Muitos professores gostam de dizer que num trabalho
acadêmico o importante é o conteúdo. E que um trabalho “bonitinho” não ganha
pontos. Usando um conceito muito contábil, o que importa é a essência, não a
forma.
Tenho sérias discordâncias sobre este ponto. Como avaliador e
orientador sei que a forma também é relevante. Pode não contar pontos, mas se
não prestar a atenção o aluno irá perder pontos.
Listei os cinco principais pecados cometidos por um aluno na
forma do trabalho.
1 – Letra - A letra escolhida poderá provocar reações
diferentes no avaliador. A regra geral é use uma fonte simples. O uso de fontes
complicadas torna o texto mais lento de ser lido. Para um trabalho acadêmico,
uma letra “Times New Roman” é uma opção razoável. Mas tipos como “Mistral” são
cansativas. Veja o exemplo a seguir:
O uso de fonte complicada pode gerar irritação do leitor. Outra
observação: a letra geométrica, como a horrenda e muito usada Arial, é
cansativa.
2 – Enrolation (Tamanho da letra e do parágrafo) – um dos
artifícios mais usados por alunos que fizeram um trabalho pequeno é aumentar o
tamanho da letra. Com isto, ocupa-se mais espaço da folha e o trabalho “rende
mais”. Parece que o aluno pensa que o professor é bobo e não irá perceber isto.
Tradicionalmente o tamanho é o 12, mas em muitos trabalhos de congresso e
monografias existem exigências específicas. Observe a regra para não correr o
risco de perder pontuação.
Outra maneira de tentar enganar o pouco do texto é mudando a
formatação do parágrafo. Isto inclui aumentar o espaço entre os parágrafos,
aumentar as margens, aumentar o espaçamento da primeira linha entre outras
possibilidades.
3 – Alinhamento – Em geral um processador de texto, como
Word ou Google Docs, possui quatro padrões de formação do alinhamento: à
esquerda, centralizado, à direita e justificado. Na dúvida, não arrisque: use
sempre o alinhamento justificado no trabalho científico.
4 – Tabelas e Gráficos – Um trabalho pode ser prejudicado
pela escolha inadequada de um gráfico ou apresentação ruim de uma tabela. Este
ponto merece, na verdade, uma postagem específica, que faremos no futuro. Mas
observe o gráfico a seguir:
Ele foi construído a partir de uma questão com respostas “sim”
e “não” e o valor total. Não sabendo
usar a planilha eletrônica, a pessoa juntou as respostas com o total, não
colocou a referência de cada cor, não colocou o título na figura, entre outros
pecados. Era muito melhor colocar uma tabela do que um gráfico com esta
qualidade de formatação.
5 – Belo Antônio – O Belo Antônio é um filme italiano com o galã Marcello
Mastroianni. Apesar de bonito, Antônio era impotente. Temos o oposto ao
trabalho desleixado: um trabalho muito caprichado, mas com conteúdo ruim. A
forma tenta disfarçar o problema da essência. Isto funciona quando o professor
não lê o trabalho. Mas para o professor que busca qualidade no texto, a frustração
pode não compensar.
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