A SEC, entidade que regula o mercado acionário dos
Estados Unidos, soltou na última sexta-feira um relatório de sua assessoria
sobre a convergência internacional. Sob a denominação de Work Plan
for the Consideration of IncorporatingInternational Financial Reporting
Standards intothe Financial Reporting System for U.S. Issuers este relatório era bastante aguardado pelo
mercado (veja aqui a
cópia do relatório).
Como é sabido, as normas internacionais de contabilidade, elaboradas e
aprovadas pelo Iasb, são aceitas, totalmente ou parcialmente, em dezenas de
países. Entretanto, em alguns países a adoção precisa avançar mais. A maior
economia do planeta, os Estados Unidos, permite que empresas estrangeiras
possam usar as normas internacionais, denominadas IFRS. Mas as empresas locais
não podem usar estas normas: é obrigatório o uso das normas dos Estados Unidos,
elaboradas pelo Fasb.
Em razão disto, a adoção das normas internacionais por empresas dos
Estados Unidos tem sido aguardada com ansiedade. O relatório, divulgado na
sexta, é uma das etapas neste processo. O relatório serve de base para
discussão, muito embora não signifique que exista uma decisão de incorporar as
normas internacionais, conforme destaca a nota introdutória do relatório.
Pelo contrário. As notícias não são boas para os defensores da IFRS.
Segundo Sean Lager, um especialista consultado pelo Journal of Accountancy , a decisão da SEC
não será tomada em 2012. Entretanto, existe uma grande pressão para que as
empresas abertas sejam obrigadas a usar as normas internacionais.
Para o Iasb, a adoção das normas pelos Estados
Unidos é crucial. Conforme comentou o seu ex-presidente, Sir David Tweedie, a
demora pode atrapalhar os esforços realizados até o momento em torno da
convergência internacional. Isto poderia gerar “variações regionais” da IFRS.
Um estudo da SEC, de 2011, mostrou que as
demonstrações contábeis com as normas internacionais possuem muitas
divergências, o que contraria seu objetivo de promover comparabilidade. Além
disto, existe sempre a preocupação com o custo da adoção das normas
internacionais. Isto pode ter influenciado bastante a mudança de rumo, em
relação ao otimismo de quatro anos atrás, sobre a
convergência.
A indefinição dos Estados Unidos quanto a adoção
das normas pode reduzir sua influência sobre as normas internacionais. Dois
membros dos Estados Unidos, que participam do Iasb, terão seu mandato
finalizado em 2012, com a possibilidade de outros países indicarem os
substitutos, conforme ameaçou David Tweedie recentemente.
Mas Dena Aubin, da Reuters, lembra que o relatório indica que existe
pouco apoio para adoção em grande escala das normas internacionais, tanto das
empresas quanto dos investidores. Apesar do relatório não ter nenhuma
recomendação, a listagem de desvantagens da IFRS é grande. Conforme lembra
Aubin, o texto não trouxe surpresas. Já se sabia que a SEC será muito
conservadora na adoção das normas e que não se sente confortável com a
convergência. Entretanto, como se trata de um relatório do staff, os
comissários da SEC podem tomar uma decisão diferente. Neste caso, os
comissários estariam, de certa forma, ignorando o relatório. De qualquer forma,
o relatório defende um papel ativo para o FASB.
É interessante notar que o relatório saiu depois que o contador chefe da
SEC, James Kroeker, deixou a entidade. Kroeker era, pretensamente, um defensor
das normas internacionais. Floyd Norris, do New York Times, destaca que o relatório
foi preparado durante a gestão de Kroeker.
Outro aspecto importante é que o relatório, de 127
páginas, não se preocupa com estabelecer prazos. Apesar de destacar a qualidade
das normas internacionais, o texto informa que existem áreas subdesenvolvidas,
que inclui seguros e setores regulados. Com respeito a questão do financiamento:
apesar de ser adotado em mais de 100 países, a fundação IFRS é financiada por
menos de 30 países. (Na América do Sul somente o Brasil participa deste esforço
financeiro).
Em resumo, o relatório representa uma ducha de água fria para a adoção
das normas internacionais nos Estados Unidos.
Resposta do IASB: http://www.ifrs.org/Alerts/Governance/ResponseUSSECstaffreport.htm
ResponderExcluirEspero que que não aceite. É um absurdo o que o IFRS querem fazer com a Contabilidade. Não estão nem aí para a parte científica , "preocupam-se" sem respaldo técnico algum, e criar meios para tornar o mundo dos negócios mais atrativos e sabemos qual éo custo disso. A adoção pelo Brasil das ditas normas internacionais chega a ser criminosa. Mas ainda foi o CFC querer imputá-la às demais empresas que, do ponto de vista legal, não estão obrigadas. Apesar de haver lei que confira ao CFC poder de editar normas de contabilidade, não podemos esquecer que normas não são leis e as empresas em 98% dos casos devem seguir ao CC 2002 e não a um órgão alienígina como o IASB.
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