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04 março 2013

Contador em 1843

O ano de 1843 marca os primeiros momentos do segundo reinado. O Brasil já tinha 21 anos de nação independente. Mesmo com pouco tempo de vida, a sociedade brasileira já sabia a relevância da contabilidade. No jornal O Commercio, editado na Bahia, com quatro páginas em cada edição, um comentário sobre a Casa da Santa Misericordia mostra este aspecto:

Primeiro que tudo, cumpre dizer, que a Casa não tem uma escripturação regular, sem a qual, como bem se sabe, não póde marchar com segurança uma administração qualquer, e por isso a que existe não offerece a necessária luz para bem entrar-se no conhecimento exacto do verdadeiro estado da mesma Casa.

O curso superior de contabilidade somente seria criado décadas depois, mas já nesta época o termo contador já era bastante utilizado. Uma demonstração publicada no Commercio, em 20 de julho de 1842, traz a assinatura de Christovam Pessoa da Silva, assinando como “servindo de contador”. Nas páginas deste jornal, muitas informações sobre a contabilidade pública. É possível perceber a existência de prestação de contas da província, a discussão sobre créditos suplementares, entre outras situações, como é o caso apresentado a seguir:

Na área privada, a leitura do Commercio mostra na última página muitos classificados relacionados aos escravos (venda e anúncio de fuga, principalmente). A figura a seguir mostra um pouco disto: na primeira parte sobre um escravo que fugiu e a potencial recompensa. Depois, um caso de uma dívida e os ativos do devedor: casa, escravo, trastes.

Mas os serviços contábeis não eram comuns nos classificados. Existe um caso, apresentado a seguir:

Quem precisar de um caixeiro de escripta, com boa letra e entendendo de contabilidade, à rua direita do Collegio, casa n. 8 se dirá que a´isso se propõem, sendo nos dias de serviço das 2 horas as 6 da tarde, e nos feriados e santos das 8 em diante.

Observem que a caligrafia era um aspecto relevante para o profissional da área. O profissional afirma ser um “caixeiro de escripta”, não um guarda-livros ou contador.

Um comentário:

  1. Muito interessante a história da contabilidade no Brasil.
    Qual a fontes destes recortes?

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