pode fazer a aplicação no SPSS, um dos softwares mais
populares.
5 – Você tem dificuldade com a curva de aprendizagem?
Um dos grandes problemas na utilização das máquinas
(computadores, principalmente) é o nosso processo de adaptação aos comandos que
já conhecemos. Quando mudamos de editor de texto, por exemplo, temos uma dificuldade
de saber onde estão os comandos que precisamos. O mesmo ocorre com os softwares
na área quantitativa. Se você já conhece os comandos de uma planilha
eletrônica, poderá ter um pouco de dificuldade de usar um software como o R,
mas a adaptação talvez seja mais rápida no Cristall Ball. Se você gosta de
desafios, a primeira opção é aconselhável, já que em muitos casos você deve
inserir os comandos que a máquina irá executar. Apesar de muitos programas apresentarem uma “aparência”
próxima aos produtos da Microsoft, não deixe de levar isto em consideração.
Outros textos sobre este assunto: Uso do editor de texto, técnicas mais usadas e método que devo usar
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