Ainda sobre o prejuízo da Petrobrás veja a seguinte notícia:
Os poços secos, assim chamados quando não há petróleo, foram a grande surpresa do decepcionante resultado do segundo trimestre da Petrobrás. Investimentos perdidos [1] com a perfuração malsucedida somaram R$ 2,7 bilhões e contribuíram para anular parte das vendas da empresa e levar ao prejuízo de R$ 1,3 bilhão sofrido pela companhia no trimestre.
A presidente Graça Foster e o diretor de Exploração e Produção, José Miranda Formigli, classificaram o impacto negativo de atípico [2]. Formigli atribuiu a uma coincidência [3] o número tão alto de baixas e assegurou que os resultados dos próximos trimestres virão melhores. "Tivemos uma concentração atípica e não consideramos que no quarto trimestre tenhamos um número maior, pelo contrário", afirmou o diretor.
Analistas passaram boa parte da teleconferência com a diretoria da companhia tentando entender por que a empresa deu baixa no balanço, neste trimestre, em 41 poços que vinham sendo explorados desde 2009.
Esqueletos. Para alguns, Graça decidiu retirar do armário um esqueleto da gestão José Sergio Gabrielli [4]. Procurado pela reportagem, o ex-presidente da Petrobrás informou por meio de sua assessoria que não comentaria a questão.
Apesar do prejuízo, analistas entenderam que o insucesso exploratório não deve se repetir na mesma intensidade nos próximos trimestres [5], e deram um voto de confiança para a administração. "Estamos convencidos de que a diretoria está totalmente empenhada em conseguir avançar com as mudanças necessárias para restaurar a rentabilidade", disseram Frank McGann e Conrado Vegner em relatório do Bank of America Merrill Lynch.
Alto risco. A atividade exploratória é de alto risco e mesmo com estudos sísmicos e geológicos há boas chances de centenas de milhões de reais serem perdidos em vão. Cinco dos poços lançados no balanço custaram R$ 300 milhões cada, sem apresentar nenhum resultado.
Dos 41 poços, 21 estavam secos e outros apresentaram exploração inviável por diferentes motivos. Dois deles ficam na área do pré-sal, que há três anos ostentava um impressionante índice de sucesso de 100%. [6]
Ou seja, os tempos em que se encontrava petróleo em qualquer perfuração do pré-sal ficaram para trás. [7]
Formigli e Graça repetiram por vezes terem seguido todas as regras regulatórias da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e contábeis para o lançamento dos poços. [8]
O diretor explicou que quatro dos poços perfurados precisavam ser lançados imediatamente no balanço [9], de acordo com as regras. Em outros casos, a companhia pode administrar o lançamento no balanço com alguma flexibilidade e o fará nos próximos trimestres de forma a minimizar impactos no balanço.
"Planejar o insucesso se faz tão importante quanto planejar o sucesso na área de fronteira", disse Graça Foster. [10]
Estatal perdeu R$ 2,7 bi com poços secos - Sérgio Torres e Sabrina Valle - Estado de S Paulo - 7 de Agosto de 2012
[1] Este termo não é bom. Faz parte da atividade de exploração de petróleo ter insucesso em alguns poços. Talvez o melhor fosse "custo perdido"
[2] Não é atípico. O problema foi o lançamento de muitos insucessos de uma só vez.
[3] Não é uma coincidência. Os poços já estavam secos e a empresa sabia disto. Só decidiu lançar agora a baixa contábil.
[4] Fica claro que o lançamento da baixa já deveria ter sido feito na gestão anterior, que era muito mais política do que a atual. O desejo político do antigo presidente escondeu a baixa contábil.
[5] Isto confirma que a baixa é resultado de valores que já deveriam ser lançados anteriormente.
[6] Novamente isto mostra que a baixa indica que os resultados anteriores estavam superestimados.
[7] O texto foi infeliz: o índice de 100% só "ocorria" na contabilidade manipulada da empresa. Isto seria uma fraude contábil?
[8] Você acredita nisto?
[9] O termo "balanço" está inadequado. Os poços já estavam no balanço; agora, com a baixa, foram para a DRE.
[10] Fraude contábil, com atraso na baixa contábil, agora significa "planejar o insucesso".
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