Já comentamos no blog a denominada "maldição dos recursos naturais" (por exemplo, aqui, aqui, aqui e aqui). A presença de riqueza, como petróleo e minério de ferro, não é garantia de desenvolvimento. Pelo contrário, a riqueza "fácil" desestimula os agentes a buscarem mais educação e trabalho, que possam garantir um bem estar social no longo prazo. Eis um exemplo típico disto:
O município de Coari [na Amazônia], onde fica a maior base de produção da Petrobras, também se vale dos royalties e tributos oriundos do petróleo. Por isso, tem o segundo maior PIB per capita do Amazonas. Só fica atrás de Manaus. Ali, no meio do nada, alcança R$ 16,4 mil, quase o triplo da renda por habitante das cidades vizinhas de Tefé e Carauari.
O problema é que a irradiação da riqueza funciona bem no papel. Na vida real, Coari parece nunca ter visto a cor de uma gota do ouro negro. A cidade é uma fonte tão profícua de hidrocarbonetos como de escândalos. No fim de 2011, a frota de 46 veículos da administração local foi apreendida judicialmente por falta de pagamento. Os salários do funcionalismo, a maior fonte de empregos do município, atrasam até quatro meses. Essa disparidade entre o potencial dos royalties e seus efeitos práticos na vida das populações não é privilégio do município amazonense. É comum nas cidades fluminenses sob a influência da bacia de Campos. Estudado por cientistas, o fenômeno foi batizado de paradoxo da abundância.
A floresta e o petróleo - 26 de Junho de 2012 - Época Negócios - CARLOS RYDLEWSKI
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário