As pesquisas são realizadas num pequeno grupo da população,
que os estatísticos denominam de amostra. Para escolher a amostra devem-se
conhecer todas as características dos eleitores que possam influenciar no seu
voto: gênero, idade, raça, classe social etc. O problema é o “etc”: qualquer
variável que possa ser importante no processo de escolha deveria estar
proporcionalmente representado na amostra.
Um dos problemas que o estatístico enfrenta é saber estas
variáveis. E eles não sabem ou só desconfiam que saibam depois das eleições. Se
eu escolho um candidato por ele ter sido um jogador de futebol do meu time, a
preferência futebolística passa ser um fator relevante. Mas como é impossível
considerar todos os fatores que afetam o voto no processo eleitoral, os
institutos de pesquisa consideram aqueles aspectos que eles acham que são os
mais relevantes ou mais fáceis de serem identificados.
Ainda dentro do processo que antecede a pesquisa, os
institutos de pesquisa precisam saber como é a população em termos dos fatores
relevantes para o voto: se metade da população é composta por mulheres, metade
da minha amostra também deve ser de mulheres. Isto parece óbvio, mas aqui
também temos mais uma chance de erro: muitas vezes não conhecemos as
características da população, seja por que meus dados estão defasados ou por
erro no censo.
O processo de coleta também apresenta potencial de erros
estatísticos: os entrevistadores devem ser de confiança; a seleção dos
entrevistados deveria ser aleatória; e a resposta idealmente honesta e próxima
do voto que será depositado nas urnas. Tudo isto contribui para que a chance de
problema na pesquisa seja razoavelmente grande.
Após a tabulação dos dados – que também está sujeita a erros
– o resultado apresentado com uma margem de erro. Geralmente esta margem de
erro é próxima de 3%, indicando que a percentagem de intenção de votos obtida
por um candidato estaria num intervalo de mais ou menos 3% do valor divulgado
pelo instituto de pesquisa.
O grande problema da margem de erro é que devemos
acredita que o instituto de pesquisa tenha
levado em consideração todos os fatores
relevantes que definem o voto do eleitor. Se for deixada de lado uma variável
relevante, religião, por exemplo, isto pode afetar o resultado da pesquisa e a
margem de erro.
Finalmente, e não menos importante, é necessário acreditar
que o instituto de pesquisa seja sério e não esteja recebendo nenhum dinheiro
de qualquer candidato para fazer a pesquisa.
Para ler mais: As falácias matemáticas nas pesquisas de
opinião in SEIFE, Charles. Os números (não) mentem. Zahar, 2012.
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