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05 junho 2012

Cruzeiro do Sul


Fato: O Banco Central decretou intervenção no Banco Cruzeiro do Sul. O Fundo Garantidor de Crédito, na figura de um dos seus diretores,  foi designado como administrador temporário da instituição. Parece que o FGC não pretende devolver o banco para os controladores, mas vendê-lo após o saneamento. No comunicado do Banco Central alega-se “insubsistência em itens do ativo”, avaliadas em até 1,3 bilhão de reais.

Primeiras providências: A Price foi contratada para “avaliar os números do banco”.  Esta Due Diligence deverá demorar dois meses. As ações foram suspensas na bolsa de valores. A renegociação das ações poderá demorar até três meses.

Histórico: o banco foi fundado (ou comprado) em 1993 e atualmente é comandado pelo filho, Luis Otávio. Este, por sua vez, é presença constante nas colunas sociais. A família foi afastada da direção do banco.

Na última informação contábil o banco apresentou um prejuízo. A liquidez no passado foi garantida com a venda de títulos nos mercados mundiais, mas a crise financeira reduziu esta possibilidade.

O banco possui poucas agências e teve seu rating rebaixado em março pela Moody´s. Por ser um banco pequenos, alguns analistas acreditam que a influencia será reduzida.

E a contabilidade? – Em geral quando existe a intervenção numa instituição financeira há grande probabilidade de fraude contábil. Até o momento não se sabe da existência de problemas na contabilidade do banco Cruzeiro do Sul, mas a Polícia Federal já está investigando o assunto. O FGC levantará um balanço especial para mostrar a situação atual da instituição.
Mas algumas informações já comentam sobre uma fraudeparecida com a do Panamericano, que produziu um patrimônio líquido negativo de 150 milhões.

Nos últimos meses a instituição já era notícia, com problemas nos pareceres dos auditores, acusações de desvios e investigações, problemas com a massa falida do BancoSantos, republicação de balanços. Com respeito a questão contábil da instituição, a notícia mais detalhada é esta:

Em prática que alguns concorrentes apelidaram de "contabilidade criativa", o Cruzeiro tem por costume manter as operações de crédito que gera em fundos de direitos creditórios que são detidos pela instituição. Quase 100% dos R$ 8 bilhões de ativos de crédito que o banco possui hoje estão em fundos. É justamente sobre isso que as autoridades começaram a se debruçar para entender melhor as operações tão incomuns no mercado.
Dentro desse fundos, o Banco Central chegou a detectar que as provisões para créditos duvidosos não vinham sendo feitas de forma tão rigorosa quanto deveriam caso estivessem diretamente dentro do banco. Em meio a isso, o Banco Central começou a cobrar de diversos bancos no ano passado um provisionamento mais minucioso dos bancos, incluindo o Cruzeiro do Sul.
Somado a isso, o banco dos Indio da Costa ainda enfrentou no ano passado um cenário bastante difícil para as captações de recursos no exterior, que representam 25% do seu "funding", com R$ 2,89 bilhões.
Outra importante fonte de recursos, a emissão de Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE), teve suas regras alteradas pelo governo no ano passado, o que apertou essa opção de "funding". A emissão desse tipo de título tem de ser reduzida até ser extinta em 2016. O Cruzeiro vendeu a investidores R$ 2,28 bilhões dessa modalidade de papel.
Para agravar sua situação financeira, a partir deste ano, o Banco Central impediu que os bancos reconhecessem de uma só vez o resultado da venda de carteiras de créditos em que o banco desse a garantia das operações. Agora, o lucro dessas transações tem de ser reconhecido ao longo da vida da própria carteira, incorporando as perdas que o banco terá com inadimplência e pagamentos antecipados.

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