O BVA, que está sob intervenção do Banco Central (BC) há quase dois meses, tem até agora um passivo a descoberto de aproximadamente R$ 1,5 bilhão [1]. O valor total pode ser maior ou menor, porque o processo de levantamento e análise dos números só deve terminar no fim desta semana. Segundo fontes que acompanham o caso, ainda há chance de o BVA não ser liquidado. A decisão final será do BC.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que há dois trabalhos de avaliação correndo paralelamente. Um deles é o do BC, que definiu como interventor do banco o funcionário de carreira Eduardo Félix Bianchini. O outro processo está sendo comandado pelo banco de investimentos BR Partners, contratado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
A estimativa de um passivo próximo de R$ 1,5 bilhão é do BC. Bianchini foi procurado pela reportagem, mas não se pronunciou. O trabalho do FGC ainda não terminou. A expectativa é de que os números das equipes lideradas pelo BR Partners sejam conhecidos até o fim desta semana.
Esses números são fundamentais para saber se o BVA terá ou não salvação. Uma proposta firme pelo banco só poderá ser feita - e avaliada pelo BC, que tem a palavra final no assunto - com os dados detalhados em mãos.
Diferentemente de outros bancos que quebraram no País nos últimos anos (notadamente Panamericano e Cruzeiro do Sul), no BVA, até agora, não foram encontradas fraudes. O passivo a descoberto é fruto, principalmente, de garantias de créditos concedidos pelo banco.
Segundo pessoas que conhecem a instituição, o BVA tinha como característica emprestar para empresas de médio porte e deixar a maior parte do débito para ser liquidada no final do contrato. Como contrapartida, exigia garantias, como imóveis.
Entre os ativos do banco constam pouco mais de R$ 300 milhões em imóveis executados por inadimplência. O problema é que, em muitos casos, a documentação do imóvel está incompleta. Não há, por exemplo, certidão de registro em cartório.
O mesmo ocorre com imóveis que são garantia de empréstimos que ainda estão na carteira. A legislação obriga o BC a fazer provisões para todos esses empréstimos com garantias duvidosas. Por isso, a conta do passivo total está perto de R$ 1,5 bilhão [1].
Se as garantias se revelarem reais, o buraco final será menor. De outro lado, a apuração dos números pelos técnicos poderá revelar passivos que até agora não apareceram e, consequentemente, inviabilizar o banco. (...)
BVA tem buraco de R$1,5 bi até o momento - LEANDRO MODÉ E DAVID FRIEDLANDER - Agencia Estado. Grifo nosso
Novamente a contabilidade aparece. Apesar de não ter fraude, o BVA tinha problemas contábeis.
[1] Uma confusão aqui. Passivo a descoberto é diferente de conta do passivo total.
Jornalistas são engraçados. Escrevem bobagem e depois ficam bravos por não ser mais necessária uma formação em jornalismo para exercer carreira.
ResponderExcluirAcho a afirmação "fulano foi procurado pela reportagem, mas não se pronunciou" uma bobagem. Não acrescenta nada e é claramente uma tentativa exagerada da mídia de exercer algum tipo de influência negativa que prejudique o fulano. Se há investigação, uma pessoa em sã consciência não vai se pronunciar para qualquer um. Além disso, como o fulano foi procurado? qual a seriedade ou formalidade envolvida?
Na reportagem ainda critico o "Segundo pessoas que conhecem a instituição" - que pessoas? Funcionários? Fofoqueiros? Mães de Santo? Ridículo.
Por isso (e por tanto mais) parabenizo o blog. Vocês escrevem coisas interessantes, criticam o que é publicado por jornais de grande circulação, me sinto mais confortável quando leio o que vocês publicam. Não leio mais jornais.