Fato: O Banco Central decretou intervenção no Banco Cruzeiro
do Sul. O Fundo Garantidor de Crédito,
na figura de um dos seus diretores,
foi designado como administrador
temporário da instituição. Parece que o FGC não pretende devolver
o banco para os controladores, mas vendê-lo após o saneamento.
No comunicado do Banco Central alega-se “insubsistência em itens do ativo”,
avaliadas em até 1,3 bilhão de reais.
Primeiras providências: A Price foi contratada para “avaliar
os números do banco”.
Esta Due Diligence deverá demorar dois meses.
As ações foram suspensas na bolsa de valores.
A renegociação das ações poderá demorar até três meses.
Histórico: o banco foi fundado (ou comprado) em 1993 e atualmente é comandado pelo filho, Luis Otávio. Este, por sua vez, é presença
constante nas colunas sociais.
A família foi afastada da direção do banco.
Na última informação contábil o banco apresentou um prejuízo.
A liquidez no passado foi garantida com a venda de títulos nos mercados
mundiais, mas a crise financeira reduziu esta possibilidade.
O banco possui poucas agências e teve seu rating rebaixado
em março pela Moody´s.
Por ser um banco pequenos, alguns analistas acreditam que a influencia será
reduzida.
E a contabilidade? – Em geral quando existe a intervenção
numa instituição financeira há grande probabilidade de fraude contábil. Até o
momento não se sabe da existência de problemas na contabilidade do banco Cruzeiro
do Sul, mas a Polícia Federal já está investigando o assunto.
O FGC levantará um balanço especial para mostrar a situação atual da
instituição.
Mas algumas informações já comentam sobre uma fraudeparecida com a do Panamericano,
que produziu um patrimônio líquido negativo de 150 milhões.
Nos últimos meses a instituição já era notícia, com
problemas nos pareceres dos auditores,
acusações de desvios e investigações, problemas com a massa falida do BancoSantos,
republicação de balanços. Com respeito a questão contábil da instituição, a
notícia mais detalhada é esta:
Em
prática que alguns concorrentes apelidaram de "contabilidade
criativa", o Cruzeiro tem por costume manter as operações de crédito que
gera em fundos de direitos creditórios que são detidos pela instituição. Quase
100% dos R$ 8 bilhões de ativos de crédito que o banco possui hoje estão em
fundos. É justamente sobre isso que as autoridades começaram a se debruçar para
entender melhor as operações tão incomuns no mercado.
Dentro desse fundos, o Banco Central chegou a detectar que as
provisões para créditos duvidosos não vinham sendo feitas de forma tão rigorosa
quanto deveriam caso estivessem diretamente dentro do banco. Em meio a isso, o
Banco Central começou a cobrar de diversos bancos no ano passado um
provisionamento mais minucioso dos bancos, incluindo o Cruzeiro do Sul.
Somado a isso, o banco dos Indio da Costa ainda enfrentou no ano
passado um cenário bastante difícil para as captações de recursos no exterior,
que representam 25% do seu "funding", com R$ 2,89 bilhões.
Outra importante fonte de recursos, a emissão de Depósito a
Prazo com Garantia Especial (DPGE), teve suas regras alteradas pelo governo no
ano passado, o que apertou essa opção de "funding". A emissão desse
tipo de título tem de ser reduzida até ser extinta em 2016. O Cruzeiro vendeu a
investidores R$ 2,28 bilhões dessa modalidade de papel.
Para agravar sua situação financeira, a partir deste ano, o
Banco Central impediu que os bancos reconhecessem de uma só vez o resultado da
venda de carteiras de créditos em que o banco desse a garantia das operações.
Agora, o lucro dessas transações tem de ser reconhecido ao longo da vida da própria
carteira, incorporando as perdas que o banco terá com inadimplência e
pagamentos antecipados.
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