O governo teme que as novas regras para fortalecer os bancos, definidas no acordo internacional de Basileia 3, sejam usadas pelo setor privado como motivo para não acelerar a concessão do crédito em 2013. (...)
As novas recomendações definidas pelo Comitê de Supervisão Bancária de Basileia (Suíça) mudam a forma como o capital principal dos bancos é composto. Elas retiram ativos que, em momento de estresse, podem perder valor ou ter dificuldade de venda.
A ideia é melhorar a qualidade desses recursos, que, em última instância, devem bancar as perdas das instituições, evitando que quebrem. Além disso, há a exigência de criação de reservas especiais para dar suporte aos prejuízos em períodos de crise.
Com as mudanças, os bancos podem alegar que têm menos capital disponível para empréstimos.
A previsão é que a mudança seja implementada de forma gradual, com início neste mês e término em 2019. Para isso, é preciso que o Banco Central defina os valores e o calendário oficial brasileiro.
Uma proposta do BC ficou três meses em audiência pública, mas ainda não há uma decisão de sua diretoria. A equipe econômica está dividida sobre a hora de começar as novas exigências. A decisão dos EUA e de países europeus de adiar a implementação acentuou a preocupação.
ADIAMENTO
Dessa forma, defende-se que o Brasil também adie o cronograma. Nas palavras de um integrante do governo, "não há por que ser mais realista do que o resto do mundo". O BC tem enfatizado que os bancos terão tempo suficiente para se adaptar.
As novas exigências foram apontadas como motivo de preocupação em 2013 por representantes dos bancos, em reunião com o ministro Guido Mantega (Fazenda), na semana passada. O encontro era justamente para tratar da situação do crédito e pedir a colaboração do setor privado.
Para o BC, não haverá problemas para o Brasil, já que as regras do país são mais rígidas que as internacionais. Enquanto, no mundo todo, para cada US$ 100 emprestados, o banco precisa ter R$ 8 de capital próprio, no Brasil a exigência é de US$ 11.
Considera-se que só com retenção de lucro é possível atender às alterações iniciais. Daí a previsão de que o impacto será "neutro" em 2013. Mas a Fazenda teme a sinalização de "aperto" e "maior restrição" que as recomendações de Basileia trazem.
Governo teme que nova regra para bancos trave crédito - 1 de Janeiro de 2013 - Folha de São Paulo - SHEILA D’AMORIM
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