Definição – O fluxo de caixa livre corresponde a movimentação do caixa com as atividades operacionais mais o fluxo decorrente dos investimentos de capital realizados.
Fórmula – Fluxo de Caixa Livre = Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais – Gastos com manutenção de capital
Sendo
Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais – refere-se ao fluxo das operações, conforme obtido na demonstração dos fluxos de caixa. Não devem ser consideradas neste item as despesas financeiras, que em algumas DFCs é parte do fluxo operacional.
Gastos com Manutenção de Capital – corresponde ao caixa usado para aquisição de imobilizado da empresa. Para as empresas que obtiveram receita com venda de imobilizado este valor deve ser retirado.
Unidade de Medida – O Fluxo de Caixa Livre está expresso em reais.
Intervalo da medida – Pode variar bastante, já que a unidade de medida é um número absoluto. Em geral o fluxo das atividade operacionais tende a ser positivo. Já os gastos com manutenção de capital geralmente são negativos. Quando o valor é negativo, considerando que a primeira parcela positiva, isto indicaria que a empresa está investimento dinheiro em imobilizados que precisam ser financiados por capital de terceiros ou pelos acionistas. Quando o fluxo de caixa livre é positivo isto significa que o caixa gerado nas operações é suficiente para financiar os investimentos de capital, sobrando dinheiro que será usado para remunerar o capital de terceiros e o capital próprio.
Como calcular – Algumas empresas calculam o fluxo de caixa livre. Entretanto, como não existe uma padronização, os métodos de cálculo podem variar muito. Os valores podem ser obtidos na DFC.
Considere a empresa Fibria e o seguinte extrato da DFC.
A última coluna corresponde a informação de 2010 e a penúltima de 2011, em milhões de reais. O fluxo operacional de 2011 foi de 1348 milhões de reais, mas está incluso juros pagos no financiamento, de 582.
Precisamos eliminar isto do fluxo operacional. Logo após, nas atividades de investimento, existem duas linhas: aquisição de imobilizado e receita na venda de imobilizado. Estas duas linhas correspondem ao gasto com capital. Assim o fluxo de caixa livre é dado por:
Fluxo de Caixa Livre de 2011 = (1348 + 582) – (1240 – 82) = 772 milhões de reais
Podemos fazer o mesmo cálculo para 2010:
Fluxo de Caixa Livre de 2010 = (1696 + 722) – (1066 – 20) = 1372 milhões de reais
Observe que a empresa reduziu o fluxo de caixa livre em 600 milhões de reais em razão da redução da geração de caixa das operações. Anualmente a empresa gasta em capital mais de 1 bilhão de reais.
Uma forma mais preguiçosa de calcular o fluxo de caixa livre é somar o fluxo das operações com o fluxo de investimento. No caso da Fribia isto representaria um Fluxo de Caixa Livre de 620 milhões e -122 milhões em 2011 e 2010, respectivamente.
Conforme afirmado anteriormente, algumas empresas calculam e apresentam esta informação. É o caso da Fibria. Entretanto seu cálculo parte do Ebitda ajustado, considera as despesas financeiras, o pagamento de dividendos e impostos. O valor obtido pela empresa está na figura a seguir
Esta forma de cálculo não é adequada e não reflete o fluxo de caixa livre.
Grau de utilidade – Moderada. O fluxo de caixa livre é um índice importante no longo prazo. Entretanto, em empresas com investimentos cíclicos, a medida pode gerar distorção. A rigor o melhor seria a projeção desta medida, pois representaria o fluxo de caixa previsto antes da distribuição do resultado da empresa.
Controvérsia de Medida – Muita. Observe no exemplo usado que a forma de cálculo da empresa é bastante divergente daquela que propomos.
Observações Adicionais
a) No longo prazo o fluxo de caixa livre deve ser positivo. Situações de valores negativos persistentes indicariam que a empresa não consegue gerar dinheiro para pagar seus financiadores;
b) Em alguns setores, os investimentos de capital são cíclicos. Isto faz com que períodos longos de fluxo de caixa livre positivo sejam acompanhados de períodos onde o fluxo pode ser negativo em razão do elevado volume de investimento. Nestes períodos a empresa geralmente evita pagar dividendos.
c) O fluxo de caixa livre pode ser usado comparando com as vendas anuais do período. Isto poderia facilitar a análise comparativa entre empresas de diferentes portes.
d) A rigor o gasto com manutenção de capital deveria ser estimado pelo analista, considerando todos os investimentos necessários para a empresa se manter no mercado.
e) Quando a empresa tem dificuldades de gerar caixa das operações existe uma tendência a reduzir o volume de investimento. Apesar disto permitir que o fluxo de caixa livre seja positivo num determinado exercício social, esta opção pode comprometer a participação da empresa no mercado.
Excelente material!
ResponderExcluirParabéns pelo conteúdo e organização do artigo!!!!
ResponderExcluirEsse Fluxo de caixa Livre é para Firma ou Para o Acionista ? Esse Fluxo como proxy para fazer o Valuation com a respectiva taxa de desconto aproprida Ke ou WACC ?
ResponderExcluirÉ da firma. Assim a taxa de desconto seria o WACC. Lembrando que a abordagem aqui é do passado, enquanto a avaliação de empresas diz respeito ao futuro.
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