No início de 1905, o Chefe do Estado do Paraná baixou um
decreto com a criação do Instituto
Commercial (Lei 587 de 18 de março de 1905). Em 1906 o instituto estava
funcionando com 59 alunos matriculados. Naquela época, Minas (através da
Academia de Commercio de Juiz de Fóra, de 1894), São Paulo (Escola de
Commercio, de 1902) e o Distrito Federal (ou Rio de Janeiro) já possuíam ensino
comercial regular. Destaque-se que somente a Argentina (desde 1872) e os
Estados Unidos possuíam ensino comercial na América.
O ensino comercial seria de três anos, com um curso
preparatório e um “curso superior”. O
detalhamento do conteúdo encontra-se a seguir:
Curso Preparatório:
caligrafia; português – exercício de ortografia e redação; línguas estrangeiras;
princípios de contabilidade; aritmética; álgebra elementar; geometria elementar;
noções de física e química; história e geografia; desenho.
Curso Superior: caligrafia;
línguas estrangeiras; contabilidade; matemática aplicada ao comércio; estudo de
mercadorias; análise e manipulações; estudo de transportes; utensílios comerciais;
geografia comercial; história do comércio; elementos de direito civil e
processo; legislação comercial, marítima e industrial; legislação financeira e
aduaneira; economia política; desenho.
Perceba o leitor a ênfase elevada na troca comercial,
incluindo aquela com outros países. Na fase de criação, os documentos
existentes na Biblioteca Nacional mostram com mais detalhes os conteúdos que
eram ministrados no país, através dos parâmetros das “experiências feitas nos
diversos países e como é dado na Academia de Commercio de Juiz de Fóra”. Gostaria
de destacar particularmente três disciplinas: contabilidade, matemática aplicada
e análise e manipulações.
Em contabilidade geral
e prática de escritório, os estudos são divididos em três partes: comercial
(transportes por terra, operações de compra e venda, instituições especiais do
comércio), financeira (bancos, câmbio, bolsa de seguros, contabilidade pública
e administrativa e da contabilidade da indústria em geral) e trabalhos práticos
(correspondência e conhecimento completo – teórico e prático – dos livros
comerciais).
O conteúdo de matemática
aplicada era ensinado juros, descontos, contas correntes, cheques, metais
preciosos e sistema monetário, operações da Bolsa e cambio, operações
financeiras a longo prazo, fundo do Estado, valores industriais, empréstimos,
loterias, operações de companhias de seguros.
O nome análise das
manipulações é realmente estranho. Mas o conteúdo é bastante atual: “é um
curso essencialmente prático, permitindo aos alunos a decomposição dos produtos
comerciais, ensaios, reconhecimento das falsificações que constantemente se
praticam”.
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