Os resultados do comércio exterior do ano encerrado permitem um teste interessante sobre a sensibilidade, no Brasil, ante uma crise que afetou a grande maioria dos países avançados.
Como se podia imaginar, o Brasil é altamente sensível, nas suas exportações, à queda de atividade nos países avançados aos quais fornece produtos básicos ou semimanufaturados. Com a seca nos EUA, as exportações de commodities concentraram-se em produtos de alimentação (soja e milho), enquanto as matérias-primas destinadas à indústria tiveram forte redução de preços, como o alumínio e o minério de ferro, este acusando uma queda de preço de 24,9%, com grande dependência do mercado chinês, que dita seu preço .
Os produtos semimanufaturados, normalmente destinados a países com indústria ainda incipiente, sofreram também com a queda da atividade mundial: seus preços caíram 8,3%, mais que o das commodities (- 7,4%).
Os bens de maior valor agregado, os manufaturados, perderam no ano passado o mercado norte-americano e sofreram o protecionismo da Argentina, uma praça importante para esses bens. Essas exportações somaram no ano passado US$ 90,7 bilhões. As de automóveis diminuíram 14,8%, dadas as dificuldades enfrentadas na Argentina e no México. São exportações que visam, basicamente, países emergentes ou subdesenvolvidos, uma vez que não se pode considerar o Brasil como uma plataforma para a indústria de veículos, em vista dos salários pagos aqui. É possível que daqui a alguns anos nos possamos contentar em abastecer apenas o nosso próprio mercado. O grande sucesso foi na venda de aviões, com US$ 4,7 bilhões.
As importações brasileiras recuaram 1,4%, menos do que as exportações (-5,3%). E foram dominadas por matérias-primas, com participação de 44,7% do total, que parece indicar que a indústria importa parte importante de componentes, o que permitiu reduzir em 7,8% as de bens de consumo duráveis. Os carros, que têm participação de 4,8% no total das importações, caíram 19,5%. Os bens de capital participam com 21,9% do total das importações.
O Brasil está longe de ser um centro produtivo mundial. É antes de tudo um exportador de commodities, porém sem o poder de fixar os preços dessas exportações, que dependem de Bolsas de Mercadorias no exterior. Além disso, depende essencialmente do vasto mercado da China, que num único ano fez cair as receitas dos minérios de ferro em mais de US$ 1 bilhão.
Fonte: aqui
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