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22 janeiro 2013

La Coruña

Um dos clubes mais tradicionais da Espanha, o Deportivo La Coruña, admite estar quebrado e pediu concordata. É o oitavo clube do país a falir desde o início da crise econômica em 2008, escancarando uma realidade radicalmente diferente da que vivem Real Madrid e Barcelona, que nesta semana dominaram a festa de gala da Fifa e mostraram que são a base de uma seleção mundial.

O La Coruña entrou com o pedido de concordata na Justiça quinta-feira à noite, medida que o protege por enquanto de uma falência total e exige que os credores entrem em negociação em relação a uma dívida que o clube tem de mais de US$ 130 milhões - cerca de R$ 263 milhões. Só ao fisco espanhol deve aproximadamente US$ 49 milhões (R$ 99 milhões).

Se um acordo não for alcançado, o clube que já teve Bebeto, Mauro Silva, Djalminha e Rivaldo como astros, poderá ter de suspender suas atividades, reabrir o time com um novo nome e começar da Quarta Divisão.

Em novembro a Justiça confiscou toda a receita de tevê do clube como forma de pagamento por seus impostos atrasados.

A situação financeira expõe a decadência de um clube que até há pouco tempo disputava títulos. O La Coruña foi um dos três times da Espanha a furar o controle total do Barça e Real Madrid entre os vencedores da Liga Espanhola nos últimos 20 anos (os outros foram Atlético de Madrid e Valencia). O título dos galegos veio na temporada 1999/2000.

O clube não conseguiu patrocinadores para bancar o time, realidade que também ameaça outros clubes. Em toda a Espanha, 15 dos 40 clubes das duas primeiras divisões estão em sérias dificuldades financeiras.

Oito deles, entre eles o Zaragoza, admitiram estar quebrados e recorreram à Justiça. O La Coruña é o primeiro caso entre os clubes de elite. E o próximo pode ser o Espanyol, de Barcelona, que já vem atrasando o salário de seus funcionários.

Por anos os clubes conseguiram se manter graças a empréstimos de bancos, patrocínios de empresas e até a ajuda do Estado. Mas com 25% de desemprego no país e uma recessão na economia, a Espanha ainda não vê uma luz no final do túnel para sua crise. O resultado é que o apoio financeiro aos clubes desabou e todo o modelo econômico foi colocado em questão.

Desequilíbrio. Segunda-feira, na festa de Gala da Fifa, a Espanha dominou a premiação. Mas não conseguiu disfarçar o mal-estar diante do fato de todos os craques jogarem para apenas dois clubes. Times menores insistem que enquanto o Real e o Barça mantiverem a maior parte dos recursos da Liga estarão enfraquecendo o campeonato.

A Federação Espanhola foi obrigada a criar um fundo de resgate para ajudar clubes a pagar salários atrasados de jogadores, já que muitos sequer podem pegar empréstimos nos bancos locais por estarem com seus nomes "sujos". Segundo a própria federação, o buraco nas contas dos clubes já chega a 3,5 bilhões (R$ 9,4 bilhões).

Com dívida gigantesca, Deportivo La Coruña vai à falência na Espanha - AMIL CHADE - O Estado de S. Paulo

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