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08 novembro 2012
Gasto Público
Este texto trata do gasto público brasileiro em comparação com 189 países. A autoria é do economista e consultor legislativo do senado Marcos José Mendes:
O presente artigo mostra que, em comparação internacional, o gasto público
brasileiro é elevado.
[...]O consumo final do governo (G) representa os serviços individuais e coletivos
prestados de forma gratuita (ou parcialmente gratuita) pelas três esferas de governo. Ele
é medido pela remuneração dos servidores públicos, mais o consumo final de bens e
serviços pelo governo (por exemplo, o pagamento a um hospital privado que presta
serviços ao SUS, o giz para sala de aula ou os canapés de uma recepção oficial), e pela
depreciação do capital fixo do governo.
É importante observar que esse conceito não inclui as despesas de transferências
(juros, aposentadorias e pensões, seguro-desemprego, bolsa-família). Logo, ficam
afastados dois argumentos usuais: os de que nosso governo gasta muito porque paga
muito juro, ou de que gasta muito porque investe em política social (o “grosso” da
política social, que é a previdência e assistência, está fora da conta de “G”). Veremos
que, mesmo desconsiderando esses itens, o Brasil tem gasto elevado para o padrão
internacional.
Também não estão incluídas as empresas estatais (de economia mista ou 100%
públicas). Somente as empresas dependentes de verbas dos tesouros federal, estadual e
municipal são consideradas.
A variável “G” restringe-se ao gasto corrente, não incluindo o investimento
público. É, portanto, grosso modo, a despesa corrente de manutenção da máquina
pública (salários mais consumo final de bens e serviços).
A medida aqui utilizada é o consumo do governo como proporção da absorção
interna. A absorção interna é a soma de “G” com o consumo das famílias (C) e o
investimento (I). Quanto maior a proporção G/(C+I+G), maior a preferência do país por
consumo do governo em relação às opções de consumo privado ou investimento.
O Brasil fica em 61º lugar, em uma lista de 189 países, com um consumo do
governo equivalendo a 19% da absorção interna; um pouco acima da média (17,9%) e
da mediana (16,2%). A princípio, nada muito fora do padrão.
Porém, quando analisamos quais são os 60 países que estão à nossa frente,
percebemos que há algo de errado com o Brasil.
[..]
Somente dois países, entre os 61 com maior relação G/C+I+G, não se enquadram
em nenhuma das características acima: Brasil e Suécia! E bem sabemos que não somos
nenhuma Suécia, no que diz respeito à qualidade dos serviços públicos. Ademais, a
Suécia vem empreendendo, nos últimos anos, grande esforço para reduzir o tamanho de
seu governo.
A tabela a seguir mostra a situação do Brasil e a de países com os quais
normalmente nos comparamos. Os demais BRICs, que nos superam, estão encaixados em algumas características descritas acima. A diferença do Brasil para a média do grupo
mostrado na tabela é de 4,7 pontos percentuais.
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