A forte expansão das universidades privadas brasileiras tem beneficiado empresas e alunos, avalia a revista The Economist.
O semanário publicou uma reportagem segundo a qual “as universidades no Brasil há muito tempo têm sido para poucos privilegiados”, mas nos últimos anos “o explosivo crescimento de instituições de ensino superior privadas e com fins lucrativos está, afinal, ampliando (o acesso a) a educação superior” no País.
Um gráfico publicado na revista mostra que em 2010 houve 400 mil matrículas em universidades públicas, o dobro do registrado em 1997. Nas particulares, no entanto, o número mais que triplicou, passando de 400 mil em 1997 para 1,2 milhão em 2010 . Vale ressalvar que esse dado das universidades privadas inclui também as que não têm fins lucrativos, como fundações e católicas.
A reportagem considera que os grupos Anhaguera, Estácio de Sá e Kroton estão “bem capitalizados” e diz que “a formação em uma das melhores (universidades privadas) por dobrar o salário inicial de um jovem”.
Mas a revista reconhece que “nenhuma das faculdades com fins lucrativos tem o prestígio nem os recursos das melhores universidades públicas, como a USP, a estrela solitária da América Latina nos rankings internacionais” (o instituto QS a coloca em 139º lugar no ranking mundial).
Na opinião da Economist, o governo “reconhece” que o setor público não tem dinheiro para expandir sua rede de ensino superior na mesma velocidade que o privado. Um sinal disso é que oferece redução tributária para as faculdades que dão bolsa parcial ou integral para alunos pobres, atingindo 1 milhão de estudantes desde 2005.
A revista comentou as políticas de cotas em universidades. “O governo está buscando um caminho diferente de justiça social: cotas de admissão”. Para a Economist, o fato de que na Universidade de Brasília os alunos cotistas, que são 20%, não tiveram desempenho inferior aos demais não garante que uma ampliação do sistema (como as cotas de 50% nas Universidades Federais, sancionadas no mês passado pela presidente Dilma Rousseff) vá funcionar.
Sobre cotas, a reportagem publica o comentário de um especialista da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) Andreas Schleicher. Na opinião dele, essa política levará a 59 universidades federais alunos “menos preparados, que podem ter dificuldade”.
Schleicher coordenou um estudo segundo segundo o qual o Brasil é um dos países que mais investem verbas públicas em educação, mas ao mesmo tempo apontou que a relação de recursos por aluno, a precariedade do ensino superior e da pesquisa e a qualidade duvidosa evidenciam o atraso do País.
A reportagem observa, ainda, que um programa da Unicamp que oferece cursos a estudantes pobres por dois anos, com possibilidade de incluir na graduação os que se saírem bem, mobiliza uma grande quantidade de pessoas (assistentes sociais, professores assistentes, outros estudantes, profissionais de saúde) e ainda assim alguns alunos não conseguem acompanhar os demais.
O artigo termina com a conclusão óbvia de que para democratizar o acesso à educação superior seria necessário melhorar o ensino básico e o médio. Só não diz como.
Fonte: Radar Econômico
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