Segundo um estudo do instituto [Instituto dc Bancos Públicos, organismo internacional que estuda o setor], a participação dos bancos públicos é inversamente proporcional à maturidade de um sistema financeiro. Quando os bancos oficiais se sobressaem, o dinheiro da poupança nacional migra não necessariamente para os melhores projetos, mas para aqueles que o governo escolhe. No caso da Caixa, a interferência política é visível. A maior parte da cúpula é formada por profissionais colocados no cargo por indicação política — como o ex-deputado federal Geddel Vieira Lima, do PMDB, nomeado vice-presidente de empresas em 2011.
(...) Não foram poucos os bancos públicos que passaram por problemas financeiros por emprestar demais, aqui e no exterior. Em 2008, o Tesouro americano gastou cerca de 300 bilhões de dólares para resgatar as companhias hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac — que, viu-se depois, concediam financiamento imobiliário fazendo uma análise rasteirado histórico dos clientes. No Brasil, 32 bancos públicos, estaduais e federais, passaram por dificuldades na década de 90 e tiveram de ser socorridos pelo governo, a um custo estimado de 90 bilhões de reais. A própria Caixa e o BB viveram apuros. Eles só limparam seus balanços em 2001, depois de transferir carteiras de crédito de inadimplentes para uma empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda. Ninguém em sã consciência pode ter saudade disso. (...)
Caixa de Pandora - 4 de Novembro de 2012 - Revista Exame - MARIA LUÍZA FILGUEIRAS
Nenhum comentário:
Postar um comentário