Desde criança aprendemos de mentir é feio. Chamar alguém de mentiroso é uma ofensa. Uma pessoa que não fala a verdade pode ser excluída de um grupo social, perder uma eleição, ser processado pelo sistema legal, entre outras punições possíveis. As religiões associam a mentira com algo que deve ser evitado pelos seus adeptos e os meios de comunicação social gostam de pegar alguém mentindo.
Para a contabilidade, a questão da mentira é também muito importante. Muitas fraudes contábeis estão associadas a mentiras que as empresas contam para o mercado, sob a forma de números. De certa forma, a auditoria externa é um processo para verificar se a administração de uma empresa está mentindo para os usuários. E a auditoria interna procura saber se os funcionários estão mentindo para os administradores.
Uma pesquisa recente, conduzida por um professor da Universidad Autonoma de Madrid e pela Université du Québec à Montréal, tentaram descobrir quais as características que fazem um mentiroso. E chegaram a uma conclusão surpreendente.
Usando um experimento bastante simples, em que os participantes receberiam mais recompensa financeira se mentissem sobre a cor que foi sorteada, os pesquisadores tentaram verificar se gênero, religiosidade e origem do curso influenciaram o comportamento. López-Pérez e Spiegelman, os pesquisadores, não encontraram que estas variáveis influenciam na mentira dos participantes da pesquisa, exceto o tipo de curso. Os alunos de Negócios e Economia (Business and Economics) apresentaram os maiores níveis de mentira.
Neste tipo de curso, os alunos são ensinados a serem maximizadores. É interessante notar que somente os engenheiros tiveram um desempenho desonesto próximo aos alunos de negócios e de economia. Mesmo os estudantes de direito – que surpresa – tiveram um nível de honestidade maior.
Talvez isto reforce aqueles que defendem o ensino da ética nestes cursos. E seja um presságio para tomarmos cuidado com aqueles que conduzem os negócios de uma empresa ou traçam as políticas econômicas de um país.
Leia mais em: LÓPEZ-PÉREZ, Raúl; SPIEGELMAN, Eli. Do Economists lie More? Working Paper. Universidad Autonoma de Madrid, 2012
Concordo que a honestidade não é uma qualidade trabalhada nas escolas de negócio, mas acho que o ensino da ética não resolve. No meu curso já tive 2 disciplinas de ética e elas são completamente descoladas do curso. Acredito que o necessário é que o ensino como um todo seja permeado pela questão da honestidade, mais do que da ética, porque nas escolas de negócio há uma visão muito utilitarista do assunto, em termos de nos preocuparmos com os resultados das nossas ações mas não com a conduta essencialmente honesta, independentemente dos resultados.
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